Alex e seus pais moravam numa pequena cidade do estado de São Paulo. Gostava de morar lá, pois além do Afonso, toda a população conhecia o garoto, especialmente as crianças que achavam ele engraçado.
Mas apesar disso, Alex queria fazer amigos da idade dele, e a sua escola era o seu principal alvo. Mas nunca conseguia nenhuma amizade, pois os outros achavam ele meio estranho e infantil.
Bom, acho que você quer ouvir a história agora, né? Então melhor começarmos!
Alex estava sentado em sua poltrona preferida de frente para sua janela, jogando em seu videogame enquanto escutava música pop no volume alto. O sol da tarde entrava pelas cortinas, criando padrões de luz e sombra no chão, formando uma espécie de mapa em que ele sabia exatamente onde cada objeto favorito estava. Era um lugar seguro, familiar e acolhedor. Mas, infelizmente, aquele conforto estava prestes a ser abalado.
Sua mãe, o Sra. Lino, entrou no quarto, carregando algumas caixas vazias. Ele sorriu gentilmente para Alex, mas o garoto não percebeu sua presença.
- Alex, meu filho - Disse a mãe. - Precisamos conversar.
O Alex não deu a mínima e não virou para mãe. Ele continuou com o olhar no jogo. Com certeza com o volume no alto, pensou a mãe.
- Filho, tô falando com você! - Repetiu, levantando a voz.
Mesmo assim, o Alex não ouviu. A Sra. Lino já estava começando a perder a paciência. Ela se aproximou mais ainda do garoto. Aí com sua mão direita, ela rapidamente tira o fone do Alex. Surpreso e com ódio, o garoto pausa o jogo e vira rapidamente para mãe.
- Ei, por que fez isso?! - Perguntou com sangue nos olhos.
- Filho, já disse várias vezes para você ficar com fone no volume baixo! - Exclamou a Sra. Lino.
Alex franziu a testa e rosnou. A Sra. Lino já sabia que seu filho ia começar a ter uma crise. Aí ela respirou fundo e começou a se acalmar.
- Olha, desculpe por isso, é que...
- NÃO!! - Gritou o Alex, do nada.
- Ei, não fala assim comigo! - Exclamou a Sra. Lino.
Alex ficou bico calado por alguns segundos.
- Desculpa mãe - Disse Alex, um pouco arrependido. - Pode falar.
- Ótimo - Falou a Sra. Lino. - É o seguinte, seu tio ofereceu ao seu pai uma grande oportunidade - Continuou a mãe. - Ele tem uma empresa na capital, e ele nos pediu para nos mudarmos para lá. Seria uma nova chance para a nossa família.
Mudança não era algo que Alex apreciava, e o tom de sua mãe indicava que algo grande estava prestes a acontecer.
- E para ficar ainda melhor, nós encontramos um novo colégio para você estudar no Ensino Médio. - Disse a mãe, falando de um jeito animado.
- Então a gente vai se mudar? - Perguntou Alex.
A Sra. Lino balançou a cabeça positivamente. Os olhos de Alex se arregalaram e a ansiedade começou a se apoderar dele. Mudar-se para uma cidade desconhecida significava deixar para trás tudo o que ele conhecia e enfrentar um mundo de cores novas e imprevisíveis.
- Mãe, eu não quero ir - Murmurou Alex, sua voz trêmula. - Eu gosto daqui. Eu gosto das minhas coisas. Eu gosto do Afonso. Eu não quero ir para um lugar estranho!
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Além das Cores: Uma Jornada Autista
RomanceUm conto inspirador que nos leva a uma jornada pela vida de Alex, um adolescente diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista. Após se mudar para a capital e ser matriculado numa nova escola, ele descobre que um aluno problemático está aterroriz...