Dezesseis anos depois da última guerra, o Povo do Céu estava de volta. Jake Sully, em uma tentativa de proteger sua família, decidiu que a melhor opção, para eles e para o Clã Omatikaya, era ir embora. O Clã Metkayina lhes ofereceu refúgio e agora o...
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Faz um mês e meio desde que a família Sully chegou na ilha. Ontem, eu e meus irmãos passamos mais um dia os ajudando. Eu e Aonung não podemos estar sempre presentes nas aulas, então Tsireya que faz a maior parte, os ensinando e fazendo se aperfeiçoarem a nossa cultura. Eles aprenderam a mergulhar, a controlar a respiração e a usar os ilus. No fim das contas, cada um deles se deu bem com pelo menos uma das tarefas, mas ainda havia muito com o que precisavam aprender.
A tarde de ontem me aproximou de Neteyam, o que eu não achei que aconteceria, afinal, não pretendia ser amiga do garoto. No entanto, enquanto eu o ajudava a aprender o controle da respiração, me afeiçoei por ele. Era algo que eu queria evitar. Tanto com ele, quanto seus irmãos.
Os Sully's estavam procurando por Uturo, queriam refúgio por tempo indeterminado da guerra, o que significa que ele não vão ficar para sempre. E, se eu me apegar a eles, vou me magoar quando forem embora. Por isso, ser amiga de Neteyam, Lo'ak, Kiri e Tuk não estava nos meus planos. Mesmo assim, existem coisas que não podem ser evitadas.
Acho, na verdade, que foi o mar quem decidiu isso por mim, quando eu mergulhei sem hesitar para buscar Neteyam no fundo. Não é algo do meu feitio. Mas, naquela hora, foi como se o mar me puxasse para baixo, na direção dele, então eu fui.
Foi a primeira vez desde os meus cinco anos em que eu me afoguei.
Me afoguei tentando salvar Neteyam.
Entrei em desespero ao imaginar, por um mínimo segundo, que ele poderia morrer.
É a coisa mais idiota do mundo.
Eu o conheço a um mês. Não sei nada sobre Neteyam, mas mesmo assim arrisquei minha vida para salvá-lo.
Não consigo entender porquê fiz isso.
Por que corri esse risco?
Acho que Aonung e Rotxo se perguntaram o mesmo que eu. E, assim como eu, eles não fazem ideia da resposta. Não vejo os dois desde brigarmos na ilha de pedra, o que me deixa nervosa. Eu nunca fiquei tanto tempo brigada com os garotos.
Estou voltando para ilha com Nilo agora. Assim que acordei, montei em Nilo e sai de lá, deixando-o seguir o caminho que quisesse. Não vim para fazer minha ronda matinal, eu fui dispensada dela para ensinar aos Sully's. Hoje, não quis assumir o título de professora temporária que meu pai impôs sobre mim e Aonung. Mesmo assim, sei que Tsireya está com eles, porquê a avisei pela manhã que não apareceria. Tonowari talvez não fique muito feliz quando descobrir, mas, sinceramente, não me importo.
Preciso pensar, e não há lugar melhor para fazer isso do que no ar, voando com Nilo.
Há uma coisa me incomodando desde que vi Neteyam pela primeira vez.
Percebi que isso virou um problema ontem à tarde, quando eu senti vontade de beijá-lo duas vezes. A primeira foi quando o vi pegar a concha e olhar para mim com um sorriso alegre. Estava tão feliz por ele que poderia beijá-lo ali mesmo. E, assim que pensei isso, dei meia volta e nadei para o penhasco.
