EU NÃO POSSO PERDER!

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As lágrimas vieram instantaneamente, ao olhar para o túmulo do filho, foi acometida pelo mesmo sentimento do hospital, a sensação horrível de ter o filho nos braços enquanto o via dar os últimos suspiros.

- Meu menino como eu queria que você estivesse aqui agora - disse entre soluços- você vai ser irmão de novo sabia? Eu ainda não sei se é menino ou menina e também não contei pro Antônio. Aí Daniel, meu maior pesadelo se concretizou a ex mulher do seu pai apareceu e eu não sei o que fazer.

Ela ficou por horas. Quem visse Irene La Selva naquele estado, certamente mudaria sua visão sobre ela.
Ela que sempre foi vista como uma megera, uma pessoa frívola e mesquinha, ali se mostrava mais humana do que jamais viram.

Debruçada sobre o túmulo do filho, chorava sem sessar aquela perda, trazia a tona aquele luto soterrado em seu peito, escondido, para muitos um sentimento inexistente, mas ninguém esteve com ela quando chorou sozinha no silêncio de seu quarto, ninguém a amparou quando se afundou em sua própria dor, ela fez como em todos os outros momentos de sua vida, se reergueu sozinha, juntou todos os cacos e se reconstruiu sem a ajuda de ninguém.

Teve que ser forte, teve que ser apoio quando precisava de um, teve que lidar com sua dor, enquanto ajudava a filha a lidar com a dela. Petra sempre foi amada, mas Daniel era o menino dos olhos da mãe. E quando ele se foi, ela percebeu que a vida não poderia parar, que sua menina ainda precisava dela.

Sentada no chão do cemitério, escutou o toque de seu celular. Era petra preocupada com a mãe e informando a ira de Antônio pela ausência dela.
Desligou e se recompôs, escondeu o luto e vestiu sua armadura. Inabalável, era assim que deveria ser.

Chegou em casa sob os protestos de Antônio e percebeu Agatha sentada no sofá observando tudo. Subiu ignorando-os e tomou um banho, enquanto se vestia ele subiu e tornou a falar ela tentou manter o controle, sabia que não podia se estressar, o médico a havia advertido para manter a calma, emoções fortes de mais eram uma ameaça a sua gestação. As brigas com Antônio eram sempre muito desgastantes e deveriam ser evitadas.

Ele percebeu, qundo ela começou a empalidecer, a respiração ofegante também denunciava algo errado. Ele se
calou qundo ela se curvou soltando um gemido de dor, Irene levou as mãos a barriga instantaneamente. Antônio se aproximou atordoado enquanto ela o mandava se afastar petra entrou no quarto, e se espantou com a cena.

Irene estava sentada no chão, enquanto uma pequena mancha de sangue se formava na calça que vestia e Antônio estava parado perto dela, tentando ajudar.

Ao notar o sangue Irene se desesperou.

-Me leva pro hospital, por favor, eu não quero perder mais um, eu não posso perder mais um. -dizia desesperada

- perder o que Irene?

- Eu não posso perder o meu bebê, me ajuda!

Antônio petrificou, Petra a encarou chocada, Caio que entrou no quarto seguido de Ágata escutou e foi o primeiro a reagir, pegou a mulher no colo e desceu as escadas quase correndo, Petra pegou a bolsa da mãe e todos correram para o hospital.

Ela foi socorrida assim que chegaram e Petra parou na recepção para fazer a ficha, ao abrir a bolsa da mãe a procura dos documentos encontrou a foto da
ultrassom, fez o que devia e se sentou encarando a fotografia, Antônio parou ao lado dela e se segurou pra não chorar, havia acabado de descobrir que seria pai, e já corria o risco de perder o filho.

- A Irene não pode perder, essa criança.

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