Back to Black

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9 de Agosto, 2020
Manchester, Reino Unido
06:58AM

ADDISON POV

- Amélia, saia de cima de mim agora... Por favor, eu preciso dormir.

Resmunguei afundando minha cara em meu travesseiro sentindo o peso da minha irmã mais nova em minhas costas.

- Vamos lá Addie, você prometeu me levar ao grupo de apoio hoje.

Droga! Malditas são as promessas que eu faço no calor do momento.

- Eu prometi que te levaria caso nossos pais não pudessem, tenho certeza que se pedir com jeitinho eles podem te levar. - argumentei levantando a cabeça e virando para olhá-la. - Por favor, me deixe dormir. Eu estou cansada, cheguei à pouco de um plantão.

- Mamãe saiu há 30 minutos para ir ao hospital, ela tem uma reunião com os diretores administrativos e o papai disse que precisa chegar cedo hoje, ele tem uma paciente importante com o Dr. William. - ela finalmente saiu de cima do meu corpo e se deitou ao meu lado. - Minha alternativa é você.

- Na verdade sua alternativa pode ser o seu carro, suas pernas e suas mãos. Você pode ir sozinha, Amélia. - me encolhi na cama puxando o edredom para cima do meu corpo. - Nem sei o motivo de ainda frequentar aquele lugar, está curada há meses.

- Eu gosto de ir até lá, Addie. Posso estar curada, mas é recente e lidar com isso todos os dias pode ser solitário. - arqueei as sobrancelhas e ela deu de ombros. - Não quero ir sozinha e meu carro está na reserva de gasolina.

- Não seja por isso, pode ir com o meu tranquilamente! Eu ficarei muito feliz em te emprestar por hoje.

Eu sabia que ela não iria sossegar enquanto não me visse de pé, conheço a irmã que tenho. Sei que ela usaria todos os seus argumentos até que eu não pudesse, de maneira alguma, contra-argumentar.

Nunca neguei acompanhá-la, sempre que posso faço questão de ir ao grupo para fazer companhia. Mas em dias em que preciso estar de plantão no hospital é muito complicado, não é nada legal.

Meu corpo precisava se recuperar das 48h massivas andando de um lado para o outro em um prédio enorme cheio de enfermos e todo o tipo de situação.

- Mamãe disse que... Bom... Se não me levar, ela não irá te fazer o cheque para a banda... - Amélia murmurou me olhando de soslaio. - Eu odiaria que isso acontecesse.

Me levantei em um pulo da cama sentindo uma raiva descomunal tomar o meu corpo, ela não poderia estar falando sério. É injusto o que acabei de escutar da boca dela. Parece que a mãe sou eu!

A deixei sozinha no quarto e fui correndo para o andar debaixo procurar pelo meu pai, ele é a pessoa mais racional dentro desta casa e maldita foi a hora em que eu retornei para cá. Eu estava muito bem sozinha do outro lado de Manchester.

- Pai! - exclamei ao adentrar na sala de jantar, ele estava lendo um prontuário sentado na ponta da mesa e bebericando o seu café. Parecia estar esperando por esse momento, estava tão tranquilo que me deixou ainda mais furiosa. - Você pode me explicar o porquê minha mãe está fazendo chantagens comigo? Que porra!

- Bom dia minha filha querida, como você está? Estou bem também! Minha noite foi ótima! - ele me olhou por cima do prontuário com as sobrancelhas arqueadas. - É muito cedo para estar tão nervosa. Sente-se, me conte seu problema de barriga cheia, Mary já irá servir o nosso café.

- Meu problema está lá em cima enchendo o meu saco para ir à um lugar que ela não precisa mais ir! É inadmissível que eu tenha que disponibilizar o meu tempo baseado em chantagens porque ela não quer ir sozinha! - esbravejei alto o suficiente para que minha irmã conseguisse escutar lá de cima. - Eu não sou mãe dela! Eu não tenho obrigação alguma de me submeter à essas coisas! Estou exausta do plantão, preciso dormir porque mais tarde eu preciso voltar ao hospital para repor todas as horas que eu não faço e não dá para viver a vidinha da Amélia também! É impossível!

The Cure - Meddison. Where stories live. Discover now