Capítulo 21

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A sala estava repleta de ursinhos de pelúcia em tons pastéis, criando uma justaposição estranhamente harmoniosa com o homem de terno esfarrapado e ensanguentado.

'Onde estou?'

Dietrich limpou o sangue do monstro das mãos com um pano.

A náusea o dominou. O sangue era nojento, como sempre.

Embora fosse um monstro e ele conseguisse aguentar de alguma forma, ainda era uma luta horrível, pois seu corpo parecia estar sendo todo roído.

Sempre acontecia assim quando ele segurava sua espada.

'Mantenha o foco.'

Dietrich disse isso para si mesmo, evitando que seus pensamentos se dispersassem.

'Que tipo de quarto é esse?'

Dietrich veio aqui aparentemente em transe.

—Tem coisas bonitas lá. Eu quero dar uma olhada.

Talvez por ser um quarto de criança, parecia mais claro e bonito em comparação com os quartos pelos quais havia passado até então.

No entanto, havia uma energia profundamente perturbadora no interior.

No momento em que ele mostrou as costas, arrepios percorreram sua espinha. Foi a sensação de que um monstro surgiria e o devoraria inteiro.

Com certeza, naquele momento, um monstro gigantesco na forma de um ursinho de pelúcia atacou-o com dentes afiados brilhando.

'Afinal, era uma armadilha.'

Ele se deixou levar pela bondade da mulher novamente?

A risada escapou dele por pura decepção.

Ele olhou para o ursinho de pelúcia gigante que havia sido dividido ao meio como se tivesse sido cortado por uma espada. Então, descobriu algo dentro do recheio do ursinho, um pedaço de papel.

'O que é isso?'

'O diário de S?'

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Condizente com a rica dama nobre, esta mansão é formada e equipada apenas com as coisas mais caras e luxuosas.

No entanto, entre os pertences daquela nobre senhora, um desses itens é a coisa mais feia que poderia existir.

É o ursinho de pelúcia preso firmemente em seus braços pequenos.

Era velho, com os braços soltos e não parecia nada impressionante.

Mas a jovem adorou o ursinho de pelúcia que sua falecida mãe lhe deu de presente.

Ela nunca se separou disso por um momento. Nem ao comer, nem durante as aulas, nem mesmo ao dormir.

Hoje, presenciei a jovem revendo suas lições enquanto conversava com o ursinho de pelúcia.

Pobre jovem.

As pessoas dizem que ela não consegue se separar da falecida mãe e é por isso que ela age dessa maneira.

Mas por que ela parece diferente aos meus olhos?

Suas costas pequenas parecem estar lutando contra uma sensação avassaladora de solidão.

Lamentável jovem.

—Trecho do Diário de S

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Era uma situação incompreensível, mas não parecia certo simplesmente descartá-lo.

Ao examinar cuidadosamente a sala, Dietrich notou a mulher parada ali perto, parecendo atordoada.

Ele nem percebeu a presença dela.

Embora surpreso, ele chamou calmamente a mulher.

"O que você está fazendo, parado aí sem expressão?"

A resposta dela foi lenta. Ela se virou um pouco atrasada.

Naquele momento, Dietrich não conseguia tirar os olhos dela.

Cabelo dourado esvoaçante, dois pontos no pescoço fino e pálido. Uma roupa de empregada que não combinava muito com ela.

Tudo parecia igual, exceto por uma coisa.

...Seus olhos vermelhos.

Não mais olhos azuis, e sim vermelhos.

"Quando você entrou na sala?"

Ele perguntou, observando a mulher.

"É como se você tivesse aparecido do nada, como um fantasma."

"......"

"Não sei por que você veio aqui, mas precisa ir embora. Há uma presença perturbadora nesta sala."

Embora tivesse a premonição de que não deveria olhar diretamente nos olhos vermelhos dela, sua primeira prioridade era tirar a mulher dali.

Embora a maldição ou os monstros da mansão não pudessem atacá-la, a sensação estranha que ele tinha não podia ser ignorada.

"É perigoso. Então, por favor, saia."

"......"

"Você não pode me ouvir? Por que você está apenas..."

"Então você já chegou à sala das bonecas. Impressionante, não é?"

Dietrich ficou em silêncio, sentindo claramente uma atmosfera distintamente diferente.

"Para ser honesto, pensei que você morreria antes de chegar tão longe."

"...Você."

As palavras da mulher, expressando pena por sua existência, fizeram Dietrich franzir as sobrancelhas.

"Devo ter subestimado você."

Na sua voz, no seu olhar.

Dietrich sentiu isso profundamente.

Ele suspeitava que a mulher o tratava como um brinquedo, mas era isso que realmente significava ser um brinquedo.

"Continue sobrevivendo bem assim no futuro."

A mulher moveu-se suavemente como se estivesse fluindo como água e abraçou o ursinho de pelúcia rosa. Ela acariciou suavemente a cabeça da boneca como se estivesse acariciando um animal de estimação, fazendo com que a boneca em seus braços se contorcesse.

—Kirik, Kigigik, Jikjik...

Risos que soavam como raspagem de metal ecoaram.

Dietrich imediatamente desviou o olhar para a direção de onde vinha o som – o ursinho de pelúcia rosa que Charlotte segurava.

—Kigigigik, Kigigigik... Vamos brincar.

Naquele momento, os bonecos que enfeitavam a sala começaram a se mexer.

Confined Together With The Horror Game's Male Lead - NovelWhere stories live. Discover now