Verdade

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Tudo era silêncio e borrões.

Juliette despertava gradativamente e inspirava o cheiro de lavanda. Seu corpo estava confortável em uma cama, que julgou ser macia demais. Aos poucos, seus lapsos de memória retornavam. Ela só não conseguia recordar do que aconteceu depois que sua vista escureceu.

Porém, na sala de estar, Sarah estava de cabeça abaixada e visivelmente aflita. Ela mexia com rapidez a perna esquerda, recordando cada detalhe agoniante desde que Juliette caiu desacordada.

Horas antes...

— Juliette! — Gritou, indo rapidamente em sua direção — Meu amor, acorda. Por favor. — Falava exasperada, balançando seu corpo.

— Ai. Meu. Deus. E agora? — Rodrigo falou visivelmente perdido.

— E agora? Como "e agora"? Agora você desce pra porra do carro e espera a gente chegar com ela. — Sarah vociferou.

— Sarah, calma! — Gilberto verificou o pulso de Juliette — Está viva. Rodrigo, liga a merda do carro que nós vamos levá-la.

Gilberto pegou Juliette nos braços e Sarah retirou rapidamente os saltos que ela usava, pegando nada mais e nada menos que o celular de ambas e a bolsa da mais baixa.

— Isso é fome! A Jô disse que ela não tinha almoçado. Merda. Ela é muito cabeça dura!

— Vamos fazer assim. Eu a levo pra casa! — Rodrigo retrucou — Nós a levamos pra casa dela, na verdade. E eu chamo o médico. Ok?

— Tá, tá. Vamos logo!

— Dona Juliette! Ai meu Deus. — Jô falou em um visível desespero ao vê-la — O que aconteceu?

— Queda de pressão e fraqueza, com certeza. Jô, desmarque todos os compromissos dela! — Sarah falou rapidamente.

— Ela vai matar a senhora, dona Sarah. Principalmente quando acordar.

— Relaxe! Com ela, eu resolvo. — Acenou, indo rapidamente para o elevador.

— Mande notícias, dona Sarah.

— Mando sim.

Mesmo desmaiada, Juliette parecia um anjo que dormia serenamente. Sarah respirou fundo e passou a mão por sua testa, havia uma camada fina de suor nela.

— Ela não mentiu quando disse que a Ju vai matar você quando acordar.

— Não quero saber disso, Rodrigo. Ela não tem condições de prosseguir por hoje.

Rodrigo ficou em silêncio e logo a porta metálica se abriu, fazendo ambos saírem rapidamente. Todos olhavam com surpresa para aquela cena e por tentarem processar tudo, não conseguiram sequer perguntar o que estava acontecendo com a própria patroa.

— Sari, vai com ela atrás.

Sarah apenas assentiu e deixou que Gilberto colocasse Juliette primeiro, entrando logo em seguida. Ela a abraçou de lado, como se quisesse mesmo protegê-la e cuidar dela.

— Estou aqui, Ju. — Ela apertou sua mão, deixando um beijo em seus cabelos — Vai ficar tudo bem.

Agora, no apartamento de Juliette...

Sarah levantou o olhar quando ouviu o barulho da maçaneta. Gilberto passou pela porta com uma sacola nas mãos, ele mesmo tinha se comprometido em comprar o almoço dos três.

Sim, dos três. Uma vez que Rodrigo havia ido buscar o médico sabe-se lá onde.

— E aí? Alguma coisa?

Say Yes For Me | SarietteWhere stories live. Discover now