Prólogo (Amber Banks)

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Meus pés se encontravam doloridos, e tudo em que conseguia pensar era que precisava chegar à casa de Kallel, se quisesse construir um futuro ao seu lado

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Meus pés se encontravam doloridos, e tudo em que conseguia pensar era que precisava chegar à casa de Kallel, se quisesse construir um futuro ao seu lado. Minha respiração irregular provocava uma sensação de queimação no peito, e posso jurar que sentia as embalagens chacoalhando dentro do meu estômago.

Sob o sol escaldante de Bogotá, meus cabelos negros ondulavam ao vento, e o suor brotava da minha pele enquanto corria. Repetia a mim mesma que faltavam apenas alguns quilômetros, acompanhando tal pensamento com uma oração à Santa Muerte. Minhas súplicas eram silenciosas, as palavras se recusavam a atravessar meus lábios, enquanto implorava por sua proteção ao meu amado contra a ira do Cartel de Medellin.

O primeiro disparo reverberou pelo céu assim que cruzei a esquina da rua da casa de Kallel. Naquele instante, corri como jamais havia feito em minha vida. Encontrei o portão entreaberto e adentrei a residência impulsivamente. No chão da cozinha, deparei-me com uma poça de sangue fez com que o odor ferroso revirasse meu estômago. Seguindo o rastro, cheguei à sala, onde deparei-me com Kallel prostrado sobre o tapete, cercado por membros do Cartel.

— Mira... Esta é a vadia de Kallel —proferiu um deles— Trouxe a encomenda?

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu ignorava as armas apontadas na minha direção, enquanto me ajoelhava ao lado do corpo inerte do amor da minha vida.

— Andale, não temos o dia todo__resmungou outro homem, pressionando o cano frio da arma contra minha têmpora numa tentativa de me intimidar.

Mal ele sabia que, naquele momento, tudo o que mais desejava era que ele apertasse o gatilho.

— Hijo de puta — gritei, quando suas mãos agarraram meus ombros.

Ele me arrastou até o homem sentado na poltrona, agindo como se a casa lhe pertencesse. Colocou-me de joelhos com as mãos nas costas. Seus dedos, adornados com anéis de ouro, seguraram meu queixo, forçando-me a encarar seus olhos.

— Onde está a minha mercadoria?

Meu coração sangrava, minhas lágrimas turvavam minha visão, e o ódio fervia em minhas veias como lava. O homem afastou os fios negros do meu cabelo do meu rosto e acariciou levemente minha bochecha, antes de retirar sua mão.

Uma coronhada na minha têmpora enviou ondas de dor por todo o meu rosto, e um líquido quente e viscoso escorreu pela minha pele.

— Não pense que esses belos olhos coloridos vão fazer com que eu esqueça o motivo de eu ter gasto minhas balas, amor mío — ele disse, aproximando novamente meu rosto do dele.

— Eu engoli — sussurrei, atordoada.

As risadas ecoaram pela casa de Kallel, e eu lutava para manter os olhos abertos enquanto a escuridão ameaçava me envolver. Meu mundo estava em ruínas, e o amor em meu peito havia se transformado em uma mancha negra de ódio. Mantive-me ajoelhada, encarando o homem à minha frente, enquanto ele e seus comparsas se regozijavam com o meu infortúnio.

Tentação Obscura: Um Pacto nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora