Boa impressão

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Mickey acordou mais cedo naquele dia. Seu sono estava leve devido a ansiedade que por algum motivo o assolou por toda a noite anterior, mesmo sendo a primeira noite em casa após a cadeia, algo que ansiava desde o momento em que ficara preso.

Aproveitou o silêncio da casa fora do habitual para tomar um banho quente antes que o restante dos familiares acordassem e precisassem usar o banheiro.

Ao sair do chuveiro, no pequeno espelho do banheiro, ensaiou um sorriso. Percebeu que precisava escovar os dentes.

Tentou espremer a pasta de dentes o máximo que conseguiu, mas tirou de dentro do tubo o equivalente a meia ervilha; precisaria comprar mais, traria da mercearia.

Na cozinha, enquanto vasculhava a geladeira a procura de qualquer coisa que estivesse dentro da validade, se arrependeu do banho quente que tomou mais cedo. O verão o estava castigando e ainda não eram 9 da manhã.

Achou um suco de laranja que não cheirava mal e o tomou direto da garrafa mesmo, estava com pressa de matar sua sede e calor.

Enquanto bebia rapidamente, um filete de suco escorreu pelo seu pescoço e molhou sua camisa.

– Ah, merda! – exclamou, enquanto se limpava.

O suco de laranja o fez lembrar da noite anterior, quando Ian se lambuzou de cerveja.

Ian havia crescido muito no período que Mickey passou na cadeia.

Havia ficado mais alto e musculoso, perdera um pouco dos trejeitos que o deixavam com cara de menino e começou a ganhar forma mais masculina e adulta.

Não que Mickey não houvesse mudado, mas estava ficando para trás na altura.

Era justamente a noite anterior que havia tirado o sono de Mickey, que já não dormia direito há alguns dias.

Primeiro fora a ansiedade pelo reencontro com Ian, a expectativa do que seria, o que fariam, como reagiriam, agora era o talvez novo emprego que poderia arrumar e a lembrança de uma noite que não sairia da memória de Mickey tão cedo.

Apesar da mudança física, Ian ainda era o mesmo. 

Mickey não achou que Ian seria ousado o suficiente para o buscar na porta da cadeia, mas quando o avistou lá, parado, o esperando, sentiu seu coração subindo em direção a garganta.

Enquanto compravam cerveja e pelo caminho todo até o campo de baseball, Ian tentava puxar assuntos dos mais diversos ainda que estivesse muito nervoso para fazer isso de forma natural, e quanto mais Ian tentava, mais Mickey sentia a urgência em pará-lo lá mesmo e abaixar as calças.

Havia algo entre o irritante e o adorável em Ian; quando ele ficava nervoso e puxava assuntos aleatórios, quando ele não conseguia tirar os olhos doces e açucarados de Mickey, quando não conseguia disfarçar que estava se apaixonando, e era isso que irritava tanto Mickey.

Mas haviam momentos, breves exceções durante o cotidiano dos dois, que faziam Mickey o admirar também, como quando deu a cerveja para Ian beber também.

Ali, tão perto do outro, podendo admirar os pequenos detalhes que muitas vezes não permitia admirar, podendo gravar em sua memória os pequenos traços de cada canto do corpo de Ian, como as linhas de expressão, as sardas que ficavam mais fracas no verão, o cabelo ruivo que havia ficado mais curto, os músculos do peitoral maiores, o jeito que o braço flexionado ficara maior também, o jeito de segurar a lata de cerveja de forma a fazer escorrer a cerveja pelo pescoço e, por Deus, só poderia ser de propósito o jeito que ele era desajeitado até para beber cerveja, pois era a coisa mais sexy do mundo.

Gallavich Before The StormOnde histórias criam vida. Descubra agora