SONHO E PESADELO

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DOIS MESES DEPOIS.

Naquela manhã Irene acordou sentindo-se indisposta. Há dias sentia-se assim, se arrumou e desceu para o café, mas ao se sentar todos olharam para ela.
 
- Ô Irene, cê tá bem? - perguntou Antônio encarando-a

- É mãe, já faz uns dias que você não parece bem, tá meio pálida.

-  É só um mal estar logo passa.

- melhor ir no médico - disse Luigi.

- Não precisa Luigi, daqui a pouco passa.

Os dias passavam e o mal estar permanecia, Irene passava mal todas as manhãs e mal comia. Sentia o estômago embrulhado todas as vezes que tentava comer e muitas vezes o pouco que comia não permanecia em seu estômago.

- chega mãe! É sério vamos no médico, você precisa se cuidar. - Petra falou enquanto a esperava do lado de fora do banheiro -  já é a segunda vez que a senhora passa mal hoje isso não é  normal.

Irene saiu do banheiro, e encarou a filha. Vendo que não tinha escapatória pegou a bolsa, as chaves do carro e ambas seguiram para a clinica da cidade.

Irene passou pelo médico, que pediu para ela retornar no dia seguinte em jejum para alguns exames. Ela fez como o médico recomendou e ao pegar os resultados  ela não poderia se surpreender mais.
 
- Parabéns dona Irene, a senhora está grávida!

Ela estava sem reação, surpresa demais para dizer qualquer coisa. Sentiu o coração acelerar e a respiração ficar ofegante. Aquilo não podia ser real! Ela, Irene La Selva, grávida? Certamente aquele médico estava maluco.

- Doutor mas, isso não é possível, eu sou uma mulher de 50 anos. Eu não posso estar grávida.

- Olha dona Irene, eu confesso estar tão surpreso quanto a senhora mas os exames não mentem, e o resultado é claro a senhora está gravida. Uma gravidez aos 40 e difícil, após os 45 quase impossível. Mas a senhora é uma  mulher saudável, que se cuida, ainda está no climatério e repondo hormônios. As chances de uma gravidez natural eram ínfimas, mas não inexistentes. Esse bebê é quase um milagre. Eu sugiro começar o pré-natal o quanto antes, vou receitar algumas vitaminas e repouso. A sua gravidez é de alto risco e todo cuidado é pouco. Se a senhora quiser podemos fazer uma ultrassonografia agora mesmo.

Ainda relutante, ela concordou.
Ao se deitar na maca o médico espalhou o gel por sua barriga e começou a manusear o aparelho de ultrassom pela superfície levemente elevada, uma alteração quase imperceptível.

- ali está - disse o doutor mostrando um borrão na tela, e de repente Irene notou  a imagem perfeita de um bebê. - Quer ouvir o coração?

Ela assentiu, e de repente um som estrondoso preencheu a sala. O coração batia forte e rápido e ainda anestesiada com a notícia, sentiu os olhos lacrimejarem e uma lágrima solitária, escorrer pelo canto de seu olho.

- A senhora está com cerca de 10 semanas, o bebê está no tamanho certo e parece saudável. Se a senhora seguir todas as minhas recomendações à risca, poderemos permanecer assim até o fim da gestação.

Ela saiu do consultório, totalmente perdida. Entrou no carro e encarou a foto do ultrassom que tinha em mãos e sentiu amor, sentiu amor ao ouvir aquele coração pulsar tão forte dento de seu ventre, e sentia amor agora olhando a foto de seu pequeno bebê.

Guardou na bolsa a foto e os exames, e  seguiu para casa. Chegou na hora do almoço e estranhou ao encontrar a família reunida na sala e não na mesa. Todos pareciam assustados e encaravam uma mulher, alguém que ela não conhecia.

Antônio se virou para ela e disse sem rodeios:

- Irene, essa é a Agatha.

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