Capítulo 1

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Já estava longe o suficiente da vila Aaru para não ser rastreada, meu coração ainda batia com raiva e insatisfação.

Não foi justo com eles o que aconteceu, eu falhei em proteger aqueles que me tinham como semelhante. Eles não eram tão inteligentes como os humanos do meu mundo, mas mesmo assim tinham seu charme na vida simples.

Durante os anos em que fiquei pesquisando sobre este mundo, descobri que havia um ser chamado de rei das Maldições, Ryomen Sukuna.

Passei a buscá-lo e chegamos a lutar uma vez, lhe causei bastante dano mas não o suficiente para matá-lo.

Acontece que ele percebeu que eu não era uma feiticeira Jujutsu e ficou interessado em meus dotes... Por assim dizer, não é qualquer pessoa que se regenera mais rápido que ele ou qualquer maldição de nível especial.

Depois desta luta, meu vestido não passava de um monte de trapos cobrindo poucas partes do meu corpo. Sukuna me olhava de maneira diferente depois de se juntar à mim dentro de um lago formado por uma cachoeira. Lago este que tinha uma saída de água que corria para qualquer outro lugar desinteressante.

–Me responda mulher, o que você é? Não é uma maldição, o que você tem é parecido com energia amaldiçoada mas não é o mesmo. Assim como parece ser pura como uma virgem, também parece ser suja como uma meretriz humana.

–Está curioso sobre mim, rei das maldições? - Gargalhei enquanto molhava meus longos cabelos. –Não sou nada que você possa compreender tão facilmente, mas faça um esforço e talvez eu diga.

Seu corpo se aproximou do meu, a boca em sua barriga sorria assim como ele.

–Não há nada como você neste mundo, então suponho que você não é dele. - Sua voz convencida me arrancou um riso.

–Ding ding ding! Acertou. Por ora é tudo o que saberá, ainda não te perdoei por matar as pessoas da vila Aaru. Talvez daqui mil anos poderemos conversar. - Me levantei e saí da água, de costas para ele puxei meu cabelo para o lado para poder tirar o excesso de água.

–Firmou um pacto com alguma maldição? - Sua presença se aproximou um pouco.

–É uma marca do meu familiar, você nunca irá vê-lo se quer saber disso. Até mais Sukuna, espero não te ver tão cedo.

Usando o ether, materializei uma roupa simples e a vesti, em seguida prendendo meus longos cabelos.

Com um salto, me distanciei dele o suficiente para começar a flutuar novamente.

Alguns séculos se passaram e descobri que ele foi derrotado, gargalhei tanto que minhas bochechas começaram a doer.

Neste exato momento caminhava pela capital do Japão, procurando tecidos de alta qualidade e costureiras capacitadas para poderem me vestir.

Senti uma grande quantidade de energia amaldiçoada e comecei a caminhar discretamente para longe dela. Não era uma maldição, mas sim um feiticeiro muito habilidoso e poderoso.

Não gostaria de ter o mesmo destino que Ryomen mas a merda já estava feita no momento em que decidi ir à capital.

Mesmo que tentasse despistar nada iria adiantar então caminhei até o lugar mais deserto que encontrei com minha audição.

–Vai me matar também? - Disse, de costas para a pessoa.

–Não, você é diferente dele. - Me virei apenas para poder observar os olhos dele. –Sou Sugawara Michizane, gostaria de saber seu nome.

–[Nome] La Unua, ou Shiva se preferir. - Cruzei os braços.

–É uma honra poder conhecer a protetora da vila Aaru. - Sua voz estava calma, quase como se me dissesse que sentia muito pela perda.

–Vejo que investigou muito bem o meu passado, o que quer?

–Escute, logo eu morrerei e um ser chamado Kenjaku vira atrás dos meus descendentes, não custumo acreditar em profecias mas depois que vi que continua a mesma depois de décadas acendeu essa esperança.

Fui com ele, interessada em saber mais sobre Kenjaku. Nome este que já havia escutado algumas vezes, não custava nada ir e aprender mais.

Décadas se passaram até que decorei todo o percurso deste feiticeiro maligno e me distanciei de Sugawara, com a promessa de que iria impedir os planos dele.

Mas subitamente, ele desapareceu do meu radar.

Recebi a notícia que Sugawara Michizane havia deixado este mundo e seus descendentes haviam herdado suas técnicas.

Desde então mil anos se passaram, me tornei uma reclusa empenhada em minha pesquisa para poder reabrir a fenda para meu povo.

Todavia, todas as tentativas falharam.

Ignorei as mortes dos portadores dos seis olhos por Kenjaku por um tempo, até que o mundo Jujutsu mudou.

As maldições subitamente ficaram mais fortes então soube que havia nascido alguém com os seis olhos e com o ilimitado.

O nascimento da Gojo Satoru alterou o funcionamento deste mundo, que me acendeu uma fagulha de esperança.

Talvez com ele eu pudesse realizar a minha missão e retornar pra casa.

Durante este tempo me apresentei à Tengen e pedi permissão para ingressar na escola Jujutsu, expliquei sobre o meu objetivo e minha trajetória não esquecendo de mencionar tudo o que sabia sobre Kenjaku.

Fui aceita sem mais delongas e depois de um teste de força, me colocaram na categoria especial. Fui enviada para o exterior para acabar com algumas maldições e passei algum tempo fora do Japão.

Os arquivos que falavam sobre eram guardados à sete chaves então os alunos não sabiam da minha existência.

Depois de tanto tempo, enfim desembarquei no Japão novamente.

–Irei sentir falta do Brasil, foi bom voltar lá depois de tanto tempo. - Infelizmente os povos originários que conheci não existiam mais, mas pude aprender a falar o novo idioma daquele país.

O janela da escola me esperava do lado de fora do carro, tirei meus óculos de sol e o cumprimentei. –Já faz um tempo, como tem estado senhorita [Nome]?

–Estou bem, gostei de viajar pelo mundo. A escola poderia fazer isso mais vezes. - Soltei um riso que o contagiou, entramos no carro e lá estávamos rumo à escola mais uma vez.

A motorista que foi designada à mim desde que entrei na escola, Aoi Watanabe, dirigia de maneira calma e sem pressa.

–As roupas que você normalmente gosta de usar já estão no seu dormitório, além do novo uniforme. Tudo foi organizado segundo seus pedidos, devo atualizar a senhorita sobre o que aconteceu na escola durante o período em que esteve fora. - Pegou a pasta de arquivo do lado do passageiro e me entregou.

Li tudo com atenção, Suguro Geto... E pensar que esse rapaz realmente se inclinou para este lado...

Seus poderes, habilidades... E Gojo Satoru.

Ele era um descendente de um dos três grandes espíritos amaldiçoados e havia herdado as técnicas de Sugawara como imaginei.

Vermelho... Azul... Roxo... Ilimitado.

Depois de terminar de ler tudo, suspirei.

–Yaga agora é o diretor, certo?

–Sim, ele irá recebê-la junto de Nanami Kento e Gojo Satoru.

Pelo que li, Satoru deve ser uma pessoa extremamente segura de si, segura até demais. Irei rezar por paciência.

Dejɑ vu - (Sɑtoru X Leitorɑ) Onde histórias criam vida. Descubra agora