Capítulo 27

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                                 TAEHYUNG

Eu não tinha ideia do que diria se Jimin perguntasse na lata.

Nós o encontramos em um restaurante, lugarzinho italiano a poucos quarteirões do escritório, ao qual eu nunca tinha ido antes. Claramente, Jungkook já estivera lá. 

O gerente, Benito, o cumprimentou pelo nome e nos mostrou a “mesa romântica especial do Jungkook”. Ficava nos fundos, em um canto escuro, ladeada por uma grande lareira de tijolos rústicos.

Jungkook puxou a cadeira para mim.

— Percebi que você já esteve aqui antes.

Ele se sentou enquanto o garçom arrumava um terceiro lugar. Chegamos um pouco mais cedo que o Jimin.

— Jimin adora esse lugar. Com certeza, Benito acha que somos um casal. Ele gosta de se sentar junto à lareira.

Fiquei quieto, e com certeza a dúvida transpareceu em meu rosto.

Jungkook se encostou na cadeira.

— Ele é meu amigo. E não há muito o que ele possa fazer se não gostar disso, de qualquer maneira.

Fiz uma careta.

— É muito fácil para você.

Ele se inclinou.

— É isso que você acha?

— Você é o chefe. Ninguém vai olhá-lo de forma diferente, nem pensar que suas ideias foram aceitas por causa de quem dormiu com você.

— Certo. Posso entender isso. Então, se você decidir manter as coisas entre nós em segredo, eu aceito. — Jungkook se aproximou. — Mas não pense que isso é fácil para mim. Você é a primeira pessoa que significa algo mais que uma t... — Ele parou de dizer o que estava prestes a colocar para fora. — Mais que um relacionamento casual. Em sete anos. E estamos sentados em um restaurante, prestes a jantar com o melhor amigo de minha ex-noiva, que também é vice-presidente de recursos humanos da empresa de que sou dono. Uma empresa em que eu o incentivei a escrever políticas que quero violar a cada droga de vez que vejo você, como não transar no escritório.

Jungkook desviou o olhar. Eu o encarei. Nunca me ocorreu quão difícil seria para ele confessar tudo para Jimin. Para mim, erros estúpidos do passado formavam meus medos. Para ele, era muito mais. Ele simplesmente fez tudo parecer tão fácil. Nossa, às vezes eu era um idiota egoísta.

Antes de me desculpar e desanuviar o clima entre nós, Jimin estava na mesa. Jungkook ficou de pé, até ele se sentar.

— Prazer em vê-lo, Taehyung. — Seu rosto era amigável e caloroso quando ele me cumprimentou.

— O prazer é meu.

O garçom rapidamente apareceu para tirar os pedidos de bebida. Jimin olhou para a carta de vinhos e fez algumas perguntas. Olhei para Jungkook e fui pego em seu olhar perturbado. Ele parecia ferido, irritado e chateado. E eu odiava que tivesse feito ele se sentir desse jeito.

Nossos olhos ficaram presos um ao outro quando Jimin terminou de falar com o garçom, então ele olhou para nós.

— Então, o que há entre vocês dois?

Tomando uma decisão, estendi a mão para o Jimin.

— Nada demais, além do fato do Jungkook e eu estarmos juntos.

Jimin recebeu a novidade de um modo melhor do que eu esperava, e uma vez que o jantar terminou, Jungkook e eu decidimos ir para minha casa. Quando chegamos, fiquei surpreso ao encontrar o novo sistema de alarme instalado.

Aparentemente, enquanto eu estava ocupado agindo como um rancoroso e trabalhando no escritório metade do dia, Jungkook estava lá, instalando um sistema de segurança, porque queria fazer algo para diminuir meus medos. Minhas desculpas mais cedo naquele dia não seriam suficientes para fazer as pazes com ele.

Fui lavar o rosto e encontrei Jungkook sentado na cama, com as costas contra a cabeceira. Ajoelhando na cama, engatinhei até ele, e dei um beijo em seus lábios. Quando me mexi para me afastar, ele me deteve, segurando o meu rosto.

Olhando diretamente em meus olhos, ele disse:

— Obrigado.

Sabia o que ele queria dizer, mas fiz que não.

— Eu nem te dei nada para agradecer. Ainda.

Ele sorriu, mas continuou com um tom sério:

— Fico feliz que você tenha contado ao Jimin.

— Pois é. Percebi que não era para ele que eu estava com medo de contar.

— Não?

Balancei a cabeça.

— Depois dos erros idiotas que cometi no passado, é claro que a ideia de um relacionamento com alguém no trabalho me assusta. Mas acho que o que realmente me deu medo foi sentir algo forte o suficiente para estar disposto a assumir um risco proposital. — Sorri. — Tendo a ser avesso ao risco, caso você não tenha notado.

Ele tentou esconder o sorriso.

— Não tinha notado.

— Obrigado novamente pelo alarme. Foi muito gentil. — Eu o beijei outra vez. Inclinando a testa contra a dele, sussurrei: — Estamos realmente fazendo isso, né? Namoro meu antigo caso do colegial, que também é meu primo de segundo grau e meu chefe?

Ele empurrou uma mecha de cabelo para trás de minha orelha.

— Isso é bastante coisa. E se eu chamasse você de meu homem?

— Seu homem, hein?

Seu olhar percorreu meu rosto.

— Sim. Nós dois lutamos por diferentes motivos. Mas você foi meu desde que o vi no corredor escuro do restaurante.

— Você quer dizer quando me chamou de esnobe? Não acho que foi assim que me ganhou. Foi um pouco depois, eu diria.

— Talvez para você. Mas fiquei louco desde o primeiro minuto em que coloquei os olhos em você. Queria saber o que o fazia vibrar.

Levantei a cabeça.

— E você descobriu? O que me faz vibrar?

Ele me virou de costas e se juntou a mim. Sua mão percorreu minha lateral, fazendo com que eu me arrepiasse.

— Estou descobrindo. Talvez devêssemos jogar aquele joguinho que você me apresentou uma vez.

— Que jogo?

— Ser visto se masturbando ou ver alguém se masturbar?

— Ah... estamos jogando O que você prefere?

Jungkook respondeu esfregando o nariz ao longo de meu pescoço.

— Estamos falando de eu ver você se masturbando... ou outra pessoa? — Ele endureceu e se inclinou para trás para olhar para mim.

— Calma. Eu estava brincando. — Dei um selinho em seus lábios. — Ver você. Acho que gostei disso.

Seu rosto relaxou um pouco. Então, continuei o jogo com uma pergunta de verdade. Arranhando as costas dele, perguntei:

— Memorando de escritório ou demonstração pública de afeto?

A resposta foi rápida.

— Demonstração pública de afeto.

— Que tipo?

Ele deslizou os lábios docemente nos meus.

— Assim.

— Hummm, mostre de novo.

— Esse está se tornando meu jogo favorito.

— O meu também.

Eu poderia passar o dia todo nisso, mas havia algo mais urgente a fazer.

Quando o beijo terminou, perguntei:

— Dar ou receber primeiro?

Ele sorriu, mas não teve chance de responder. Em vez disso, abaixei minha cabeça em seu corpo.

Receber.

O ChefãoOnde histórias criam vida. Descubra agora