vinte

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GERSON

Com todo o cuidado que eu tiro não sei de onde, consigo deixar a cabeça da Ana Júlia sob a almofada e me levantar.

Dou um sorriso quando vejo a Giovanna dormindo no colo dela. As duas tão capotadas e eu acho que cochilei também porque quando me dei conta o filme já tinha acabado.

São cinco horas da tarde, é cedo e eu não deveria deixar a Giovanna dormir nesse horário.

Me abaixo perto dela e toco seu rosto com a minha mão.

— Filha, acorda— chamo e ela vai abrindo os olhos aos poucos.

— Eu quero dormir, papai.

— Não vai contar pra sua mãe que eu tô deixando você dormir nesse horário, né?

— Não, juro de dedinho.

— Então vamos lá no seu quarto, dorme na sua cama.

— Tudo bem— ela se levanta toda sonolenta e olha pra Ana— ela dormiu também?

— Dormiu.

— Deixa ela dormindo, tadinha.

Dou uma risada fraca e passo a mão na cabeça dela.

Subimos juntos para seu quarto e eu espero ela se deitar na cama e pegar no sono novamente pra sair e voltar pra sala.

Me sento no sofá e observo a Ana Júlia,  tiro o cabelo que estava caído em seu rosto e observo sua expressão tranquila e serena.

Gosto pra caralho dela, é estranho o fato de ter começado a sentir essas paradas bem antes de trocarmos qualquer palavra.

Faço um carinho em sua bochecha e ela abre os olhos, mas não se afasta quando me vê.

— Dormi?— pergunta com a voz sonolenta.

— Dormiu por umas duas horas.

— Tá falando sério?

— Tô, a Giovanna também e eu assisti o filme sozinho, talvez tenha apagado também porque não lembro de muita coisa.

— Ela tá aonde?

— Dormindo lá no quarto.

— Preciso ir embora— se senta no sofá e eu coloco a mão em cima da sua coxa.

— Pode ficar aqui.

— Eu realmente preciso ir, tô a muito tempo aqui, já brinquei com a Gio, fizemos um piquenique estranho aqui na sala, assistimos um filme pela metade e dormimos.

— Não foge.

— Não tô fugindo.

— Tá sim— me jogo pra trás e pego uma almofada, apoiando minha cabeça nela.

Sinto a unha da Ana passando pela minha perna é fazendo cócegas, mas não dou risada.

Fico olhando pro teto enquanto o silêncio domina tudo. Eu sinto que ela foge, sabe? Tá vivendo o momento ali de boa quando de repente fala que tem que ir. Eu sei que ela não precisa ficar aqui, mas a forma como diz parece estar fugindo.

— É isso que eu sou pra você, né? Um emocionado.

— Não.

— Aham, sei.

Ela se deita em cima de mim, pega uma das minhas mãos, coloca em suas costas e segura a outra, levando até seu rosto.

— Eu tô falando sério— faz com que meus dedos deslizem pela sua bochecha e fecha os olhos.

𝗣𝗢𝗗𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗥•• 𝗚𝗲𝗿𝘀𝗼𝗻 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗼𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora