Musa d'arte

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As mãos ágeis moviam-se com a certeza do que faziam. Como se a mente estivesse vinte passos adiante, e ao corpo restasse apenas seguir implacável em sua ação. Um quase inaudível som de riscar do grafite sobre a tela vez por outra era interrompido por um estalar de língua da artista que parecia se divertir com o que lhe vinha ao pensamento. Tudo nela lhe parecia absolutamente adorável!

A modelo parada, nua, não apenas em vestes, mas em pudores sentia o tremor da musculatura de suas pernas já há muito em uma posição só. Em pé sob um pedestal com uma mão para trás e outra estática no ar como se buscasse por algo levado pelo vento. Foi com alívio que recebeu o anúncio de uma pequena pausa para descansar, afinal, posar era mais cansativo do que aparentava, e por causa da pose escolhida iam a conta gotas. Envolveu-se em robe macio e andou pela sala para fazer o sangue circular, mas mantinha sempre que podia um olhar de esguelha para a pintora ainda debruçada sobre seu cavalete retocando um ou outro traço do esboço.

Se corroía de curiosidade em ver a arte que florescia da observância de seu corpo, claro que sim! Mas o prazer em ver sua musa d'arte trabalhando era superior a qualquer interesse de bisbilhotar a tela. Adorava vê-la trabalhar! Com os dedos cheios de grafite e carvão, as bochechas sujas sem que percebesse, e os cabelos presos de qualquer jeito mostrando aquele pescoço longo e fino com alguns fios rebeldes soltos emoldurando o rosto compenetrado.

Havia certo prazer em saber que enquanto posava para ela, secretamente se inspirava em vê-la pintar. Uma inversão de valores que apenas a rebeldia de uma paixão secreta poderia causar. Parada naquele pedestal, sua mente vagueava em mil versos que dariam ótimas poesias sobre a artista que tão devotadamente lhe retratava. Boa parte de sua curiosidade acerca do produto final era sobre o quanto de seus pensamentos secretos estariam naquela pintura. Perguntava-se como ficariam seus olhos que a encaravam com desmedido fogo, se retrataria o ligeiro arrepiar de sua tez quando ela a encarava com as mãos no ar como um esquadro buscando pela proporção harmoniosa de cada parte de si. Seria aparente que entre uma respiração lenta e outra deixava escapar um suspiro de admiração, quando a via sorrir com a pontinha da língua aparente no canto da boca, tal qual criança, compenetrada em alguma travessura.

Foi tirada de seus pensamentos quando ouviu o pigarro tímido, vindo da outra mulher na sala com um dedo se movendo no ar em um convite para que se aproximasse. Ajustou o robe como se não estivesse nua até poucos minutos atrás e caminhou agarrando seu copo de água na esperança de que isso disfarçasse sua ansiedade pela proximidade.

- É só o rascunho inicial, mas espero que goste... – A artista coçou a nuca nervosamente enquanto falava baixinho, ligeiramente sem graça.

A modelo sorriu antes mesmo de se dar conta de que o fizera. Permitiu que seus olhos percorressem os traços fluidos, tal qual marinheiro desbrava o mar desconhecido. Um encantamento sem fim encontrado em cada curva e cada linha. Olhou para os próprios olhos ali retratados e sentiu as lágrimas represarem diante da beleza de se ver pelos olhos tão gentis de outro alguém. Na tela ela parecia correr junto ao vento, com os cabelos esvoaçando e a mão estendida em direção à um pássaro que a acompanhava. Parecia a mais afortunada das dríades de Diana ou a mais bela das ninfas do cortejo de Apolo. Um suspiro escapista deixou seus lábios quando, de forma contemplativa, a ponta dos dedos tocou a tela, como se para certificar-se de que era real.

- É assim que me vê? – Pensou em voz alta com o coração saltando ao peito.

- Não! Meu talento ainda não consegue expressar alguma coisa que tem no seu olhar quando me encara, não sei o que é, mas estou determinada a descobrir e pintar. – A artista respondeu sem dar-se conta do peso de suas palavras.

Novamente um sorriso tomou a face da modelo, este, porém, enigmático e divertido, quase davinciano. Talvez esse fosse o segredo! Talvez por trás da Monalisa se escondesse essa pequena ironia, no fim das contas. E ela deixou seu robe cair ao chão e retomou seu lugar nua no pedestal, a mesma posição, o mesmo olhar cheio de paixão em ver sua musa d'arte tentando desvendá-la em tinta.

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