Capítulo 3

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Capítulo 3

Quando a semana do natal chegou, pela primeira vez Ana não estava animada com a data. Sua mãe e ela ainda estavam na casa de Christian, a neve ainda caía muito forte do lado de fora e Ana ainda tinha pesadelos com o frio.

Mas depois de três semanas inteiras dentro daquela casa, e muitas vezes dentro do quarto também, Ana sentia que havia perdido toda e qualquer capacidade de socializar com outras pessoas que não fossem Christian e Carla. E aquilo teria de mudar pois o Grey informou que sua família chegaria em breve para a data comemorativa.

Ele havia sido gentil o suficiente para perguntar se estava tudo bem para Ana, como se a casa não fosse dele e ela quem estivesse ali como hóspede. Não estava tudo bem. Mas o que ela iria dizer? Não, não quero sua família aqui mesmo que essa seja a sua casa.

E ela também não conseguia se ver voltando para a própria casa, todo aquele barulho, aquelas pessoas o tempo todo, foi tão fácil se acostumar com o silêncio e calmaria.

Mas sabia que em breve aquilo teria que mudar. Mais uma vez enquanto chegava ao corredor que ia para a cozinha e a sala, ouviu as vozes de Christian e Carla. Eles falavam muito baixo, provavelmente para ela nao escutar, mas o tom não era amigável de nenhum dos lados e o coração de Ana apertou.

Não via Christian e Carla muito juntos, não sabia o que exatamente eles eram ou se apenas não queriam ser afetuosos na sua frente por respeito. Mas era a segunda vez que Ana ouvia uma discussão deles mesmo não conseguindo entender do que se tratava.

Ao chegar na cozinha, continuou de costas, não querendo atrapalhar, se sentou num dos bancos do balcão e pegou uma maçã da fruteira, a fome perdida de repente.

_ Isso não vai ser bom para ela, você quer forçar a garota - Christian murmurou baixinho, e ele parecia mesmo irritado.

_ Agora está querendo me dizer como criar minha filha - Carla devolveu no mesmo tom. - Ela é minha filha, eu sei o que é melhor para ela.

_ Voce não está sendo racional, Anastasia tem dezesseis anos, não seis. Você pode perguntar a ela o que ela acha melhor, e nao simplesmente decidir como uma ditadora - ele rebateu.

Carla pareceu perder o controle assim, e Ana sabia que a coisa que mais tirava sua mãe do sério era quando duvidavam de sua capacidade de cuidar de Ana.

_ O que você sabe sobre isso? Não conhece minha filha, e muito menos a mim. Eu cuidei dela sozinha desde que ela nasceu, e ela é a melhor pessoa do mundo. Pelas minhas decisões, ela é quem é hoje. Não preciso de você me dizendo o que é bom ou não para minha filha, Christian - ela bradou alto e exasperada. - Ela vai se sentir melhor assim...

_ Nao, não vai - Christian pareceu se irritar de verdade dessa vez, bufando em seguida. - Você vai sentir melhor, Carla. Você não consegue lidar com isso e quer ela longe, isso sim. A porra de um colégio interno. Qual o seu problema? Sua filha precisa de você e não de um bando de gente estranha lhe dizendo até a hora a de dormir.

_ O que você sabe sobre o que ela precisa!? Acha que passar alguns dias perto dela lhe dá o direito de alguma coisa? Lhe dá algum conhecimento sobre algo? Você tem vinte anos, não sabe nada da vida e muito menos sobre cuidar de uma criança, praticamente tem a idade dela!

_ Ah, agora eu sou uma criança também? Não lembra disso quando vai para cama comigo!

Ana preferiu voltar para o quarto nesse minuto, não querendo mais ouvir sobre nada daquilo.

Seu coração batia rápido e suas mãos suavam. Do que estavam falando? Colégio interno? Sua mãe faria mesmo aquilo?

Ela não sabe quanto tempo ficou lá, os gritos deles aumentaram, mas Ana não ficou nervosa como ficava quando sua mãe brigava com os antigos namorados. Christian tinha todos os sinais de que jamais levantaria a mão para sua mãe e nunca a magoaria de verdade.

Você Me Trás Para Casa - 50 TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora