Corte de sombras e tormentas

Capítulo quinze- Parceiros

You feel like home

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Lentamente eu abri minhas pálpebras, o corpo ainda parecia sentir fadiga e por isso demorava para despertar, estava lânguida e sonolenta. Olhei para o quarto em que estava descansando, paredes de madeira escura, cortinas claras, móveis dispostos em lugares estratégicos e a enorme cama em que eu estava dormindo, o silêncio que aquele cômodo tinha era o completo oposto do barulho que escutava horas atrás durante a batalha.

Após eu e Az matar o bruxo, o reforço chegou para ajudar, porém tudo já estava acabado. Com isso, Rhysand aproveitou para procurar Vassa no esconderijo e os outros se dividiram entre os que iam conhecer o covil ou prestar socorro aos meus ferimentos e do espião. Ambos estávamos exaustos e por isso não trocamos nenhuma palavra, eu particularmente não queria lhe encarar naquele momento, precisava ficar um pouco sozinha. Felizmente, não demoramos muito pela corte primaveril, pois a maioria dos féricos sequestrados não haviam sido feridos e Vasta tinha sido resgatada junto de um livro encontrado no local, que continha o feitiço que poderia retirar sua maldição. Logo voltamos para Velaris quando Feyre avisou que tudo estava acabado, dessa forma, após pisar dentro da casa do Grã senhor, foi disponibilizada uma curandeira para curar eu e o Azriel, junto de um cômodo para descansarmos.

Todas minhas queimaduras foram saradas e minha pele voltou ao seu tom original, mas o processo de cura custava também a energia do meu corpo, por isso, após ela cuidar do meu rosto e deixar a nova cicatriz no meu olho esquerdo, eu me embalei em um sono profundo. Agora que estava acordada, via as coisas com lentidão, como se estivesse dopada. O ambiente quieto e com apenas a minha presença foi invadido repentinamente pela Feyre que entrava com uma bandeja que continha alimentos. A fêmea notou que eu estava despertada e sorriu para mim, alívio era o que estava estampado em seu rosto.

- Coma um pouco.

Vagarosamente eu me sentei na cama e peguei um pão, não sabia se a falta de apetite seria por causa da exaustão ou por outro motivo, mas a comida não estava com muito sabor em minha boca. A Grã senhora se manteve ao meu lado e assistiu eu comer o resto do pão e escolher uma fruta para completar a refeição, sua preocupação era genuína e por isso não conseguia lhe dizer que não queria comer. Como uma chance de preencher aquele silêncio, narrei os acontecimentos anteriores, explicando detalhadamente como havia sido a luta e a mecânica do despertar da espada nefasta. Era interessante entender que, o rubi presente no cabo continha fogo embutido, mas para que tivesse acesso a ele, era preciso que o portador detivesse pensamentos ou sentimentos negativos profundos em seu ser, assim consequentemente inflamando as chamas e fazendo elas escorrem para a lâmina até então fria.

A férica escutou tudo com atenção e me parava em alguns pontos para fazer algumas perguntas, mas em alguns minutos eu finalizei meu relatório e esperei que ela fosse recolher a bandeja e ir embora, entretanto Feyre não foi. A fêmea elogiou minha batalha e agradeceu por eu ter salvado Azriel do controle do bruxo, ela se importa muito com sua família e eu tinha visto uma inquietude pura em seu olhar quando falei sobre a luta que tive contra o Az.

Nobady

- Não precisa agradecer, eu faria o mesmo quantas vezes fosse necessário para protegê-lo. - falei com convicção e apertando os cobertores com força.

Eu sabia que logo logo teria que ter uma conversa com o Illyriano, mas estava adiando ela o máximo que podia.

- Você, parece gostar muito do Azriel. - avaliou a férica com uma surpresa na voz.

Era muito mais além do que simplesmente gostar. Porque ele era minha perdição, o gatilho que tirava meus pés do chão, o culpado de fazer eu me sentir tão amarga e amada, o criminoso que roubava minha atenção com aqueles olhos enigmáticos e profundos, a tormenta que me quebrava e transformava, moldando tudo que existia no meu ser. Azriel havia se tornado meu mar raivoso e silencioso, minha raiva e paixão, ele tinha se tornado meu tudo.