09 (Reescrita)

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Depois de passar o dia trancado no quarto, observando a fazenda pela varanda e perdido em meus pensamentos, cheguei à conclusão de que não, eu não mereço o jeito que Robert me trata. A ausência de amor da parte dele era palpável; tudo o que recebia eram mágoas e tristezas. Olhando para a forma como Louis me tratava, mesmo após tão poucos dias, percebi que o problema não estava comigo, mas sim com Robert.

O som de um ronco alto me faz sair dos meus devaneios. Robert já estava dormindo, e a noite avançava. Olho para o celular no criado-mudo: 00:00. O estômago ronca, lembrando-me que não almocei nem jantei. Coloco uma jaqueta que encontro no sofá, pego meus sapatos e celular e saio do quarto, decidindo que precisava de um respiro.

O corredor escuro parece mais assustador a cada passo, com a madeira rangendo sob meus pés. Desço as escadas com cautela, tentando não fazer barulho. A casa está em completo silêncio, todos devem estar dormindo.

Calço os sapatos na sala e destranco a porta da frente, saindo para a escuridão da fazenda. Não sei exatamente o que estou fazendo, mas não quero ficar ali. Respiro fundo, tomando coragem, e acendo a lanterna do celular, iluminando o caminho à minha frente. O medo aperta meu peito, mas minha determinação é maior.

Após alguns minutos caminhando por uma trilha, avisto as luzes acesas da casa de Louis. Acelero o passo até a varanda e bato levemente na porta.

– Louis? É o Harry, você tá aí? – falo em um sussurro, mas não ouço nada em resposta. Bato novamente, desta vez com mais firmeza.

– Lou? – chamo mais alto, um frio na barriga.

– O que você está fazendo aqui?

Então, Louis surge de repente atrás de mim, e eu dou um pulo pelo susto, a adrenalina correndo nas veias.

– Ah meu Deus, que susto! – Coloco a mão sobre o peito, tentando me acalmar. Louis está sem camisa, apenas de calça de moletom, e a visão de seu corpo coberto de tatuagens me faz esquecer, por um momento, do que deixei para trás. – Eu... não consegui dormir.

Ele cruza os braços, a expressão dura.

– E acha que andar pela fazenda à noite vai ajudar? Você sabe que horas são? – pergunta, com um tom de reprovação.

Sinto um peso na consciência.

– Você tem razão, eu não deveria ter vindo... – digo, a voz baixa. – Desculpa atrapalhar você, eu vou voltar.

A tristeza me invade, e então começo a me afastar.

– Merda... Harry, espera! – Ele me puxa de volta. – Me desculpa, eu só... fiquei preocupado e com raiva.

– Com raiva? De mim? – Pergunto um pouco confuso.

– Raiva da forma como Robert te trata! – A frustração transparece em sua voz. – Você não apareceu para almoçar ou jantar! Eu fiquei preocupado!

– Eu estou bem, eu quem não quis descer. – A mentira sai com dificuldade, mas dou um passo em direção a ele.

Louis se aproxima, segurando meu rosto entre as mãos, seus olhos azuis cheios de preocupação enquanto me analisa.

– Ele te machucou? – Sua voz treme, e vejo a fúria crescer em seu olhar. – Se ele fez alguma coisa, eu juro que mato aquele desgraçado!

A intensidade de sua preocupação faz meu coração disparar.

– Eu tô bem – tento rir, mas é nervoso, e coloco as mãos sobre as dele. – Eu só queria te ver.

– Você é um bobo por ter vindo aqui a essa hora. – Ele ri, mas a preocupação ainda está ali, visível.

Farm Love (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora