Capítulo 5: O habitante desta floresta

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Assim que se deu conta de que Ryo não estava mais em seus ombros Leonardo se viu desorientado, afinal isso não faz sentido, como poderia fazer se a alguns segundos atrás ele tinha certeza de que estava com Ryo... quando que ele sumiu? Ele o deixou cair? Não, ele teria notado a súbita mudança de peso e escutado o som do garoto caindo, ele tinha certeza que não o soltou em momento algum então... como ele sumiu? "Não, ele não pode ter sumido assim sem nenhum som, não faria nenhum sentido" foi a conclusão em que ele havia chegado naquele momento, então, se ele não havia sumido, se não havia caído, quem... não, melhor dizendo, o que pegou Ryo... somente a ideia de que algo tenha machucado ele o deixou irritado, mesmo ele não sabendo o porquê de ter ficado irritado com isso.

O garoto então optou por fazer a única coisa possível naquele momento, seguir aquele caminho repleto de ossos de animais com a pequena esperança de que o que tivesse pegado o outro teria o levado para onde esse caminho leva. Assim ele fez, ele esticou as pernas, se alongou um pouco e pensou para si mesmo "é melhor esse corpo ter mais algumas habilidades além de me deixar enxergar melhor." Por fim, ele impulsionou seu corpo para frente com toda a velocidade possível, o que fez uma breve nuvem de fumaça subir onde estavam seus pés anteriormente. 

Enquanto isso, em um ambiente um tanto mal iluminado e repleto de água, Ryo acordava aos poucos com um pouco de dor de cabeça e com um cheiro horrível de algo podre invadindo seu nariz, o que mesmo sendo desconfortável o ajudou a recobrar seus sentidos, o garoto então se levantou devagar olhando em volta e apoiando uma mão em sua cabeça "Mas..que..mas que merda, onde eu estou? Leonardo, você tá bem?" O garoto disse ainda tentando discernir na escuridão as sombras naquele lugar. Quando não recebeu resposta, o garoto ficou um pouco preocupado. Talvez o outro realmente não estivesse naquele lugar, o que ele confirmou assim que sua visão se adaptou ao ambiente. Tudo que ele via era um corredor mais a frente e ossos de animais... bom, pelo menos agora ele sabia de onde vinha aquele cheiro insuportável. Enquanto analisava a situação sobre onde estava, alguns pensamentos passavam pela mente do garoto "como eu vim parar aqui...e onde é aqui? A alguns minutos atrás eu poderia jurar que estava sendo carregado pelo Leo...ai eu ouvi aquele farfalhar e quando abri os olhos de novo.. isso não pode ser bom..."

O garoto por fim começou a andar por aquele ambiente um tanto quanto escuro com seus passos ecoando pelo local, ele não podia negar que estava com muito nojo de andar nessa água cheia de ossos, mas ele não poderia fazer nada sobre isso, mas com certeza tomaria um bom banho assim que saíssem dessa maldita floresta. Talvez essa situação se tornasse até mais engraçada quando estivessem em um momento menos caótico, ele sabia que em uma situação diferente, como em um jogo, Leonardo com certeza acharia engraçado tudo o que está acontecendo. Pensar isso o ajudou a ficar calmo enquanto andava por aquele corredor. Era um pouco irônico pensar no outro rindo junto a ele... era estranho de se pensar atualmente... mas, a alguns anos atrás, isso era bem comum...então quando foi que tudo isso mudou mesmo? Ah sim...foi depois daquilo, ao pensar sobre isso, o passo de Ryo diminuiu bastante e sua feição se fechou mais ainda e o garoto, que outrora já parecia um tanto quanto sério, agora parecia que havia acabado de voltar de um velório, com todos aqueles pensamentos intrusivos em sua cabeça sobre o passado. "Afinal do que se adianta pensar sobre o que já se foi Toyosaki?" era o que ele dizia a si mesmo, tentando se convencer a não pensar demais, mas do que adianta se convencer a não pensar também? Sinceramente, tudo o que ele queria naquele momento era encontrar logo Leonardo e sair daquele ambiente bizarro e acharem seja lá o que precisam para "pertencerem a esse lugar".

Afinal, o que eles precisam encontrar? E como assim pertencer a esse mundo... eles já não pertencem? Afinal, eles já possuem corpos aqui e tudo mais, seria então algo simbólico?... Não, se fosse algo simbólico eles não precisariam encontrar nada, mas o que vai acontecer se eles não acharem... será que existiria algum tipo de prazo para eles fazerem isso? Sinceramente, aquela voz foi muito vaga em informações quando se tratou de explicar o que eles teriam que fazer nesse novo mundo. Bom, pelo menos teve um lado bom disso tudo, quando morreram naquela vida pela primeira vez, o coração de Ryo se acalmou sobre algo que o incomodava a anos... mas era bobagem pensar nisso agora, afinal ele nem se lembra do que havia pedido a ele. Enquanto pensava sobre essas coisas, um tanto quanto bobas, ele sentiu aquele cheiro de podridão ficando cada vez mais forte em seu nariz e vendo agora o número de ossos pelo corredor aumentar significativamente, tendo até algumas carcaças em decomposição entre os ossos, fez Ryo arrepiar. Agora sim ele estava começando a sentir o medo real de seja lá o que esteja aqui. Em certo ponto do caminho era perceptível carcaças de animais de diferentes portes, alguns deles Ryo pode reconhecer como animais que também existiam em seu mundo mas outros...eram meio que diferentes... mas difícil de se entender vendo somente aquelas carcaças.

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