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26 de Janeiro, 2023.
Rio de Janeiro, Brasil.

No hotel.

NATALIE MANCINI

Todos estavam na recepção do hotel esperando os cartões para entrar em seus respectivos quartos. Eu estava sentada em um sofá que tinha ali, Raphael estava do meu lado conversando com o Gómez.

Em alguns momentos consigo sentir o olhar de Piquerez sobre mim e confesso que aquilo estava me deixando meio desconfortável.

Nossa história juntos era complicada, éramos melhores amigos desde os dez anos e nossa relação evoluiu quando viramos jovens, e aconteceu algo nesse meio tempo que nos fez se afastar e eu voltei para o Brasil. E agora, por ironia dos destino, estamos no mesmo lugar.

Eu ainda não consigo encarar uma conversa com ele, mesmo que não tenha sido culpa dele.

── Pessoal, o Renato estará distribuindo os cartões para vocês, nele tem o número do quarto de cada um. Os quartos são todos no mesmo andar!── Abel falou com seu sotaque português.

── Graças a Deus, eu vou cair com tudo na cama.── Endrick falou levantando e colocando sua mochila nas costas.

── Eu vou fazer o mesmo.── falei bocejando em seguida.

── Vamos ter que dividir o pessoal em grupo pra entrar nos elevadores.── Rodrigo Godoy falou.

Havia apenas dois elevadores que aguentavam 300kg, e tinha muita gente.

Logo o pessoal da comissão técnica começou a separar uns grupos, eu estava ao lado de Raphael ainda.

Depois de três grupos terem subido, chegou a vez do nosso.

── Bora, pessoal.

── Mané, uma hora dessas o Scarpa arrastaria todo mundo pro quarto dele pra jogar video game e montar cubo mágico.── Gabi falou dentro do elevador.

── É verdade, ele sempre fazia isso.── eu ri lembrando.── Na final da Libertadores em 2021 ele tinha comprado um monte de trakinas e leite condensado, e saiu distribuindo, cês' lembram?

Os meninos riram quando lembraram do dia falado.

Quando a porta do elevador se abriu, todos deram boa noite e saíram procurando seus quartos, o meu era o 734.

── O seu é qual, Nat?── Veiga perguntou parando na minha frente.

── 734, e o seu?

── 738.

Nós olhamos as portas procurando os nossos números, eu fui até a minha quando achei.── O meu é esse.

Falei.

── O meu é esse aqui.── ele parou na frente da porta dele.

Era quarto portas a frente do meu.

── Tudo bem, então.── bocejei.── Boa noite, Rapha.

── Boa noite, Nat.── ele sorriu.

Quando eu ia entrar no meu quarto, Piquerez apareceu na porta ao meu lado, só que olhando pra mim.

── Natalie, podemos hablar?── ele me olhou com uma carinha de cachorro abandonado.

── Piquerez, eu to com muito sono. O que quer que você queira dizer, pode dizer amanhã, ok?── falei com um tom voz cansada.

Eu não estava fingindo, estava realmente exausta.

CORAÇÃO CIGANO | Raphael VeigaWhere stories live. Discover now