Uma Ajuda Inesperada

173 25 21
                                    

Reckless - Madison Beer

O telhado enferrujado não combinava com a noite estrelada, a neblina ofuscava grande arte da lua, tirando todo o seu esplendor e, talvez, apenas por um momento, eu imaginei como minha vida seria se eu não tivesse acabado de pegar meu namorado me traindo com mais duas garotas na nossa cama, a mesma cama que passamos inúmeros momentos juntos, a mesma cama que trocamos palavras de consolo e carinho o tempo inteiro. Soprei a fumaça do cigarro para longe, era a minha calma e por conta dele que eu adquiri esse vício, por ele eu fazia coisas que odiava, mas passava amar porque ele me falava o quanto tudo era perfeito quando eu estava ao seu lado. 

Neguei com o rosto, sentindo novamente as lágrimas descerem, o que eu fiz para ser deixado novamente dessa forma? Nascemos sozinhos, mas por que tentamos a todo momento ter alguém? Por que sempre tentamos preencher o que falta no outro? 

Por um momento, cogitei pular do prédio, tenho inúmeros motivos para não continuar; primeiro que fui demitido do meu emprego, segundo que eu não tenho como sustentar o aluguel do condomínio e terceiro e não menos importante que, o dinheiro do meu último salário, eu havia gastado com uma festa para o meu ex, ele havia sido promovido em seu trabalho e me fez gastar tudo o que eu tinha e o que não tinha para comemorar. 

Respirei fundo, jogando pelo prédio abaixo a bituca de cigarro, mas logo meu coração esfriou, não só pelo meio ambiente que eu estava prejudicando, mas sim pela multa absurda que eu vou pagar se não for recolher o resíduo. Inclinei o corpo para frente, tentando enxergar melhor, mas a visão ficou desfocada por conta da altura e eu senti tudo rodando, no entanto, antes que me afastasse, meu pé escorregou em uma pequena poça de água. Ouvi alguém gritando antes do escuro tomar conta. 

Dizem que quando algo dá errado na sua vida, as coisas tendem a ficarem pior ainda do que já estavam, nunca acreditei nessa teoria da conspiração, mas vendo a luz fluorescente em cima do meu rosto e o meu corpo inteiro dolorido, me fez acreditar. 

— Ele está despertando, enfermeira — uma voz ao longe ditou, encarei a sala branca e, por um momento, as flores de cerejeiras na janela davam ao ambiente um contraste etéreo, elas balançavam com o vento, se a janela estivesse aberta poderia sentir a fragrância refrescante, no entanto, o único cheiro que sentia no momento era o de álcool e remédio. 

Olhei para o lado e um homem com cabelos pretos me encarava, sua feição carregando desespero, as roupas escuras não combinavam com o ambiente, parecia um anjo com feições delicadas. 

— Você está bem? Está sentindo alguma dor? — Sua voz era angelical e o tom preocupado preenchia cada centímetro do seu rosto. Eram muitas perguntas de uma vez e a minha cabeça ainda rodava para processar todas elas. Um homem de jaleco branco entrou na sala, sua mão com uma prancheta e o pescoço rodeado por um estetoscópio. 

— Não faça muitas perguntas, senhor Jeon, ele ainda está confuso com a queda. — Ele pressionou o aparelho no meu peito e logo depois da costela. — Está tudo ok com a  respiração, pode me dizer o seu nome? 
— Kim Taehyung. — O médico assentiu, anotando algo na prancheta. — Eu quero água. 

Observei o moreno ir até uma mesinha, colocando um pouco do líquido em um copo e pronto para me entregar, no entanto, quando fiz menção de levantar o meu braço, doeu para caralho. Fiz uma careta de dor e encarei o meu corpo, o braço direito estava apoiado em uma tipoia e a minha roupa era a mesma, presumi que eu não havia ficado aqui por muito tempo. O moreno, vendo a minha situação, inclinou-se. 

— Licença. — O copo foi parar na minha boca e, por um momento, cogitei negar, mas a sede era muito grande, ele tomava cuidado para não me molhar, mas mesmo assim escorregou uma fina linha de água, que foi limpa rapidamente por um guardanapo. 

Ipseidade [ Kth + Jjk ]Where stories live. Discover now