Cap. 39: Inferno

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INFERNO, do latim infērnum,i 'as profundezas da Terra'. Que no seu sentido figurado significa extremo sofrimento infligido por certas circunstâncias, sentimentos ou pessoa(s); martírio, tormento.

Um psicopata, serial killer ou um doente mental psicótico? Não havia forma de definir Antônio San Marino, apenas se sabia que ele era cruel e que não mediria consequências para obter o que queria. E ele queria Janete.

°°°

Janete andou por algum tempo, realmente aquele era o lugar mais remoto que ela já havia estado no Rio de Janerio. A estrada de terra era ladeada de ambos os lados por mata fechada e árvores com copas altas e robustas, havia um bocado de lama pelo caminho devido a forte chuva que havia caído. Nuvens escuras ainda cobriam o céu indicando que a chuva apenas dera uma trégua e logo voltaria a cair forte. A dançarina apenas caminhava, seus pensamentos conflitantes lhe tiravam a sensatez. Precisava salvar Judite e Eva, mas ao mesmo tempo o instinto de sobrevivência lhe fazia vacilar cada passo que dava na direção do desconhecido.

Não foi preciso caminhar muito e logo ela avistou a mansão de San Marino.

Seus pés por um instante se tornaram mais pesados e ela travou olhando a casa de tons escuros no meio de árvores ainda maiores que as da estrada. Um pequeno caminho de pedra levava até a porta, uma grande e pesada porta que parecia ser de madeira maciça com detalhes feitos em entalhe manual.
Não havia como voltar atrás agora, pois ao pisar na primeira pedra daquele caminho ela pôde avistar a figura sombria de Antônio San Marino parado na janela do lado esquerdo da casa. E sim, ele lhe tinha visto.

San Marino abriu um sorriso vitorioso ao ver a figura de Janete se aproximando da casa. Ele estava certo, ela foi até ele, ela lhe pertencia agora, era inegável, Janete seria sua por livre e espontânea vontade. Embora todos saibamos que Janete não estava ali por sua vontade, mas sim por uma chantagem feita exatamente por ele e que ela não teve opção a não ser acatar.

Ele abriu a porta, um sorriso brilhando nos lábios fechados, o olhar penetrante fazia as mãos de Janete suarem de nervoso. Uma descarga elétrica passou pelo corpo da dançarina no mesmo instante que a voz rouca e baixa de San Marino pronunciou seu nome e foi impossível não sentir medo, agora ela estava literalmente no inferno.

- Minha Janete! A voz rouca falou pela segunda vez ao ver que a mulher não se movia. - Venha minha princesa entre, saia desse frio! Nenhum estudo feito sobre psicopatia poderia explicar as ações de San Marino, assim como Otto ele parecia viver duas realidades, mas o fato era que quando via Janete o homem se transformava.
- Eu não sou sua princesa! Ela respondeu afrontosa. - Eu quero saber aonde está minha mãe?
- Minha querida, não é de bom tom esse destempero todo, você se lembra o que acontece quando me sinto aborrecido, não lembra?!

Janete deu um passo para trás levando as mãos a boca que estava entreaberta e uma sombra de pavor lhe cobriu o verde dos olhos. A lembrança a fez gelar e seus pés não respondiam a nenhum comando. Claro que San Marino apreciou o efeito que suas palavras tiveram nela, era um sádico, adorava a sensação de causar medo, aquele arrepio gostoso de ver dentro dos olhos de alguém o pavor ficar estampado.

- Vejo que você não se esqueceu de mim! Ele sorriu maléfico e caminhou até ela ficando bem perto do seu corpo e sussurrando em seu ouvido. - Bem vinda de volta minha princesa! As lágrimas desceram pelo rosto de Janete sem que ela pudesse fazer nada, o medo lhe causava isso, era uma reação do corpo ao pavor que estava sentindo. - Agora vamos entrar antes que chova outra vez!

Paralelas do Destino - FinalizadaWhere stories live. Discover now