Capítulo 15 - Saquinhos de Pipoca

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Natasha point of view

Estávamos há uns três... Quatro minutos abraçadas na sala, eu acho. Não sei o que estávamos fazendo, mas não me preocupei de forma alguma.

Meus dedos passearam no cabelo longo sobre suas costas, senti ela se ajeitar com o ato, ainda sem dizer nada. Não queria arriscar ser grossa e afastá-la, mas precisávamos nos livrar uma da outra em algum momento. Vi gotas se formarem paradas no vidro e percebi que a chuva já havia cessado, desencostei meu queixo dela para chamá-la.

— Wanda. — Ela ergueu a cabeça como se tivesse saído de um devaneio. — A gente tem que ir dormir. Está tudo bem? — perguntei por fim, percebendo seu semblante distante. Ela me olhou umedecendo os lábios e demorando um pouco até dizer algo.

— Eu só estava pensando em algo que meu irmão me disse.

— E o que era? — Fui calma, tentei transmitir conforto olhando em seus olhos. Sua boca formou um sorriso nostálgico ao perceber, seu rosto se virou para o vidro.

— Disse que quando eu estivesse em um prédio, iria sentir como se estivesse fugindo do mundo, me sentir segura. — Sorriu triste. — Já eu achei que sentiria aflição.

— E qual dos dois você sentiu?

— Aflição. Não por estar no alto, pelas circunstâncias. — Me encarou para continuar. — Mas acho que agora posso estar me sentindo segura.

Seus olhos estavam passeando nos meus, esperançosos com o que disse, pareciam confiar em mim. Pude sentir ao mesmo tempo cada parte minha que tinha contato com ela, e como naquele momento onde você fica sóbria do álcool, percebendo o que está fazendo, eu senti o peso da consciência bater.

Não podemos ficar desse jeito.

Desviei o olhar sutilmente para que não percebesse minha mudança de expressão.

— Que bom.

Ela fez o mesmo olhando meu busto outra vez, acho que se dando conta de como estávamos. Quando iríamos nos afastar, ela coçou um olho. Estava cochilando em mim? Toquei seu cotovelo na intenção de mantê-la ainda perto.

— Wanda.

— Hm?

— Ultimamente você está se cansando mais que o normal.

— Estou?

— Isso é comum para você?

Ela piscou algumas vezes, pensando na resposta.

— Eu acho que sempre fui assim desde que fui voluntária da HYDRA, por quê?

Seus olhos estavam em mim e sua testa franzida. Comecei a associar alguns acontecimentos e a disposição dela seguido deles. Seu humor e sono desregulado... Talvez fosse um cansaço comum, mas considerando as circunstâncias, poderia ter algo errado com sua saúde.

— Eu só fiquei preocupada.

— Ah. Acha que tem algo errado comigo?

Balancei brevemente a cabeça em negação.

— Não "com você", mas quando voltarmos ao Complexo, precisamos cuidar disso, por precaução. — Dei ênfase no "precisamos", não quero que pense que estou me afastando ou algo do tipo.

— Tudo bem.

Ficamos sorrindo uma para a outra, ela um pouco mais sonolenta.

— Vem, vamos dormir. Seus olhos estão fechando. — Arrastei meu indicador em seu nariz, fazendo-a abrir mais os olhos.

Tudo Vermelho - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora