8. o festival da destruição e o castigo divino

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Notas: Sem notas, gastei todo meu vocabulário nesse cap.

 ...

— Nero?

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— Nero?

A voz conhecida chegou aos meus ouvidos como uma bomba, explodindo meus tímpanos, fechei os olhos, apertando-os com força. A última coisa que eu precisava naquele momento delicado era inventar explicações.

Carmen, meu amor, — não poderia ter soado mais dissimulado se tentasse.

O que mais poderia dar errado essa noite? Nem que eu andasse pelo vale da sombra da morte.

Ainda que tivesse dez mil reais extras na minha conta, aquilo não parecia uma vitória. E foi a grana mais fácil que eu já ganhei na vida.

A mais prazerosa também, uma experiência divina de arrebatamento espiritual. Foi quase como reencarnar em uma nova vida, sinto que não poderia continuar a ser o mesmo depois de um sublime ato de iniciação como esse.

Finalizei o whisky em uma única golada, deixando a bebida destilada lavar e queimar minha garganta, descendo como ferro em brasa até se instalar quente em em meu estômago. Engoli junto o gosto agridoce que se instalou na minha língua, que nada tinha a ver com whisky: o gosto de Giovanna Antonelli.

Estava viciado nela, como um um dependente químico, mas a toxina presente em meio aqueles fios loiros, era muito pior que nicotina, heroína ou morfina.

Virei de frente para a voz, me deparando com uma figura de olhos cínicos, que certamente não podia ter me visto ali.

— Alexandre! Mas o que você está fazendo aqui? — Carmen soava ultrajada, mão sobre o peito, como se tivesse pego uma criança desenhando na parede com seus batons.

Esse não era o tipo de confronto que eu estava pronto para ter hoje. Meus olhos encontraram os de Laura, administradora da Vulcan, parada logo atrás da minha chefe. Um flash de reconhecimento brilhou entre nós, e sem demora o mesmo reconhecimento tomou os olhos de Carmen.

Ela saberia, sem que déssemos um pio sequer, que alguma coisa já rolou entre mim e a dona da casa de swing. Eu não estava ali por Laura naquele dia, mas podia fingir que sim se fosse para distrair a Carmen e suas desconfianças.

Não era a saída ideal, mas era a que eu tinha.

— Vamos para minha sala, isso não é assunto para ser discutido em meio aos meus clientes. — Laura proferiu, antes que a outra mulher começasse a esbravejar em meio as pessoas que circulavam, pela forma como seu pescoço e colo estavam vermelhos, ela estava se segurando bastante.

Antes mesmo que a porta do luxuoso escritório de Laura se fechasse completamente depois de entrarmos, as duas mulheres iniciaram um bate boca insuportável. Duas galinhas cacarejando e se bicando, sem dar espaço para que nenhuma das duas de fato elaborasse uma frase coerente.

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