✾ Capítulo 4 ✾

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"Você me chutou de novo! Eu me machuco facilmente, você sabe."

Harry ergueu os olhos das anotações de Hermione. Ele conhecia esse tom. Era a marca registrada do lamento de Malfoy. Ele não ouvia isso há um bom tempo.

Malfoy não decepcionou Harry — ele olhou para ele de uma forma muito condescendente e fez beicinho. A ilusão de um menino mimado de 12 anos era quase perfeita se alguém ignorasse as profundas cavidades sombrias sob as maçãs do rosto e o cabelo cortado geometricamente. Harry sorriu e os lábios de Malfoy se contraíram antes de ele baixar os olhos.

Harry rapidamente voltou às suas anotações. Esses momentos pareciam estranhos. Eles tinham um forte sabor de amizade — se a amizade se manifestasse em palpitações e na tendência de olhar fixamente para uma pessoa.

Bem, inferno.

"Ai!"

Harry se assustou e deu ao outro garoto um sorriso de desculpas. "Desculpe."

"Você não consegue manter essas pernas imóveis por cinco minutos?"

"Isso é porque ficamos sentados nesta maldita cama o tempo todo! Isso está me dando nos nervos."

Harry estava preparado para mais censuras e reclamações, mas Malfoy ficou em silêncio por um minuto e então murmurou "Poderíamos dar um passeio. No corredor. Podemos ir lá."

"Não podemos. Você está doente."

"Eu me sinto melhor."

Foi uma tentação muito grande. Harry realmente precisava sair daquela cela tipo armário por um quarto de hora, no mínimo. Talvez então ele parasse de pensar em bobagens.

E Malfoy estava se sentindo melhor, principalmente desde que descobriu as propriedades curativas dos chocolates na grande caixa que Ron e Hermione trouxeram para Harry. De qualquer forma, eles não iriam longe e se as coisas piorassem, Harry sempre poderia ajudar Malfoy de alguma forma...

"Vamos então. Levante-se."

Assim que eles saíram da sala, Harry ficou quase dominado pela excitação e alegria. Ele apertou a mão de Malfoy e o arrastou. Havia uma porta pesada que conduzia, com toda probabilidade, à seção principal da ala hospitalar em uma extremidade do corredor e uma sala pequena com um armário robusto na outra. 

Bem ao lado, o corredor fazia uma curva acentuada para a direita. Harry foi até lá e viu um raio de sol irradiando de trás de outra curva, vários metros adiante.

"Deve haver uma janela ali. Vamos dar uma olhada?"

Malfoy não fez objeções e descobriu-se que Harry estava certo — virando a esquina, o corredor se estendia, iluminado pela luz do dia que entrava por duas janelas altas equipadas com assentos de madeira. Em frente a eles havia quatro portas comuns. 

O corredor era bem estreito e quando Harry olhou pela primeira janela para as encostas gramadas atrás da escola, Malfoy abriu curiosamente a porta em frente e espiou lá dentro. Evidentemente, ele viu algo que despertou seu interesse, porque puxou a mão de Harry e o puxou para uma espécie de despensa.

"Um depósito de poções?" protestou Harry. "Sirva-se, furão."

"Vou dar só uma olhada."

Harry encontrou os olhos do outro garoto e cedeu instantaneamente. Com um suspiro, ele se espremeu ainda mais na pequena sala e observou Malfoy pegar um frasco após o outro das prateleiras e colocá-los de volta no lugar. 

Ele até tirou a mão de Harry, para que ele pudesse tirar a rolha de uma garrafa cheia de algo amarelo doentio. Harry automaticamente agarrou seu cotovelo. O loiro lançou-lhe um olhar ligeiramente assustado e depois voltou à sua exploração.

𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐈𝐧𝐢𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬 - 𝐃𝐫𝐚𝐫𝐫𝐲 (𝐓𝐫𝐚𝐝𝐮𝐜̧𝐚̃𝐨)Where stories live. Discover now