IV.

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𝐌𝐈𝐖𝐀
ajuda

— Hum...— Estou resmungando pelo restaurante enquanto tento fingir que vou terminar o livro que está em minha frente.

— Queria ter ido com o Mun é? — Mo-tak provoca, eu apenas lhe ignoro e bato minha testa no livro, óbvio que eu queria ter ido no lugar de Hana, deus, eu não sou ciumenta assim, o que está acontecendo comigo, e outra, nem tem motivo para eu me sentir assim, Mun e eu somos apenas amigos...talvez nem isso mais, deus, porque as coisas não podem ser fáceis.

Acho que estou resmungando demais, Mo-tak se aproximou e se sentou ao meu lado, abaixou a cabeça ao meu lado e cutucou minha cabeça, eu me virei apenas para lhe ver me olhando, ele sorri carinhosamente, hum, me sinto melhor, mas não sei dizer ao certo porque. — Na próxima eu te ajudo. — Ele pisca para mim antes de se levantar, o sino da loja tocou logo em seguida, Mun e Hana, junto de uma mulher e uma criança.

Eu e Mo-tak nos encaramos confusos antes de lançar um olhar para Mun e Hana que parecem dizer que vão explicar tudo melhor depois.

...

Estou do lado de fora do restaurante, pra ser sincera, me escondendo do fato de precisar ter alguma interação com a criança, não sou boa com crianças, ainda mais as que passaram por coisas parecidas com as minhas, merda, que vontade de chorar.

Sino.

Olho para trás, é a criança, fico surpresa, apenas nos olhamos, ele parece curioso com o que uma mulher adulta está fazendo agachada no chão da rua observando um gato comer. Apenas aceno com a cabeça em direção ao gato, o garoto parece relutante, mas dá um passo, hum, eu não estava o chamando, apenas querendo saber se gostava de gatos.

Ele se agacha ao meu lado, e estica a mão para o gato, que se afasta de imediato, o garoto persiste e não tira sua mão, logo o gato o cheira, não vendo ameaça, o gato se esfrega na mão do garoto, que sorri de orelha a orelha, hum, até que é fofo.

Ficamos assim por longos segundos, não sei dizer quanto tempo passou, parece que foram horas, mas não acho que deixariam uma criança passar horas do lado de fora nesse frio, então presumo que não se passou nem dez minutos, mas esse silêncio faz parecer que foram horas.

— Como conseguiu? — Olho para a criança confusa, ele me tirou dos meus pensamentos, me pergunto se voltei a resmungar, mas logo disperso isso, o garoto aponta para minha mão ao ver que não entendi o que quis dizer.

— Oh, isso. — Ele está falando da grande cicatriz em minha mão, ela vai até o antebraço, passo a mão por cima da cicatriz, partes de mim que nunca irão sumir, não importa o que eu faça. — Escorrega. — Minto, pensando na coisa mais boba possível, logo me arrependo, o garoto ficou surpreso demais, será que o traumatizei o suficiente para nunca mais querer brincar no escorrega? Isso não seria bom.

— Jun! — Sua mãe parece o chamar, ele se levanta e olhamos para a porta, é Mun, na verdade, ele pede pro garoto entrar pois sua mãe está o chamando, assim que o garoto entra, Mun fecha a porta atrás de si e vem até mim, eu me levanto, escondendo minhas mãos nas costas, me esqueci dessa cicatriz.

Eu resmungo algo sem sentido e viro em direção ao gato, ele continua comendo tranquilamente, será que podemos pegar ele? Assim que penso em me virar para Mun a fim de verbalizar minha dúvida, sinto algo pesado ser colocado em meus ombros, é o casaco de Mun, eu fico paralisada, completamente surpresa e sem jeito. — Não fica muito tempo aqui fora. — Não estou vendo seu rosto, mas tenho certeza que está me olhando com aquele olhar e seu sorriso habitual.

Me sinto estranhamente segura, me viro para Mun, finalmente deixando meus olhos encontrarem o seu.

Nunca acreditei que os olhares eram a porta da alma, mas tenho a sensação que toda vez que ele me olha assim, está vendo todas as partes de mim, assim como eu, vejo as dele.

...

— É sério que você vai continuar tentando? — Hana pergunta a Mo-tak que continua a usar sua telecinese com os camarões que estamos tirando a casca, eu observo a cena segurando o riso.

— Não dê bola pra ele, daqui a pouco ele para. — Mo-tak ignora a fala da Sra.Chu e pega a pequena bacia com os camarões e leva pra outra mesa, continuando a tentar, eu sigo o conselho da Sra.Chu e foco nos camarões. — Não tem nenhum sinal desses espíritos malignos me causa um frio na barriga. — Olhamos para a Sra.Chu que expõe seus sentimentos de forma sincera.

— Tenho a sensação de que eles sabem sobre o espaço seguro. — Hana também começa a expor suas preocupações, me reeconsto na cadeira com um leve suspiro, isso é frustrante. Sinto a mão de Mun tocar a minha levemente, eu o olho confusa, ele sorri levemente para mim, sinto seu toque novamente, olho para nossas mãos, ele passou seu polegar nas costas da minha mão, seguro o sorriso para a cena, porque eu sorriria para isso? para ele?

— Eles vão aparecer uma hora ou outra, por isso, temos que estar prontos! — Seu tom de voz é de entusiasmo, eu rio de leve para Mo-tak, mesmo não conseguindo usar sua telecinese, ele é o único que parece mais esperançoso que todos nós.

...

Como se implorassemos pela desgraça, após a conversa mais cedo, mais tarde da noite, tivemos a notícia que a Srta.Minji está no hospital em situação de vida e morte. Estamos todos no hospital, pra ser sincera, eu estou do lado de fora, não quis entrar com eles, odeio hospitais e o que eles me fazem lembrar, então, estou do lado de fora, sentada no banco sozinha, tomando um café, enquanto jogo um joguinho idiota em meu celular.

Estou apenas ouvindo o barulho das árvores balançando, até ouvir passos, olho para o lado, é Mun, ele caminha até mim e se senta ao meu lado, sem emoção alguma em seu rosto, ele não diz nada, apenas coloca a mão no peito e fecha os olhos, foi para Yung conversar com Gi-wen, imediatamente seu corpo fica mole e sua cabeça despenca para meu ombro, suspiro e tento o deixar confortável para quando voltar de sua conversa.

Ele demora um pouco, mas não tempo o suficiente para eu começar a sentir-me congelar aqui fora, eu devia ter colocado mais um casaco. Sinto-o parar de usar meu ombro de apoio e me olhar, tento sorrir de forma reconfortante para ele, parece tão chateado. Acho que meus olhos pareciam curiosos demais para saber se a mulher ficou viva ou não, já que Mun apenas acenou com a cabeça que não quando a pergunta surgiu em minha cabeça.

O silêncio está confortável, então, continuamos sem dizer nada, eu decido apoiar minha cabeça em seu ombro de forma carinhosa, Mun então, apoia sua cabeça em cima da minha, ficamos assim, por um longo tempo, não sei dizer quanto, sou péssima em noção do tempo, mas parece que se passou milênios, eu poderia ficar aqui pra sempre.

[BÔNUS]

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[SO MUN] Lost, The Uncanny Counter'Onde histórias criam vida. Descubra agora