Capítulo Dezenove

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Camila POV

O peso de Giulia em minhas costas me fez descer as escadas lentamente, com todo cuidado pra não derrubá-la, embora em meu ouvido ela fale repetidamente para que eu vá mais rápido.

— O papai desce correndo. - Disse sem cessar seu pulos em minhas costas.

— Seu pai é irresponsável. - A olhei por cima dos ombros e deixei um beijo na ponta do seu nariz.

— Hey, eu posso ouvir isso. - A voz de Pablo veio da cozinha, arrancando uma risada de Giulia.

Na sala coloquei ela no chão e gesticulei para que corresse de encontro ao seu pai, e de imediato ela fez o que eu disse, o alívio em minhas costas me fez suspirar; segui até a cozinha bem a tempo de vê-la pular nas costas do pai.

— Que garota pesada. - Reclamou fingindo seriedade. — Daqui uns dias só um guincho pra tirar você do chão, mocinha.

Ela gargalhou e pulou ainda mais em suas costas, me causando uma careta, não sei como ele aguenta.

— Vai sair? - Pablo perguntou vindo em minha direção.

— Sim… - Assenti, mas não pude completar pois ele selou rapidamente meus lábios, e depois passou o nariz por meu pescoço, me fazendo encolher um pouco ao sentir sua barba roçando em minha pele. — Esse perfume é meu favorito.

— Você diz isso pra todos. - Respondi e com a mão em sua barriga o empurrei pra trás o mais delicadamente possível.

— Ou seja, meu cheiro favorito é o seu, não importa qual perfume.

— Vocês são gays. - A resposta de Lia veio antes da minha.

De imediato olhamos pra ela.

— São o quê? - Perguntamos em uníssono.

— Gays. - Respondeu simples.

Eu ergui a sobrancelha e Pablo a olhou por cima dos ombros.

— Onde aprendeu isso? - Perguntei.

— Com a tia Lauren. - Respondeu simples.

A menção ao nome de Lauren me fez recuar da conversa, troquei rapidamente um olhar com Pablo e caminhei até a geladeira, mesmo que não fosse pegar nada ali dentro.

— E o que significa isso? - Pablo perguntou pra Giulia a colocando sentada no balcão de frente pra ele.

— Ah eu não sei. - Deu de ombros. — A tia Mani estava elogiando, abraçando e beijando muito a tia Lauren, ai ela disse isso "você é muito gay, Mani".

Peguei uma garrafa de água e virei novamente, prestando atenção em Giulia.

— Entendi. - Pablo assentiu e me olhou, talvez esperando que eu falasse algo, mas ocupei minha boca com um pouco de água e me encostei na pia, mantendo a atenção neles. — Talvez não seja apropriado você falar assim…

— Por quê?

— Porque podem não compreender, ou levar como ofensa e…

— Ser gay é ofensa? Mamãe disse que é normal.

Mais uma vez Pablo me olhou e mais uma vez eu bebi água.

— Sim, é normal, mas não é porque é normal que você pode sair falando isso por aí, entende? Porque não é o que você está falando, é a forma que fala, então até se de fato for uma pessoa gay, dependendo do jeito que se fala, pode soar pejorativo…

— O que é pejorativo? - Interrompeu.

Me deixei rir um pouco, e ao ver que ele não levaria a conversa para um lado errado, sai da cozinha e me aproximei de um dos espelhos no corredor, dali ainda pude ouvir os questionamentos de Giulia e as respostas de Pablo. Me concentrei em meu reflexo, estou usando um vestido preto justo ao corpo, um tanto curto, mas o sobretudo marrom por cima tira um pouco da vulgaridade da roupa, nos pés um salto preto e no rosto uma maquiagem leve; hoje é sexta-feira, há 3 horas atrás recebi uma mensagem de Lauren, dizendo que eu: poderia acompanhá-la em um jantar hoje, já que estava insistindo para conversar com ela; sim, ela respondeu desse jeito, ao ler a mensagem uma risada sincera me escapou, a audácia da garota me diverte, durante toda a semana ela alegou estar "ocupada demais", sei que não era verdade, e mesmo que eu não seja de insistências, a vontade de tê-la em minha mãos é maior, me sinto envolvida, me sinto desafiada a explorar toda sua inocência, o fato de eu ter sido a única a tê-la me instiga, me excita, me puxa… quer dizer… talvez a única, e é justamente por querer descobrir se ela transou com Regina que me fez aceitar de imediato o jantar de hoje a noite.

CabaretWhere stories live. Discover now