Ao acordar, Jungkook estranha não ver o pequeno corpo na cama. Espia o despertador. Ainda falta pouco mais de duas horas para tocar. Apressadamente, corre para fora do quarto, em busca de Jimin. Descendo as escadas, o acha sentado no tapete, friccionando os dedinhos no tecido peludo. Bam está ao seu lado, com a patinha posicionada em seu ombro.
— Patinho? — Chega de mansinho, agachando à sua frente.
— Eu precisava... de algo macio. — Explica, dentro de uma espécie de transe, fitando intensamente as próprias mãos.
— Está se sentindo ansioso? — Um leve assentir é a resposta que recebe.
— Aquele homem apareceu em meus sonhos. Fiquei tão agoniado que não consegui pedir ajuda. Corri para cá e aqui estou desde então. — Raivosamente, esfrega as palmas no tapete.
— Vamos tentar dormir? Hum? — Alisa as costas do baixinho em movimentos circulares.
— Ele vai voltar. Não quero! — Decidido, dita ao moreno.
— Só um cochilo, patinho. Prometo estar ao seu lado! — Jimin nega outra vez, remexendo as perninhas na superfície macia. — Durma no meu colo, sentindo meu cheiro. Deve ajudar.
— Preciso... de algo macio... — Novamente, se pega observando as mãos.
— Tem uma manta fofinha no guarda-roupa! — Park lhe pede colo, sem contato visual. Jungkook carrega-o para o quarto. Busca a manta e senta no colchão, pondo Jimin no colo e as pernas dele em volta de sua cintura. O pano fofo é posto entre seu ombro e a bochecha do menino. Os dedinhos se roçam na manta, acalmando o pequeno garoto. — Como está se sentido?
— Bem... — Se acomoda melhor, levando a mão livre até os cabelos de Jungkook, dedilhando delicadamente os fios.
— Você irá para o trabalho comigo, ok?
— Tudo bem. — Bojeca, amolecendo nos braços alheios.
— Durma, meu anjinho. Ninguém irá lhe fazer mal! — Ao ditar, Jimin, enfim, relaxa a mente, se deixando levar pelo aclamado sono.
[...]
Cedinho, Jungkook chega no trabalho, acompanhado de um pequeno ser agarrado a mantinha felpuda. Caminha na pontinha dos pés, demonstrando sua felicidade em ver o terapeuta pessoalmente.
— Olha só quem vem chegando. Um pequeno bolinho e seu paninho! — Sr. Jung comenta, alegremente. — Eu ganho um abraço? — Jimin aceita de bom grado o gentil ato, aquecendo o coração do psiquiatra. — Que abraço gostoso. Está fazendo um ótimo progresso!
— Hyung quem me ajuda a ver o lado bom da vida! — De lado, sorri para Jungkook. Abobalhado, ele retribui.
— Tem muitas coisas para me contar? — Desfaz o abraço, abaixando um pouco a estrutura, ficando mais próximo a seu paciente.
— Tenho. Acho que irá gostar de ouvir! — Dá pulinhos, querendo puxá-lo para dentro do consultório.
— Querido, vá entrando e se acomodando. Escreva o sentimento do dia na folinha. Logo irei!
— Tudo bem, Sr. Jung! — Rapidamente, adentra a sala de Hoseok.
— Jeon, nós precisamos conversar! — O sangue de Jungkook esfria.
— Do que se trata? Ele piorou?
— Não. Ele está evoluindo. Mas preciso lhe contar uma coisa. — O professor se apoia na parede, aguardando o pior. — Com certeza, Jimin já deve ter comentado que eu ando suspeitando que ele seja autista. — Gesticula, lendo algo dentro de sua pasta.
— Sim. Ele me disse!
— Então... eu não suspeito mais. Tenho certeza! — Intrigado, Jeon coça a bochecha.
— E como você descobriu em tão pouco tempo?
— Outro dia, pedi a Taehyung para vir aqui e podermos conversar sobre o passado do Jimin. Ele me trouxe isto e algumas cartas. — O entrega uma folha amarelada e bem antiga.
— Aqui diz que ele foi diagnosticado com 2 anos e 4 meses. — Sua mente embaralha as informações, o perturbando.
— Não é só isso. As cartas relatavam o motivo de Jimin ter vivido tudo aquilo. — Não aguento mais as pernas pesadas, Jeon desaba na cadeira da recepção. — Ele tinha pais amorosos que, após o diagnóstico, começaram os tratamentos e buscaram os direitos dele. Porém, a prima gananciosa da mãe soube disso e planejou sequestrar Jimin para ficar com os benefícios do menino.
— Eu não acredito nisso! — Em choque, aperta os dedos na testa.
— E ela conseguiu, infelizmente. Entretanto, como Jimin não poderia morrer, pelas circunstâncias das quais estamos cientes, ela levava frequentemente um médico para avaliá-lo. Por isso eu estranhei o fato de Jimin não apresentar anemia... — Cutuca o queixo. — Enfim, ela e o marido faziam questão de torturá-lo de todas as maneiras possíveis para torná-lo "útil". — Jungkook, aos prantos, oculta o rosto nas mãos, não conseguindo digerir as palavras do psiquiatra.
— Meu Deus. Eu... eu não consigo acreditar em uma coisa dessas. Sr. Jung... não consigo. — É amparado por Hoseok.
— Taehyung pegou essas cartas quando o casal e a filha foram presos. Ele foi o anjo que nos deu as respostas. — Jeon pondera, enxugando as bochechas. — Não conte a Jimin sobre isso. Apenas irei informá-lo sobre o autismo e dar-lhe orientações. Não comente nada a respeito. Deixe que ele diga!
— Certo. — Funga, elevando o tronco e parando em pé.
— Não fique remoendo esse assunto. Já passou. Ele está bem agora! — Lhe aperta o ombro. — Seus alunos estão esperando, Jeon! — Entra em seu consultório, observando o professor ir embora.
[...]
No nível 2, Jungkook leciona a matéria do dia, meio murchinho. As palavras de Hoseok vem e voltam sem parar, o aborrecendo.
— Professor, o senhor está bem? — É uma menina quem pergunta.
— Irei ficar, querida. — Um aluno aponta para a porta.
— Tem um menininho ali, professor! — Jeon repousa o livro sobre sua mesa e se apressa em abrir a porta.
— Olá, meu patinho. Como foi a terapia? — O beija nos cabelos.
— Ótima. Preciso te contar uma coisa depois. — Jungkook apenas assente, já sabendo do que se trata.
— Professor, será que podemos pegar o Minnie emprestado até o fim de sua aula? Queremos ensiná-lo a jogar Banco Imobiliário! — Uma moça lhe chama a atenção, sorrindo, querendo convencê-lo, junto de mais três rapazes.
— Poss ir, Hyung?
— Claro, meu anjo. Vá se divertir! — Ganha um lindo sorrisinho. — Pessoal, tomem cuidado com minha riqueza, ok? — O grupo se entreolha, com expressões sugestivas.
— Estão namorando? Posso saber? — O garoto maior remexe as sobrancelhas.
— Estamos! — Jimin o responde, coradinho.
— Uuuiiii! — Eles gritam, empolgados.
— Quem diria, hein? Professor Jeon namorando um garoto lindo! — A menina profere, de maneira divertida. Park cobre o rosto com sua pequena mantinha.
— Vão brincar. Tenho que continuar minha aula! — Deixa um leve selar no narizinho do pequeno menino. — Vejo você mais tarde, príncipe! — Antes que Jimin pudesse se despedir, ele é puxado pelo grupo. Aos pulos, somem das vistas de Jungkook.
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Lembrando: Nenhum autista é igual ao outro. Nem todos possuem os mesmo sinais e características. Nós autistas somos únicos!!!!
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Innocent Eyes | JIKOOK
Fanfiction"Park Jimin, mesmo com todo o sofrimento vivido, ainda carrega leveza e inocência em seu olhar. Mesmo em situações difíceis, aqueles doces olhos transmitirão paz a quem ver. Os olhos caramelados dele contam histórias silenciosas, assim como todo seu...