𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀

dezoito

GERSON

Observo a Ana Júlia dançando enquanto segura um copo de bebida maior que sua cabeça.

Ela tá visivelmente bêbada e não faz menção de parar de beber.

Tá usando uma calça que deve ser do Gabriel por ficar bem larga nela e uma blusa que deixa seus mamilos marcando e agora todo mundo sabe que ela tem um piercing ali. Todo mundo que tá olhando, obviamente.

O Gabriel tá dando uma resenha em comemoração a nossa vitória de hoje contra o Olímpia, ainda tem o outro jogo e nem sei porque ele tá comemorando uma vitória que depende ainda do resultado do outro jogo pra se tornar concreta.

Eu só vim pra tentar conversar com a Ana Júlia porque não consegui mais falar com ela depois que saiu daquele jeito da minha casa.

Deve ter entendido coisas erradas quando viu que a Greice tava lá também, mas ela só foi levar a Giovanna que pediu pra que ela ficasse pra ve-la na piscina.

Não rolou nada entre a gente e nem vai mais.

Eu gosto da Ana Júlia, parece meio bobo gostar de alguém antes mesmo de falar com a pessoa, mas isso aconteceu desde o primeiro momento que vi a Ana.

Eu criei um tipo de paixão platônica e contei isso pro Gabriel que me ajudou a tomar coragem de falar com ela.

Ela dizer que era só sexo foi como me jogar um balde de água fria porque eu tava achando que era algo a mais que isso, até por causa da conexão que achei que tínhamos.

Deve ser coisa da minha cabeça.

E tenho que tirar da minha cabeça essa loucura de gostar de alguém sem nem conhecer direito a pessoa, tudo bem que agora sei mais coisas sobre ela, mas antes era zero.

Será que isso acontece com outras pessoas ou eu sou um caso bobo a parte?

— Aí galera, espero que estejam curtindo e bebendo pra caralho— o Gabriel diz no microfone e eu coloco a mão sobre a orelha porque o som tá alto demais— opa, deixa eu abaixar um pouco aqui.

Tá bêbado a peste.

Eu bebi só duas cervejas e já parei, não quero ficar bêbado.

— Quem foi o doido que deu o microfone na mão dele? — ouço a Ana Júlia perguntar e dou risada, faço a mesma pergunta.

— Najulia querida, vem cantar uma música aqui, bota a do ai preto aí zulu.

O DJ que é amigo do Gabriel e tá sempre presente aqui, coloca a música e eu cruzo os braços, observando pra ver quais serão as próximas coisas a acontecer.

O Gabi caminha até a Ana Júlia que mal se aguenta em pé e depois olha pra mim.

— Especialmente pra tu— diz e depois desvia o olhar pra ela— Emoji babando na minha foto logo cedo, fala baixinho— ele canta acompanhando a música e depois leva o microfone pra perto da boca dela.

— Ai preto— ela fala com a voz meio rouca e eu juro que penso em coisas inapropriadas.

Eles continuam cantando e a frase "antes da bebida matar, ela humilha" nunca fez tanto sentido.

— E aí, gato— uma loira se senta do meu lado e coloca a mão na minha coxa— sozinho?

— Sozinho eu tô, disponível nem tanto.

— Tem namorada?

— Não.

Desvio o olhar do dela e encontro com o da Ana Júlia que me olha enquanto vira o copo de bebida na boca. Ela tá encostada na parede e quando abaixa o copo, desvia o olhar.