13. A queda

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Aziraphale lia desesperadamente. Passara boa parte de seu tempo na terra lendo, devorando livros, mas nada se comparava à forma como ele lia aquele punhado de páginas.

E ele estava horrorizado.

Crowley não fora julgado.

Ele caiu sem chance nenhuma de se defender, como se não fosse nada, apenas uma inconveniência.

O anjo sentia uma fúria crepitante crescendo dentro de seu peito, chamuscando as bordas do seu coração.

Quando lia os arquivos ele podia ver mais do que palavras, ele podia, literalmente, assistir o que havia ocorrido, fechou então os olhos para focar melhor.

Estava escuro e havia uma única cadeira iluminada no centro da sala. Naquela cadeira, encolhido sobre seu próprio peito, estava sentado aquele que viria a ser A Serpente do Éden.

Seus olhos, da cor do mel, estavam cheios de medo e dor, mas também (como Aziraphale havia notado quando o conheceu), cheios de bondade e curiosidade.

Uma voz retumbante tomou conta da sala e Aziraphale a reconheceu de imediato, era o Metatron.

"Você, anjo, ousou questionar a sabedoria divina do criador, ousou querer saber quando seu papel era apenas obedecer, eu te sentencio à passar o resto da eternidade nos fossos sulfúricos do inferno e rastejar sobre seu próprio ventre, cumprindo as ordens que lhe forem dadas."

Os olhos de Crowley encheram-se de lágrimas, sua voz cheia de desespero pedia desculpas, implorava pelo perdão do criador...

"Está feito." disse o Metatron, e uma mão surgiu da escuridão em direção ao anjo sentado ali.

Aziraphale engasgou-se em sua própria respiração ao reconhecer o anel no dedo mindinho da mão que agarrava o anjo pela sua túnica, para executar sua sentença, pois era o mesmo que ele ainda usava naquele momento.

Faça-se a luzWhere stories live. Discover now