Capítulo 3. Akira

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CAPÍTULO 3 

AKIRA

"Ás vezes o destino brinca com a nossa cara de uma forma... engraçada. E nos resta apenas rir para não chorar"

Acordo com a sensação de que alguém me observa no canto da cela, porém permaneço em silêncio e de olhos fechados, tentando ignorar a presença. Minha respiração se torna pesada aos poucos e meus cílios tremem suavemente com o esforço de permanecerem abaixados, ainda mais quando ouço passos em minha direção.

– Você finge mal. Seus olhos ficam mexendo por baixo das pálpebras.

Reconheço a voz do homem de cabelo azul – cujo nome não sei e mal quero saber – no entanto me viro de costas, enrolando o cobertor farto ao meu redor como um enroladinho de massa caramelizada.

– Se troque, sairemos em dez minutos.

Desfaço o aconchego ao me virar de supetão e acompanhar sua caminhada para depois das grades, ficando de costas para que eu me vista com roupas dobradas sobre uma cadeira que antes não estava ali. Do lado dos pés da cadeira, um balde com água quente e um pano grosso de aparência macia estão.

– E se eu disser que não quero sair?

Vejo seus ombros largos subirem e descerem com indiferença. Rodo os olhos frustrada, mas já me levantando para me lavar o melhor que consigo com a toalhinha, passando a camisa que usava ao redor do corpo tentando me secar o máximo e não ter as roupas novas coladas na pele.

O conjunto de calça e blusa folgados e um par de botas baixas, tudo em tons terrenos, se adequam em volta de mim de forma quase perfeita. Sinto meu couro cabeludo coçar pela oleosidade, mas sei que jogar água nele sem produto algum faria quase nenhuma diferença, então decido rasgar uma tira da camisa velha que usei e prendo os fios passando quase um palmo para baixo dos ombros.

Logo mais estará na hora de cortar novamente, meu cabelo cresce rápido demais...

– E para onde iremos? – Passo a última volta do tecido no topo da cabeça, embolando as mechas umas nas outras como um broto no alto.

Com certeza sair não estava nos planos do meu movimentado dia, e nem na minha lista de coisas que eu queria fazer, porém traços de curiosidade me alfinetam por entre a nuvem pesada de apatia que criei dentro de mim nas semanas anteriores. E, bom, não há muitas opções no momento; ir ou ficar não fazem tanta diferença. Mas ir me traz um pouco de sol à pele, ao menos. E ficar não é de fato uma opção.

– Não se anime, será uma saída direta até a sala real, para logo depois ser trazida de volta. Não vomite em frente ao trono pelo nervosismo.

– Acredite, não estou animada. E muito menos nervosa, não é a primeira vez que me encontro em exatas mesmas posições...

O Bonest gigante do homem ao meu lado nos espera no início da escada que sobe em linha reta para um espaço vago mais acima, onde uma porta larga separa nós da saída.

Ele faz menção de farejar em minha direção e faço questão de passar para o lado oposto, indicando para que seu dono suba adiante. O que ele faz, com feições indiferentes. Ergo uma sobrancelha para o que noto em seu rosto e descendo pelo pescoço, despontando por espaços curtos em suas mãos.

– Escute, que marcas são essas? Não reparei muito na sua desagradável presença, porém tenho certeza que jamais as vi.

– Cosméticos para a pele que camuflam marcas, conhece?! – responde, de forma alguma desconfortável pela minha indagação.

{DEGUSTAÇÃO} Folhas de Jade - Saga Dragões de Kristallys 2Место, где живут истории. Откройте их для себя