Lie

12 4 1
                                    

Celine Hernández

Fico sem reação nos primeiros segundos, mas então sinto toda a angústia e raiva pelas mentiras de Ethan, continuo parada na porta, minha vontade é de gritar, exigir uma explicação, ao mesmo tempo que tenho vontade de sumir e nunca mais olhar na cara desse mentiroso, mas não faço nenhuma das duas coisas, parece que minha voz e minhas pernas não me obedecem, seguro minhas lágrimas.

Olho para o rosto de Ethan e não consigo o reconhecer, seu olhos estão escuros e seu rosto está transformado pelo ódio.

- Celine, sobe. - sua voz soa tão rude.

- Não. - não vou aceitar isso. - Eu vou ficar, o porque não posso ouvi sua conversa com ela?! Quero estar aqui para escutar a história que irá inventar com sua parceira para me enganar. - as lágrimas que estava segurando começam a rolar no meu rosto.

- Não seja ridícula, ela não é minha parceira, sobe, que depois te explico. - nego, minha vontade de ir embora só aumenta.

- Criança, escuta nosso Ethan, isso é conversa de adulto. - aquela mulher sorri de forma cínica e meu estômago revira.

Viro as costas e subo para o quarto, meu coração está despedaçado, como ele pôde não me contar que tem um filho com a prima, se é que eles são mesmo primos. Será esse motivo dele resistir tanto a me apresentar a família dele.

Sou tão covarde, era para eu estar lá e ouvir o que eles falam. A única coisa que escuto daqui é o choro sofrido do bebê, meu coração se aperta e minhas mãos vai para minha barriga e penso no meu bebê. Meu Deus, esse bebê pode ser irmãozinho do meu, levanto e vou atrás do bebê. Desço as escadas e não os encontro na sala, me guio pelo choro do bebê e vou em direção a sala de TV, entro e vejo uma senhora segurando o bebê.

- Oi, sou a Celine, namorada do Ethan. - ela franze a testa.

- Namorada? - ela me olha confusa e eu concordo. - Sou Ruth, trabalho para ele. - seu olhos volta para o bebê que continua chorando, me aproximo mais. - Ele não para de chorar, acho que é fome, ia pegar uma fruta para ele mas Ethan pediu para não sair daqui. - estendo meus braços para ela pedindo o bebê.

- Eles não estão na sala, me dá o bebê, vai lá pegar algo para ele, pobrezinho parece faminto. - ele chora e suga os dedos com força. Ela me entrega, ainda incerta, o bebê.

- Já volto. - eu concordo e ela sai.

Encaro o bebê que se encosta em mim cansado e choroso, acaricio suas costinha, sinto meu peito quentinho, só de pensar que daqui uns meses estarei segurando um bebê que vai ser meu filho dá uma sensação estranha de satisfação.

Ele está vestindo uma blusinha regata e um short de tecido fino, seus pesinhos estão descalço e um pouquinho sujinho, provavelmente deve estar quase andando, na sua boquinha tem poucos dentes, ele é gordinho, tão pequeno, na sua cabeça tem ralos cabelos loiros, seus olhos são de tom azuis tão claros quanto de Ethan, olhando bem em seu rosto consigo ver o quanto ele lembra Ethan, sinto vontade de chorar por ter certeza do óbvio. Me sento com ele em meus braços, vejo a Ruth entrar com potinho e uma colher na mão.

- Trouxe um mamão. - assinto e ela senta ao meu lado que coloca a colher com um pedacinho de mamão na boca do bebê que aceita afoito.

- Viu o Ethan? - ela suspira sem jeito.

- Ele saiu, pediu para você esperar ele chegar, disse que não vai demorar. - meu peito se aperta de tristeza.

- Ela estava com ele? - pergunto com a voz embargada, ela só nega com a cabeça e continua alimentando o bebê. Sei que mentiu, para onde ele foi com ela? Porque ele não fala comigo?

Suspiro, tentando aliviar a angústia.

- Tá sentindo esse cheiro? - olho para o bebê que boceja satisfeito.

- Eu acho que é ele. - faço uma careta quando constato que o cheiro vem do bebê que está esparramado no meu colo.

- Levanta ele que vou olhar. - faço o que ela pede, ela abaixa um pouco o short dele e puxa a fralda para olhar dentro. - Ele tá cagado. - me levanto com ele e o entrego para Ruth.

- Pode levar ele para o quarto de hóspedes, irei pedir pelo aplicativo da farmácia fralda, olha qual o tamanho. - ela olha para dentro do short.

- É XG, pede pomada também, é bom passar. - abro o aplicativo e faço o pedido enquanto a sigo.

Subimos para o quarto, separamos algumas toalhas, estendo uma na cama e ela coloca ele em cima, quando ela abre a fralda no é só o cheiro ruim do cocô que me afasta mas as manchas vermelhas da assadura me assusta, as manchas estão inchadas e enrugadas, lembrando muito queimaduras, sinto vontade de chorar, ele tenta fechar as perninhas com medo da dor, me fazendo senti lá por ele, me sobe um ódio daquela mulher e de Ethan por deixar ele assim, como pode fazer isso a um bebezinho tão pequeno.

- Jesus Cristo, olha isso. - Ruth está tão inconformada quanto eu.

- É revoltante deixar um bebê desse jeito, você leva ele pro banho, o motoboy deve estar chegando. - ela assente retirando o restante da roupa dele e vai para o banheiro.

Respeito fundo e tento ligar para Ethan, chama várias vezes e ele não atende. Parece que estou vivendo no mundo paralelo, as mentiras de Ethan e o fato que ele nem se importou de ficar para se explicar, eu estou grávida dele, nós teremos um filho, diante dessa situação isso não me tornar nada especial, não sou a única.

Ethan Hunt

Meu corpo explode numa raiva sem tamanho, quem ela pensa que é para me afrontar assim. A arrasto para o escritório pelo os cabelos assim que Ruth leva o menino.

- Sempre soube que era burra mas não o bastante para brincar com a morte. - controlo o tom de voz e meu ódio para não explodir os miolos dessa vadia burra, a jogo para dentro do escritório, ela ameça a começar a gritar, agarro seu rosto e aperto com força suas bochechas, seus olhos se arregalam. - A cada palavra que saí dessa sua boca vai ser menos um dente. - a solto com força e seus olhos começa a lacrimejar. - Minha cota de misericórdia já acabou, deveria ter acabado com você quando botou o menino para fora. - a levanto do chão pelos cabelos e ela segura minha mão resmungando de dor. - Ryan foi no lixão que você fez minha casa virar sua viciada de merda, o que eu falei para você, cuida da criança e teria recompensas, mas você quis dá uma de espertinha me arrancando dinheiro para usar drogas e deixando o menino vivendo no meio daquele lixo.

- Não é verdade, fui embora por medo, eles estão mentindo. - minha corpo esquenta de tanto ódio.

- Menos dez dentes. - sorri malicioso e ela treme negando com a cabeça. Solto seu corpo no chão. Pego meu celular para ligar para Brittany.

- Senhor Ethan.

- Brittany quero que chame o John, tem uma vadia que está precisando de uns dias no SPA.

Olha para Danielle que me encara e nega a cabeça em desespero.

- Claro senhor, é uma das minhas meninas? Fizeram algo errado?

- É a Danielle, ela é bem especial e precisa de um tratamento a altura.

- Certo, estaremos esperando por ela.

Desligo o celular e encaro seus olhos desesperados, sabendo que seu fim está próximo, sorriu.

- Seu pesadelo começou. - ela chora. - É melhor chorar em silêncio, não estou afim de ouvir suas lamentações. - a pego pelo braço e saio a arrastando para fora da casa, quando passo pelo cozinha encontro com Dona Ruth.

- Irei sair, não deixe Celine ir embora, pede para ela esperar. Outra coisa, não dê qualquer informação sobre isso. - aponto para Danielle e ela só assente, ela sabe o que tem que fazer. - Ah, cuide do menino. - me lembro da criança antes de sair.

- Claro, Ethan. - me viro e saio pela porta, levando a vadia viciada.

Talvez haja um monstro aqui... ou apenas nós.
William Golding



Você é minha luzOnde histórias criam vida. Descubra agora