Capítulo 15. Confissão

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POV Bella

Minhas pálpebras estavam pesadas, com dificuldade para se abrirem. Com uma queimação na garganta, senti dor ao engolir a saliva que se acumulava em minha boca. Tentei levar minhas mãos até o pescoço num movimento intuitivo, mas fui impedida por amarras que só então notei, apertadas fortemente em meus punhos. Com esforço, consegui focar a visão ao meu redor. A luz proveniente de um abajur próximo a mim revelava um local úmido, com mofo nas paredes, pude ver o vislumbre de uma mesa velha no lado oposto e uma cadeira. Nela, havia um homem sentado, mas a escuridão impedia de enxergar sua feição com clareza. As lembranças, ainda confusas pela minha desorientação, timidamente vinham para a superfície. Um carro quebrado no acostamento, um homem pedindo ajuda, mãos fortes me enforcando, um rosto conhecido... Doutor Jacob. Fui sequestrada pelo doutor Black!

Desesperadamente comecei a me mexer, na tentativa de soltar as amarras das minhas mãos, posicionadas atrás do encosto da cadeira em que eu sentava. Meus pés, notei tarde demais, também haviam sido presos por cordas.

— É inútil — sua voz grave e áspera soou. Em resposta, gritei por socorro, minha própria fala também enrouquecida devido ao mata-leão recebido mais cedo. — Ninguém vai te ouvir, mas fique à vontade.

Ignorei suas palavras, clamando por alguém, porém Jacob tinha razão. Era mesmo inútil. Então, reuni a coragem para questioná-lo.

— Por que você fez isso?

— Não havia outro jeito, você precisa compreender. Eventualmente, eles chegariam até mim — Se levantou, caminhando em círculos, parecendo desequilibrado. — Eu não tive culpa... Quer dizer, não inteiramente... Mas a corda sempre arrebenta para o mais fraco...

Do que ele estava falando? Ele continuou murmurando palavras desconexas.

— Doutor Jacob? — Tentei chamá-lo de seu transe, inutilmente.

— Eles falaram que me protegeriam, mas era só papo furado! Claro que me entregariam assim que a bomba estourasse... Eu só queria ser o melhor, Isabella! É pedir muito? — Veio até mim a passos rápidos, com uma faca na mão esquerda, colocando os dedos nos dois lados do meu rosto, a lâmina passando a milímetros da minha orelha. Paralisei, com medo de me cortar a qualquer movimento brusco. — Hein? É pedir muito?!

Meu peito subia e descia acelerado. O homem, completamente alterado, aguardava por minha resposta. Receava dizer algo errado e provocar ainda mais sua ira.

— Não vejo problemas em querer ser o melhor — iniciei, suavemente. — Porém, não faço ideia do que você está falando, nem por que me prendeu aqui.

— Você ainda não entendeu?! — gritou, exasperado, puxando a mão violentamente, fazendo um rasgo em meu rosto no processo. Gemi de dor, a ardência produziu lágrimas em meus olhos. — O panaca se achou muito esperto, mantendo as aparências quando acordou do coma. Você não sabe o quanto tive medo que a qualquer momento a polícia iria aparecer em minha porta. E, realmente, achei muito estranho ele nem mencionar nada quando nos esbarrávamos no hospital. — Jacob continuava a articular como se eu conhecesse seus pensamentos. Senti algo molhado em minha coxa, constatei em seguida ser o sangue que escorria do corte. — Depois, se espalhou a notícia que o grande doutor Cullen estava com amnésia — suas íris, escuras, brilhavam de fúria. — Tudo ia bem, até hoje a tarde... O otário recuperou as memórias, não é? NÃO É? — Aumentou a intensidade da voz ao não receber resposta da minha parte, agitando a faca em minha direção.

Permaneci em silêncio, congelada. Eu não queria revelar o segredo do Edward, mas temia pela minha vida. Com um som de escárnio, ele prosseguiu:

— Nem precisa responder, a sua cara diz tudo. Ele se lembra de tudo e sabe que provoquei o acidente dele.

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