A fuga

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Na manhã do dia seguinte, Maya abriu os olhos e a primeira visão que teve foi a de um homem alto, forte e loiro dos olhos azuis que a encarava, sentado ao seu lado. Quem era ele mesmo? Ela se questionou. Tentou levantar mas lembrou que estava ferida devido às dores que sentiu ao tentar se mexer. Em questão de segundos um filme se passou na sua cabeça e ela recordou-se do que havia acontecido na noite anterior.

André, prontamente se levantou e pegou um copo de água para ela, estendeu a mão em sua direção, segurando o copo e sorrindo, como se tivesse tomado alguma droga da alegria.

- Bom dia! Não faça muito esforço, você precisa de repouso. Toma água, sua garganta deve estar seca.

Maya cerrou os olhos, olhou para o copo diante dela e encarou André por alguns segundos. Não disse nada, apenas pegou o copo e bebeu a água. A garganta realmente estava seca.

- Eu tomei a liberdade de trazer uma roupa para você, não pude encontrar a sua então fui à cidade e comprei esse vestido.

André se apressou para pegar uma sacola, voltou um pouco eufórico, segurando a sacola com as duas mãos. Ele parecia uma pouco nervoso, Maya notou que suas sobrancelhas não paravam de tremer.

- Eu vou abrir para você, se você gostar eu te ajudo a vestir.

André tirou um roupa enrolada num papel da sacola, abriu o papel e o deixou cair no chão. Sacudiu a roupa e a esticou. Maya arregalou os olhos, tapou a boca e abafou um sorriso.

- O que foi, você não gostou? – André franziu as sobrancelhas.

- Não é isso – Maya se esforçou para se manter séria e continuar o que dizia – é que você comprou um vestido longo para madrinhas de casamento, o vestido é lindo, amarelo é a minha cor favorita, eu só não tenho aonde usar um vestido desses.

O semblante de André mudou de preocupado para pensativo. Ele coçou a barba, olhou para o vestido, olhou para Maya, coçou a cabeça e retornou a olhar para o vestido.

- Tive uma ideia! – Disse, eufórico. – Você aceita o vestido como um pedido de desculpas pelo que te causamos, depois eu vou te levar a um lugar que vai combinar com este vestido, que tal?

Maya pensou por um momento, sem conseguir conter o sorriso que tomava conta do seu rosto.

- Você já tinha isso tudo planejado, não tinha?

- O que? Eu? Planejado? Não sei do que está falando, comprei o primeiro vestido que vi pela frente. – André deu de ombros, e fez uma careta tentando dissimular descaso.

- Eu sou muito grata por tudo que tem feito por mim desde ontem, mas não acho que sou a companhia ideal para você.

André surpreendeu-se, não esperava aquela resposta. Suas expressões exageradas foram embora e ele ficou sério, sem nenhuma expressão, como se fosse um boneco. Maya pôde ver a frustração quando ele desviou o olhar e colocou o vestido de volta na sacola.

- Eu sei o que vocês estão fazendo, gostaria que vocês fossem embora. Eu gostei de você, mas não acredito que seremos amigos a partir do momento que eu deixar este alojamento.

André balançou a cabeça negativamente.

- Você não me conhece, Maya. Eu sei que você estava mentindo com aquela história sobre magia para atrair um amor.

- Eu também sabia, ela não mente muito bem! – Disse Ricardo, entrando no local de surpresa, acompanhado por mais quatro homens. – O nome dela é realmente Maya, eu não pude deixar de ouvir a conversa. Ela é uma dessas ativistas nigerianas que querem expulsar os sulistas do Brasil do Norte.

2100Where stories live. Discover now