Só Com Você

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Narrador

— Já chegamos?

— Não.

— É muito longe?

— É.

— Estou ficando com medo, Sarah.

Sarah bufou pela milésima vez e encarou Juliette ao seu lado. Ela já havia perguntado a mesma coisa por dezenove vezes durante todo o trajeto. E se o relógio marcava dezenove horas da noite agora, os únicos momentos que Juliette não falou foi enquanto comiam.

— Eu não vou sequestrar você, Juliette. Jamais sequestraria alguém tão tagarela.

— Aqui só tem mato e pedra. — A encarou — Não chegamos há uma hora, Sarah. Aqui tem internet?

A loira bufou e procurou uma vaga para estacionar o carro.

— Não tem internet, Juliette. A área daqui é péssima, ok?

— Você está brincando... não está?

— Não mesmo. — Ela retirou o próprio cinto — Não acha que estamos indo rápido demais?

— Como assim?

— Bom! Nos conhecemos há um mês, você já está vindo visitar minha família...

— Nem vem com isso. Somos amigas, Sarará. Boas amigas! — Juliette apertou seu nariz.

— Você sabe que eles não vão nos ver assim, certo? Então, nada de chamego ou abraços. Eu sou fria e calculista nessa casa, ouviu?

— Ok, Sra. Peaky Blinders. — Deu de ombros — Você quem manda. Eu também não sou de carinho, nem de abraçar.

— Ótimo! Então, chegamos.

Sarah foi a primeira que saiu do carro, abrindo a porta para que Juliette também pudesse sair. Não por uma questão de gentileza, mas unicamente porque era ela quem estava segurando a torta que a loira havia comprado.

— Sua casa é linda, Sarah. — Juliette observava encantada — Melhor você entrar com a torta.

— Mamãe vai entrar com ela. Eu — Apontou para o porta-malas — Vou levar essas coisinhas nada leves aqui.

— Chegaram, foi? — A avó de Sarah gritou da porta, descendo em passos lentos — Sarah, minha neta.

— Oi, vó! — A loira abriu um largo sorriso ao vê-la — Desça não, mulher, que eu já vou até aí.

— E trouxe outra moça bonita! Olhe. Tá namorando é, minha filha? Esse povo tá tudo atualizado hoje.

Sarah riu, negando com a cabeça.

— Viu? — Cochichou com Juliette.

— Ela é uma fofa, Sah.

— Sei que é, Ju. Mas ninguém vai nos deixar em paz, hum? — Foram em direção a avó de Sarah, que a esperava com um sorriso no rosto — Dona Teresa, essa é a Juliette. Minha amiga.

— Sarah nunca trouxe nenhuma amiga pra cá, minha filha. Só o Gil... Como é?

— O Gilberto, vó. — Falou um pouco mais alto, já que devido a idade, ela desenvolveu uma perda de audição.

— O Berto. Olha aí! Mas ele é daquele jeito né, minha filha? — Puxou Juliette para um abraço — Vale por uma.

Elas riram juntas.

— Finalmente! Achei que tinha se perdido pelo caminho. — Bianca pulou nos braços da loira — Sarinha.

Juliette desviou o olhar de Teresa para Sarah, dando um sorriso sem humor. Foi ali que Sarah soube que precisava tomar uma decisão. Ou contava a verdade, ou deixava o caos se instalar.

Say Yes For Me | SarietteWhere stories live. Discover now