CORAÇÃO CIGANO | Raphael Veiga

8.

28 de Janeiro, 2023.
Rio de Janeiro, Brasil.

No Maracanã, Palmeiras x Flamengo

RAPHAEL VEIGA

Respirei fundo terminando minha oração em frente a minha parte reservada no vestiário e me virei para o pessoal. Tocava um funk alto, a galera tava animada e confiante. Já tínhamos aquecido, agora todo mundo estava se preparando para entrar.

Natalie não veio com a gente hoje no ônibus, ela ficou no hotel resolvendo algo e falou que viria depois de nós.

── Pega a jogadinha do pai.── Endrick chamou a atenção do pessoal, fazendo uma dancinha estranha.

── Aí manja, ein?!── Luan riu.

── Ele ta fazendo até dancinha no TikTok, parça.── falei.── Tem que ter coragem.

── É mó daora, papi. Bora gravar um vídeozin' de dança depois?

── Tô fora, moleque.── eu ri.

── Bora, pessoal! Ta na hora de entrar.── um cara apareceu na porta do vestiário chamando a gente.

── Pra cima, caralho!── Dudu gritou fazendo o pessoal comemorar.

Ficamos lado a lado do time do Flamengo, esperando a hora certa pra entrar.

Eu estava confiante. O pessoal tava achando que a situação da Bruna ia me deixar abalado e desanimado, mas não, só me deixou mais disposto e determinado a vencer esse jogo hoje.

Quando entramos, a torcida do Flamengo explodiu, isso por que ainda não tinha começado o jogo, quando começar e o cheirinho começar a fazer merda eles ficam quietos, ou só xingando. Olhei para a parte da torcida do Palmeiras, eles cantavam alto, mesmo com a festa da torcida do Flamengo era possível ouvir os torcedores alviverdes.

Depois de terminar o hino do Brasil, passamos cumprimentando os jogadores do time adversário e fomos nos colocando nas nossas posições. Desejei sorte aos caras do meu time e pedi bença a Deus.

O juiz apitou e a bola começou a rolar.

NATALIE MANCINI

Quando cheguei no Maracanã o jogo já estava na metade do primeiro, 28'.

Um cara com uniforme do Palmeiras me abordou me entregando um uniforme e mandando ir pro banco de reservas. Achei que assistiria no meio da torcida.

── Vamos, vou te levar lá.── ele falou assim que eu sai do banheiro depois de ter me trocado.── É só chegar e sentar em um dos bancos, se precisarem de você o Abel vai te chamar.

── Tudo bem.

Entrei no campo e o cara me deixou seguir o caminho sozinha. Fiquei no canto e caminhei até o banco de reservas. Enquanto caminhava Raphael me percebeu ali e deu um sorriso, retribui.

── Abel, me pediram pra vestir o uniforme e vir aqui. Aconteceu algo?── perguntei a ele, que estava estressado porque já estava 1 x 0 pro Flamengo, fiquei até com medo.

── Nosso fisioterapeuta não pode vir hoje. Eu quis que fosse você a substituta, perdoe-me não ter lhe avisado.── falou com seu sotaque.

── Tudo bem.── falei e me sentei no banco.

Alguns minutos depois, Dudu dribla Everton Ribeiro e um cara que eu não sei quem é dentro da grande área, tenta uma tentativa de gol, mas a bola para no pé do Rapha que dá um chute, E GOL!