Além das Cores: Uma Jornada Autista

Cores Obscuras Reveladas

          Alex e Lucas tinham que continuar a enfrentar os desafios da escola juntos, mas a tensão com Victor ainda estava presente. O comportamento do jovem maloqueiro era cada vez mais errático.

          O dia seguinte era um dia milagroso, pois Victor faltou a aula, o que deixava a escola mais feliz. Alex estava tranquilo no pátio jogando em seu Nintendo Switch enquanto esperava a aula começar, até que Lucas retorna todo contente. Mas por algum motivo, ele estava com um olho roxo e com um bandeide na bochecha. Ele se aproxima de Alex.

          - E aí Alex, retornei! - Disse Lucas.

          - Lucas, você veio! - Exclamou Alex, surpreso com sua presença.

          Alex dá um grande abraço no Lucas. Lucas percebe que o nariz de Alex está engessado.

          - Parece que o Victor quebrou seu nariz, sinto muito por isso. - Disse Lucas.

          - Eu sei. Mas pera aí. - Alex tira seu óculos, limpa-os com a blusa e coloca de novo. Ele percebe o olho roxo e o bandeide do seu amigo. - Nossa senhora, o que aconteceu com sua cara?

          Lucas paralisou e fez uma pequena cara de tristeza. Ele respondeu:

          - Nada de mais. Eu me... machuquei porque... eu... caí no chão. É isso. - A animação de Lucas voltava aos pouquinhos.

          - Ok... - Disse Alex, fazendo uma cara de estranheza. - Mas você não vai acreditar, o Victor faltou! Não é um milagre?!

          - Sim, eu já sabia que ele ia faltar.

          A animação de Alex deu um pause.

          - Como assim "você já sabia"?

          Lucas arregalou os olhos e olhou para cima, parecendo que estava escondendo algo.

          - Bom... deixa isso para lá. Esquece o que eu disse. - Falou Lucas.

          Alex estava percebendo uma coisa: quando Alex faz uma pergunta relacionado a vida de Lucas, ele não fala nada ou responde de maneira estranha.

          - Ok... mas só uma pergunta: por que você faltou ontem?

          - Bem... - Olhou para cima de novo e sacudiu a cabeça. - Eu estava... com febre... é isso!

          - E você melhorou tão rápido?

          - Acontece que...

          - Na verdade, você deve estar escondendo alguma coisa de mim!

          - Não... imagina... - Lucas começou a ficar nervoso.

          - Quando nós nos encontramos pela primeira vez, eu te perguntei sobre os seus pais, e você disse que estão trabalhando, mas parecia que você estava mentindo!

          Lucas ficou impressionado que Alex ainda se lembra desse momento.

          - E não é só isso - Continuou. - Como você sabe que o Victor quebrou o meu nariz? E que você sabia que Victor ia faltar?

          - Olha... - Lucas ficava cada vez mais nervoso.

          - EU ACHO QUE VOCÊ TEM ALGUM SEGREDO E VOCÊ NÃO QUER CONTAR PARA MIM!! NÃO É ASSIM QUE MELHORES AMIGOS SÃO!!

          - TÁ BOM, CHEGA!! - Gritou Lucas. Ele começou a ficar triste e amedrontado. - Ok. Vou contar o motivo dessas coisas. Mas tem que ser em segredo.

          Lucas levou o Alex para o refeitório, onde não havia ninguém. Eles se sentaram em uma das mesas.

          - É o seguinte, aconteceu uma coisa muito horrível. Tão horrível que minha vida mudou para pior. - Disse Lucas.

          - Gostaria de saber o que aconteceu. - Disse Alex, curioso.

          - Eu não sei, eu tenho medo de contar essa história...

          - Não se preocupe - Alex pegou a mão de Lucas carinhosamente. - , eu posso de ajudar. Apenas encare o medo e me conta.

          Lucas deu um sorrisinho. Que amigo motivador, pensou Lucas.

          - Bem, lá vamos nós - Disse Lucas, se preparando para falar sobre o seu trauma. - Eu não sei se você sabe, mas eu sou órfão. Meus pais morreram num acidente de carro na Rodovia Anhanguera. E por isso, eu fui mandado para um orfanato, que era o melhor do mundo. Parecia muito o orfanato da novela Chiquititas. Uns dias se passaram e finalmente alguém foi me adotar. Era um casal bem humilde. Eu fiquei feliz que eu ia ter uma mãe e um pai. Até que eu conheci o meu novo irmão. A aparência dele era muito ameaçador para mim. Ele ficou muito bravo quando revelaram que eu ia ser o novo irmão. Os dias se passaram e aqueles meus pais adotivos eram muito amorosos comigo. Mas eu percebi que o meu irmão ficava com ciúmes e sempre brigava comigo ou com os pais, pois eles ligavam mais para mim do que o outro. Até que... um dia...

          As primeiras lágrimas começaram a escorrer nos olhos Lucas. Alex estava com tanta preocupação. Lucas continuou:

          - Até que um dia, no almoço, o meu irmão envenenou os pratos da mãe e do pai. Eles infelizmente comeram e... morreram. Eu fiquei em choque quando isso aconteceu. Ele me disse para eu não contar isso para ninguém, se não ele ia me matar...

          Nesse momento, Alex começou a juntar as peças.

          - Nossa, que história triste. - Disse Alex. - Mas só uma coisa, é impressão minha ou o seu irmão é...?

          - Sim, Alex. É o Victor. - Lucas continuava a chorar um pouquinho, mesmo tentando engoli-lo. Ele estava tremendo de medo.

          - Bom, tem mais alguma coisa a revelar para mim?

          - Sim. Claro. Sabe o dia em que você tentou conquistar a Isabela? Quando cheguei em casa, Victor disse que te viu se declarando e pensou que você estava flertando com ela. E que também ele me viu eu ajudando você. Ele me espancou muito e disse "Amanhã, vou mostrar para aquele m**** a não roubar a minha lindona. E você irá ficar aqui, sem proteger ele."

          - Então esse é o motivo de você ter faltado ontem e estar machucado desse jeito!

          - Sim.

          - Temos que chamar a polícia!

          - Mas não temos provas. Como?

          Alex pensou um pouco.

          - Bom, já que ele é uma espécie de criminoso, ele pode fazer alguma coisa suspeita.

          Lucas lembrou de uma coisa e sorriu para Alex.

          - Eu sei de uma coisa. Todas as noites, o Victor sempre sai de casa com a mochila dele. Ele nunca me deixa ver para onde ele vai, pois ele me tranca na casa. E uma hora depois ele volta com muito dinheiro.

          Alex já suspeitou disso.

          - Bom, eu tenho um grande plano. - Disse Alex.

          De repente, o sinal toca.

          - Eu irei te contar no recreio, ok? - Disse Alex.

          - Fechou mané! - Respondeu Lucas, fazendo um "toca aqui" no Alex, esquecendo que estava chorando.

          Os dois saiam do refeitório a vão para sala de aula.