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Ajustei meu espelho retrovisor e respirei fundo, estava quase na hora do começo da corrida e o idota do tal novato não tinha aparecido ainda.

Revirei meus olhos, mais irritado do que quando cheguei naquele lugar que supostamente devia me relaxar, mas hoje, obviamente, não era meu dia.

90% das pessoas que estavam naquele lugar tinham com certeza feito apostas altas entre si, isso bem explicaria sua euforia, mas eu não estava ali pelo dinheiro.

Não era isso que me deixava eufórico.

Mas sim, o som que o motor fazia toda vez que eu pisava no acelerador. Finalmente o desgraçado do novato decidiu aparecer.

Ri sozinho, vendo que ele dirigia um Mustang preto.

Eu respeitava o Mustang, tanto que até eu possuía um, mas com certeza não era pariu para meu Supra, azul.

Pisei no acelerador, entusiasmado para que a corrida começasse e escutei o novato fazer o mesmo, enquanto chegava perto da linha de partida.

Respirei fundo e sorri para a garota caminhou devagar, parando a frente dos dois carros.

Ia começar.

Baixei o vidro do lado do passageiro, para desejar sorte para o novato e esperei que ele fizesse o mesmo com seu vidro preto.

-Boa sorte!- sua voz fez meu sorriso morrer, mas o dele continuou bem vivo.

Pisquei meus olhos algumas vezes e franzi meu cenho.

-Mas que merda?!- esbravejei vendo seu carro sair da linda de partida a toda velocidade.

A garota não estava mais lá. A corrida tinha começado.

Quando despertei do meu transe, já era um pouco tarde. Não deu para alcançar o Mustang que Kennedy dirigia.

-Filho da puta!- resmunguei irritado.

Eu perdi.

Saí do carro e andei até ao loiro que comemorava com pessoas que ele nem conhecia.

-QUE MERDA FAZ AQUI KENNEDY!?- perguntei, chamando sua atenção e o garoto riu ao olhar para mim.

Aquele era meu lugar secreto, o único sítio que eu me sentia em paz, o único sítio que me trazia uma sensação parecida com a que a garota ruiva me trazia.

Mas não era por isso que eu estava zangado por ver meu irmão bastardo lá. Era perigoso. Kennedy era menor de idade.

-Não vai me dar os parabéns?- sorriu, debochadamente para mim.

-Porra Kennedy! Vamos para casa agora, você é menor caralho, esse lugar é perigoso!- Me acalmei, mas o garoto não mudou sua atidude.

-Eu te venci no seu próprio espaço!- riu de mim.- Você é um otário!- cuspiu as palavras com raiva e eu escutei as pessoas a nossa volta me zoarem, mas não dei importância.

Eu só queria tirá-lo de lá. Aquele lugar era realmente perigoso.

-Kennedy, tem todo o direito de estar com raiva de mim m...

-Raiva?- ele riu.- Porquê acha que eu estou com raiva?

-Ke...

Antes mesmo que eu pudesse terminar de pronuciar seu nome, o som alto do que oareceu ser um tiro soou, deixando todos apavorados.

Sem pensar duas vezes, eu segurei meu irmão, o mantendo abaixado.

Olhei para todos os lados.

E passei com Kennedy, por entre as pessoas que corriam, apavoradas, sem rumo, apensas correndo e torcendo para não serem atingidas.

E mesmo que nenhum outro som de tiro se tivesse feito ouvir, eu continuei mantendo a cabeça do Ken baixa, enquanto protegia seu corpo com o meu, que era relativamente maior.

Levei meu irmão para parte detrás do meu carro e respirei fundo, vendo o loiro sentado no chão, encolhido, com as mãos na cabeça e tremendo.

Logo lembrei. Seus pais tinham sido mortos á tiros em um assalto à mansão que meu pai tinha lhes oferecido na Inglaterra.

-Já acabou maninho!- falei sem pensar e o puxei para meu peito, o abraçando.

Kennedy nada falou, mas o som de seu choro foi suficiente para mim.

Ele estava com medo. Talvez tivesse voltado para aquela noite.

Obsessed Where stories live. Discover now