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CHRISTOPHER UCKERMANN 📜

Quando comecei na faculdade achei que não aguentaria, sorte a minha que fiz dois ótimos amigos e conheci alguém que despertou em mim a vontade de tentar ser feliz novamente. Antes disso eu já havia tentado outras milhões de vezes, mas ninguém parecia ser tão interessante.

Muitas vezes me peguei pensando nela e foi difícil ter que dizer pra mim mesmo que já estava na hora de parar com esses pensamentos, que eu precisava seguir em frente e continuar preso a isso poderia significar um atraso em minha vida.

Há quatro anos atrás dei a Miranda, minha então colega de curso na faculdade, uma oportunidade. Eu não esperava me envolver com alguém tão cedo, mas ela me fez sentir tão confortável e seguro para expressar meus sentimentos que não pensei muito antes de seguir minha vontade.

Ela é carinhosa, amorosa comigo e me apoia incondicionalmente. Hoje tenho minha própria loja de motos em que eu mesmo administro e meus amigos trabalham junto comigo, ela também tem seu próprio emprego em uma empresa de marketing e é muito boa no que faz.

— E como andam as coisas entre você e a Miranda? — pergunta Christian enquanto faz algumas anotações no computador.

Alfonso e eu estamos sentados em bancos próximo ao balcão e ele do outro lado concentrado no que faz, mas não deixando de querer conversar com a gente mesmo assim.

— Está tudo bem, por que? — perguntei.

— Já pensou se a sua ex volta do nada e resolve ir te procurar? — ele me diz isso sem tirar sua atenção do computador.

— Ei, Christian. Ficou maluco cara? Fazendo esse tipo de pergunta pro Christopher. — repreendeu Poncho.

— Qual é mano, isso passou pela minha cabeça e eu pensei em falar pra ele. Só isso.

— Era melhor ter guardado pra você cara. — eu disse após acabar lembrando de tudo.

— Isso ainda mexe contigo? — perguntou Poncho.

— Eu só não gosto de lembrar, entendeu? Pra mim ainda é confuso pensar no que aconteceu.

— Engraçado isso, porque já faz tanto tempo. — disse Christian.

— Eu sei, mas se parar pra pensar… Parece que foi ontem e tudo ainda é constante.

— Tem que parar de pensar nisso cara, você tá namorando outra pessoa agora e já estão metade desse tempo juntos. — disse Poncho.

— Eu não estava pensando, mas o Christian acabou de me lembrar né. — revirei os olhos.

Não sinto mais o que sentia antes quando ouvia o nome ou lembrava dela, sinto como se meus sentimentos tivessem ido embora junto com toda aquela dor. Sempre fui muito emotivo e talvez por isso eu tenha sentido demais toda a ausência e um certo desprezo por parte dela, mas já não importa porque eu tenho outra pessoa comigo agora e a minha vida se refez a partir do momento que comecei na faculdade e os anos foram passando. Sinceramente não quero me apegar a essas memórias, às vezes você está bem, bem até se lembrar de tudo novamente.

Terminamos as coisas que tínhamos para fazer naquele dia e eu fechei a loja mais cedo, fui pra minha casa e mais tarde Miranda passaria lá.

— Oi filho, chegou cedo. — disse minha mãe que estava na cozinha.

— Por hoje encerramos o trabalho. — me aproximei, dei um abraço e ela um beijo.

— Alguma coisa me diz que tem algo de incomodando, te conheço muito bem viu?

— Não foi nada. — mirei o chão.

— Tem certeza? — me olhou com estranheza.

— Na verdade, foi só uma coisa que o Christian disse quando a gente estava lá na loja.

— Ele sempre fala demais, o que foi dessa vez? — riu pelo nariz.

— Me perguntou se eu já pensei que a minha ex poderia voltar para o México do nada e me procurar.

— Essa ex é a Dulce, não é? — e eu assenti com a cabeça baixa.

Ouvir minha mãe dizer o nome dela, novamente me levou para uma daquelas lembranças da época em que namorávamos. Eu estava em uma espécie de sentimento de nostalgia e não estaria pensando em nada disso, se não fosse por Christian e sua boca grande.

— Ouvir o nome dela ainda te causa uma certa surpresa, não é filho?

— Como pode saber tudo que eu sinto?

— Porque eu sou sua mãe, você nasceu de mim e eu te vi durante anos apaixonado por alguém que foi embora e não voltou mais.

— Eu te juro que não penso nela, só que tê-la de novo nos assuntos é como visitar o passado, entende?

— Entendo, você revisita seus antigos sentimentos e sensações. Se faz os mesmos questionamentos e não entende o porquê.

— É exatamente essa a sensação, eu achei que não sentiria pois já se passou tanto tempo.

— Filho. Independente de quantos anos passem, você nunca esquecerá alguém que amou tanto. Geralmente os nossos sentimentos mudam, assim como a importância que ela tinha na nossa vida, mas nunca esquecemos.

— Sei que não devo me importar com isso, porque agora eu tenho outra pessoa na minha vida e a Miranda merece tudo de bom.

— Sim! Por isso, se ainda não falou com ela sobre isso, seja sincero e diga de uma vez por todas.

— Eu falei, na época que começamos a namorar. Mas ela não sabe que lembrar da Dulce, ainda mexe comigo de certa forma.

— Está aí, uma coisa que precisa ser dita.

Minha mãe tinha razão, agora eu estou em outro relacionamento e preciso ser sincero com a pessoa que está ao meu lado. Esconder a verdade poderia ser o primeiro passo para magoá-la muito e isso não é algo que eu quero.

Realmente não pensei que precisaria revisitar esse assunto novamente, mas a pergunta de Christian se manteve presente em minha mente. Eu não consigo imaginar uma reação, caso Dulce voltasse outra vez para minha vida algum dia.

Fighting for Love (Vondy)Where stories live. Discover now