II - Visão Obstruída

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- Não sei de onde você tirou essa ideia, mas eu adorei. - Luffy sussurrou, meio ofegante, após morder a garota em todo lugar que ele conseguiu reconhecer mesmo com a visão obstruída.

Ele estava sonolento, tanto que acabou adormecendo com S/n em seu colo e sequer lembrou de retirar aquela camisa que impedia sua visão. A garota riu de toda aquela situação. Não queria que ele se queixasse de dores, então deixou-o deitado da melhor forma que conseguiu e trouxe uma coberta. Também não retirou aquela venda improvisada do rosto dele, estava aguardando ansiosamente pela cena engraçada que viria assim que ele acordasse.

Em meio ao tédio que se instalara, ela também adormeceu e acabou acordando antes de Luffy. Quem o visse diria que havia ao menos 10 anos que ele estava acordado, pois seu sono parecia pesado mesmo com a hora do jantar aproximando-se, o capitão jamais se atrasaria para uma refeição tão importante (no caso, toda e qualquer refeição).

S/n pensou em acordá-lo, mas, com aquele cansaço aparente que era denunciado pela respiração pesada de Luffy, ela não ousou. Decidiu sair rapidamente para comprar o jantar, tentando não se preocupar com aquele ocorrido. Ele só está cansado porque caminhamos bastante, forçou-se a pensar durante todo o trajeto. A noite estava escura, ela apressou-se ao voltar para a hospedagem, uma parte de si continha uma preocupação crescente.

Aproximando-se da porta do quarto, ouviu a voz de Luffy e acabou suspirando, pelo visto, estava mais preocupada do que imaginava.

- Voltei, Luffy! - Ela deixou as sacolas na mesa de centro, embora seus braços estivessem doloridos, não era difícil pensar que Luffy ainda sentiria fome em pouco tempo.

- S/n, você não vai acreditar!

Aquela cena estava ainda mais engraçada do que S/n imaginou. Luffy sempre acordava meio desnorteado, ele não tinha percebido que ainda estava com a camisa amarrada em sua cabeça. Acabou esbarrando numa cadeira enquanto tentava chegar na garota.

- Não consigo enxergar nada, e já faz uns 10 minutos que acordei. - Ele completou, realmente surpreso.

- Luffy... - Ela foi até ele, tentando segurar a risada. Seria muita maldade rir de tal cena? - Tem certeza que está acordado? Parece que você não sente nem o próprio corpo. - Retirou a camisa que obstruia a visão dele e olhou para baixo, numa simples olhada daquelas que ninguém calcula.

Luffy a abraçou e riu de si mesmo. S/n demorou um pouco para retribuir aquele abraço, ela estava envergonhada pelo que vira e aquele abraço confirmou tudo. Naquele olhar rápido ela lembrou que Luffy estava apenas com a roupa de baixo, isso era o de menos, algo estava marcando ali e aquele abraço trouxe a confirmação que ela não pediu, aquilo fez seu rosto queimar.

- Está com fome? - Tentou quebrar aquele clima que existia apenas para ela.

- E você ainda pergunta? Até passou da hora!

Ele começou a organizar toda aquela comida na pequena mesa que ficava no centro da espécie de sala. O local era uma espécie de quarto com um pequeno cômodo que era como uma fusão de sala e cozinha.

- Não seria melhor levar para a outra mesa? - Questionou-o.

- Verdade. Essa não cabe nem um aperitivo.

Rapidamente ele organizou tudo na mesa maior e, ao invés de sentar-se para iniciar sua sagrada refeição, puxou a cadeira para que S/n sentasse e deixou uma cadeira ao lado da dela para ele.

- Quero comer junto com você, que nem daquela vez.

Antes que S/n precisasse buscar em sua memória, Luffy já apontava hashis para ela, na intenção de alimentá-la. Que nem daquela vez, a mente dela repetiu ao ver o gesto dele, fazendo-a sorrir.

- Isso tá melhor do que eu imaginava, preciso parar de subestimar ilhas menores.

- Mas com certeza nada supera o Sanji, sinto falta da comida dele. - Luffy refletiu por pequenos instantes mas logo voltou a comer, esquecendo completamente a saudade. - Tem certeza que não quer mais um pouco?

- Não. E você quase não comeu, tá tudo bem?

- Queria que você comesse primeiro. Eu gosto de ver você comer, é fofo.

- É vergonhoso ter você me encarando enquanto eu como.

- Você faz o mesmo e eu nunca reclamei.

- Quem te disse?

- A comida não é a única coisa que rouba minha atenção.

Após sua frase levemente misteriosa, Luffy continuou comendo em silêncio. S/n não conseguia mais olhá-lo depois daquela afirmação. A noite estava em completo silêncio mas, com certeza, ambos demorariam a sentir sono. Por um momento, ela estava preocupada, não queria que os dias acabassem ficando entediantes, então lembrou que está casada com um pirata que definitivamente desconhece o tédio.

- Por que está sorrindo? - Ele perguntou de repente.

- Nada.

- Então agora vai me fazer ter ciúmes do "nada"?

- Bom... Eu só tava pensando em como você deixa minha vida mais alegre. - Um rubor se instalou no rosto do garoto, que não conseguiu comentar nada sobre a fala dela. - Eu te amo, Luffy. - Falou lentamente.

- Eu txe amm muitu max (eu te amo muito mais).

Os dois riram daquela situação. S/n havia percebido uma certa estranheza entre eles, aparentemente, o fato de não precisar se preocupar com pessoas por perto deixava-os envergonhados, algo meio sem sentido, mas era perceptível uma certa timidez diferente da habitual.

- Eu quero te abraçar, mas ainda tô com fome. Calma aê'.

Desajeitado, Luffy tentava segurar os hashis com a mão esquerda, enquanto usava o outro braço para abraçar S/n.

- Desse jeito você não vai conseguir comer. - Pegou os hashis dele. - Então é a minha vez.

Ao aproximar-se dele para alimentá-lo, iria apoiar a outra mão na perna do garoto, para manter o equilíbrio. Isso acabou deixando a situação meio embaraçosa para ela, que não calculou bem onde sua mão acabaria se apoiando. O garoto não percebeu, então ela não tirou a mão imediatamente, tinha vergonha que ele acabasse percebendo se ela agisse assim.

- Que delícia. Mas eu sinto ainda mais saudade da comida do Sanji! - Ele ficava entre aproveitar a comida e ser fiel a seu cozinheiro.

Vagarosamente, S/n moveu sua mão, deixando sobre a coxa dele. Seu coração estava mais acelerado do que nunca. Mentalmente, ela debochou de si mesma Estamos casados, isso não é o fim do mundo, mas não tinha como negar que apenas pensar em estar próxima demais dele a deixava envergonhada.

- Acho que lá estava melhor?

- Hã?

- Sua mão é quentinha, tava melhor lá. - Não tinha como saber se ele falava aquilo com malícia ou não, mas ela o ignorou, não queria que ele visse sua vergonha, percebesse sua mão trêmula ou até mesmo ouvisse seus batimentos cardíacos; algo que ela julgava possível já que estavam completamente acelerados e fora de controle.

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Olha quem apareceu depois de mais um sumiço aleatório (não me orgulho disso).

Acho que pedir mil desculpas não chegaria nem perto de redimir essa desordem, então me resta desejar que tenham uma boa leitura e agradecer pela paciência.




Os 6 Sentidos de Luffy ✓Where stories live. Discover now