Capítulo - 08

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Os números das planilhas cobrindo mesa do escritório se embaralhavam diante dos olhos de Tzuyu. Assim como sempre teve dificuldade para processar as palavras, sempre encontrava muita facilidade com os números. Se afastou da escrivaninha, sabendo que qualquer trabalho que fizesse agora teria que ser refeito pela manhã. A única razão para ter ficado em casa neste dia era recuperar as forças por meio do trabalho, mas não conseguia fazer nada, então era melhor ir para um de seus pubs, e ficar trabalhando no balcão.

Pegou o celular que estava no balcão da cozinha e viu uma ligação perdida de Seulgi. Não conseguia encarar Seul, nem Haruto, nem Yeonjun e nem Mina. Esse foi o nível mais baixo que já chegou, todos os dias esperava acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho. Sana nunca a perdoaria pelo que fez e Tzuyu sabia que não merecia perdão, assim como sabia que a melhor coisa era que ela se mantivesse longe dela a partir de agora. Pois agora Tzuyu conhecia o sabor, o corpo e a maciez dela.

Enfiou o telefone no bolso, pegou as chaves do carro e abriu a porta da frente.

"Ah, oi. Já ia bater."

"O que você tá fazendo aqui?"

Ela parecia insegura e pouco a vontade. E cansada; pelo menos tão cansada quanto Tzuyu se sentia.

"Posso entrar?"

"Você não lembra o que aconteceu da última vez?"

"Sim" - ela respondeu baixinho - "É exatamente por isso que estou aqui."

A Chou não confiava em si mesma perto dela. Só de olhar para ela, o desejo violento tomara conta de si, a ponto de agarralá-la e prende-la à sua cama.

"Não tenho tempo pra isso hoje." - a última coisa que queria fazer era magoá-la, mas, se ficasse, se ela a deixasse tocá-la de novo, Tzuyu só acabaria a magoando mais - "Preciso voltar pro Pub."

"Que pena, pois você e eu precisamos conversar. Agora."

Sana entrou. Uma Sana determinada que Tzuyu, até agora desconhecia.

"Estou grávida."

A terra parou de rodar, quase a arremessando para fora. O cérebro dela tentou forcar no que ela acabou de dizer, mas não podia compreender direito. Tzuyu olhou fixamente para a barriga dela, o suéter e a saia justos o bastante na cintura para ver que ela ainda estava sem volume.

"Provavelmente não vai aparecer nada até daqui a um mês."

Diante da ideia de ser mãe, o pânico tomou conta dela. Nunca planejou ter filhos.

"Tem certeza que é meu?"

"O casamento foi há dois meses e meio." - ela estava visivelmente tentando se acalmar. "Você foi a única pessoa com quem eu dormi" - fez uma pausa - "... nos últimos tempos. Não poderia ser de mais ninguém."

Uma sensação de alívio tomou conta de Tzuyu ao saber que ela era dela.

Só dela.

"Vim aqui dizer a você o que... o que aconteceu. Você tem o direito de saber e não ficar se perguntando para sempre se a minha garotinha ou garotinho é seu ou sua."

As palavras dela e a imagem que elas traziam quase a fizeram ficar de joelhos.

Uma garotinha. Ou um garotinho.

Filha ou filho dela.

"Quando?"

"Acho que estou de dois meses, então... no outono."

"Já passou pelo médico?" - as palavras soaram ásperas, ela não estava conseguindo controlar o instinto de tomar conta dela e do bebê. Agora. Para sempre.

Só Tenho Olhos Para Você | Satzu G!POnde histórias criam vida. Descubra agora