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Olhar penetrante

Gabriela Davies

- É verdade? - Papai questionou e levou um pedaço de torrada nos lábios.

- É - Blake sorriu, meio envergonhado.

- Isso é tão bom - Mamãe sorriu, agarrou as duas mãos de Blake, e ali deixou uma carícia.

Ainda estavam em choque com a "nova amizade" de Blake. Ele realmente sempre foi muito difícil de se enturmar ou até mesmo conversar com alguém, depois de Derik, pensaram que nunca mais haveria vínculo. Mamãe contou a papai logo pela manhã, por isso o questionaram o café inteiro sobre o tal Nathaniel. Levantei-me para pegar um copo quando ouvi um barulho de escapamento. Mirei a janela da cozinha e fixei um homem dirigir uma moto na casa vizinha.

A moto era preto fosco era extremamente semelhante a do tal Nathaniel, fiquei confusa, até o homem descer da moto e retirar o casaco. Seus braços eram enormes e sua pele pálida me fez relembrar. Talvez não fosse coincidência, talvez fosse Nathaniel.

Desviei o foco e peguei o copo. Caminhei de volta para a cozinha e senti a necessidade de questionar Blake.

- Blake - Tomei o assento, ficando em sua frente - Você sabe onde esse tal Nathaniel, mora?

- Aqui do lado - Ele disse simplista e sorriu. Era mesmo o Nathaniel em cima da moto.

Observei a expressão de mamãe fechar, mas não pude deixar de afirmar - Você sabe que onde ele mora, Joy também mora, né?

Ele arregalou minimamente os olhos e quase se engasgou com a bebida que levou aos lábios - O que?

- Seu amigo e a amiga de Gabriela moram na mesma casa? - Papai questionou, confuso.

- Ela é a irmã dele? - Blake questionou, incrédulo.

Mais que ele, apenas eu. Nathaniel era o famoso irmão de Joy e que Melina queria conhecer, uau.

- Vi que sim - Apontei pela janela, a casa vizinha - A moto dele está ali na frente.

Blake levantou o olhar para mirar, e depois de segundos, voltou a focar meus olhos - Eu não fazia ideia.

- Muito menos eu.

Terminei o café e subi as escadas para pegar a mochila. Agarrei a maçaneta e abri a porta do quarto, caminhei até a cama e quando fiz, não pude evitar de mirar o homem pela janela. Nathaniel estava de costas, retirando a camisa. É árduo afirmar, mas seu físico era extremamente impecável e atraente. Mas algo ainda permanecia em minha mente, quando o via, só via de costas, nunca de frente. Observei o homem passar as mãos pelos braços e apanhar o uniforme da faculdade, adicionou  ao corpo e caminhou para fora do quarto, assim como eu.

Me despedi de mamãe e papai e entrei no carro de Blake. Tirou o caro da garagem e quando fez, pude observar Joy adicionando um capacete na cabeça, a um passo atrás de Nathaniel.

- Não mesmo - Blake diminuiu a velocidade e olhou para a ruiva - Ela é mesmo a irmã dele, como pode.

Sorri ao ver sua expressão de indignação - Ele não tinha te dito que tinha uma irmã?

- Disse, mas não disse que era a ruiva gostosa - Levou a mão direta na testa - Como eu vou falar pra ele que quero a irmã dele, céus.

Gargalhei baixo. Observei Nathaniel subir na moto, e logo atrás Joy.

- Acelera essa merda de carro, vão achar que somos doentes.

E assim fez. Blake, o caminho todo para a faculdade veio me enchendo o saco sobre Nathaniel e como diria a ele que sua irmã era um sonho de consumo. Obviamente eu nada disse, apenas gargalhava. Blake estacionou o carro e desceu, desci segundos depois e quando fiz, o barulho do escapamento soou em meus ouvidos. Nathaniel estacionou a moto a esquerda do carro de Blake.