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LEONOR

- Bom, podem ir curtir, menin...- O pai de Alexia fora interrompido por dois homens de terno, que falavam coisas em seu ouvido, tapando os lábios com as mãos, enquanto lhe mostravam algo no Ipad.

Tive que cutucar Sofia com o cutuvelo, para que ela não permitisse que aquele sorriso de triunfo deixasse seus lábios. Também tive que me auto-controlar para não cometer tal erro. Sabíamos exatamente o que estava sendo mostrado ao Rei naquele momento, que o fizera reunir a família em volta de si com urgência. E não por sermos da realeza, e termos consciência de como as coisas funcionam...  mas sim, pelo desespero evidente nos rostos de cada um.

Não precisávamos acessar a Internet, para sabermos se nosso plano estava dando certo. A dúvida no semblante dos jornalistas, a atenção minimalista dos câmeras, a curiosidade nos rostos dos alunos e, agora, o terror no rosto da família real holandesa eram suficientes para nos mostrar isso.

- Vai ser bem mais fácil do que esperávamos... - minha irmã sussurra em meu ouvido, tapando os lábios com as mãos para impedir a leitura labial.

Graças à esse momento, em que podemos observar a família de Alexia reunida, provavelmente, com os Reis passando instruções à suas filhas de como deveriam se portar, o desgosto por ter que aturar Amália e Ariana diminuiu consideravelmente.

Após uns bons minutos de conversa entre os cinco, eles se voltam para Sofia e eu, com os sorrisos mais falsos da humanidade, e andam em sincronia.
Alexia era a que tinha o sorriso mais falso - e tenso - de todos. Estávamos à poucos metros de distância e, nestes, ela levou a mão aos olhos diversas vezes. Seu pai colocou as mãos em seus ombros, e a colocou entre suas duas irmãs. As três vieram até nós de mãos dadas.

- Tenho certeza que irão amar passar esse tempo juntas! Se divirtam, meninas. - A mãe de Alexia diz, tocando no ombro da filha do meio uma última vez antes dela, e o marido, seguirem para o outro lado do internato, na companhia da direção e coordenação.

Tive que dar uma cotovelada em Sofia, para que ela não revirasse os olhos- o que ela logo faria.

- Então... pra onde vamos? - Amália pergunta, demonstrando simpatia.

Essa situação era, não só estressante, mas desconfortável. E eu sabia que seria assim. Sabia que, a partir do momento em que ficássemos sozinhas com as irmãs de Alexia - com duas adolescentes que estavam odiando aquela situação tanto quanto Sofia e eu -, teriamos que nos esforçar para manter algum diálogo, mesmo que não quiséssemos tal interação. Por isso que, lidar com os pais de Alexia tinha sido mais simples nesse quesito. Tudo o que precisamos fazer foi responder às perguntas deles, nos esforçando para não deixar à mostra nosso desinteresse, irritação e desgosto com tudo aquilo. Mas agora, com essas duas, além de fazermos isso, ainda precisaremos puxar assunto...
Se não soubesse que esse momento com elas seria perfeito para o nosso plano...não conseguiria suportar...

- Não é um fato feliz...mas, Alexia vai estar certamente instável. Como eu disse, ela já tá no seu limite... vamos usar isso, e o fato dos alunos poderem filmar tudo, por se tratar de um ato oficial ao nosso favor... - me recordei de parte da minha explicação do plano de ontem.

Vai valer a pena.
Seria uma longa tarde e, à menos que eu quisesse estraga-la, deixando transparecer o que eu realmente achava dessas pessoas...precisava manter em mente que, no final, tudo valeria a pena. Que, sim, eu odeio o fato de ter que puxar conversa com elas. Todavia, seriam a partir dessas interações, que conseguiríamos o "açúcar para a limonada perfeita"... Precisava ter em mente que, no final disso tudo, poderíamos ajudar Alexia, para que eu não acabe dizendo ou fazendo tudo o que eu tenho vontade no dia de hoje...
Além do mais, eu não precisaria apenas controlar à mim mesma, mas também à Sofia...

Inimizades Entre Reinos- Princesa Leonor e Infanta Sofia Onde histórias criam vida. Descubra agora