• CAPITULO 13

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Luísa matou o seu segundo leão do dia. O primeiro era encarar Lucca, era estranho o ter por perto, muitas vezes era melhor que aquela parede invisível que ela criou ainda estivesse sem esses furos aparentes que o deixavam passar.

E também enfrentou Vitor, o cara que se ela tivesse conhecido a dez anos antes ela acreditaria que estivesse apaixonada por ele. Ele sempre foi um bom ouvinte, e um grande amigo. Acontece, que desde que Lucca tentou essa reaproximação inesperada, Vitor acabou perdendo as rédias.

E agora era hora do último leão. Carol. Por mais que ela fosse tranquila, e na hora não demonstrou reação, Luísa sabia que Carol nutria uma paixonite por Lucca, e sabia que ao beijá-lo, feriria os seus sentimentos e o da amiga.

"Me responda quando puder."

Luísa bloqueou o celular, nem sinal de resposta de Carol. Ela encarava o teto, pensando quando foi que havia perdido o controle de toda sua vida.

E nesse momento, ela não fazia ideia. Queria cavar um buraco e se esconder na areia, mas também queria dar a cara a tapa e tentar algo diferente. Ela sabia que mesmo que Lucca prometesse o mundo aos seus pés, o pai dele era muito influente, tanto socialmente como psicologicamente em Lucca, e sabia que talvez o mesmo não estivesse cem por cento disposto a isso. No fundo, isso é o que mais dói, a incerteza do futuro, o medo da rejeição e de assistir sua vida passar diante de seus olhos e você não poder se mover para nada.

***

Lucca estava sentado na mesa de estudos que tinha no seu quarto. O mesmo encarava os papéis em sua frente quando a porta foi aberta.

– Eu preciso conversar com você. – A voz era de Michael, seu pai. Ele vinha poucas vezes ao quarto de Lucca e sabia que sempre que aparecia era pra arranjar alguma encrenca.

– Estou te ouvindo, pai. – Lucca disse e se virou na cadeira, e se deparou com seu pai arrumado, ele possivelmente iria viajar a negócios.

– Um amigo seu, me contou do seu recente envolvimento com aquela garota. – A voz dele era dura.

– Quem? – Quis saber Lucca, por mais que no fundo soubesse quem falou. – Não entendi, onde você quer chegar?

– Você sabe onde eu quero chegar. – Ele falou friamente. – Temos um acordo, não se relacione com filhos de funcionários, ou você vai ficar sem mesada, e os funcionários sem empregos, e tudo por sua causa.

– Eu. – Lucca abriu a boca para falar algo, mas a manteve fechada, da última vez que ele falou sobre sentimentos com seu pai, ele aceitou esse acordo, seria o melhor para Luísa. E então ele se perguntou o que sua mãe falaria sobre isso. – Eu e ela não temos nada. – Ele disse o olhando e logo após desviou o olhar.

– Você sabe que é melhor assim. Você vai encontrar alguém que, seja igual a nós. – Ele disse e colocando a mão na maçaneta da porta. – Cuide de sua mãe, voltarei na terça-feira.

Lucca apenas assentiu com a cabeça. Não sabia quando seu pai havia se transformado em um homem sem escrúpulos nenhum, e não sabia o porquê a sua mãe nunca se divorciava dele. A mãe dele merecia alguém melhor, alguém que visse mais do que a conta bancária das pessoas. Alguém que visse o mundo com outros olhos.

Você me odeia? Talvez.Onde histórias criam vida. Descubra agora