Capítulo 11

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Não começou como uma sociedade

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Não começou como uma sociedade.

No início, tratava-se de um clube de Literatura Clássica anônimo e inclusivo, sem que houvesse qualquer seletividade entre as Oito Famílias Reais. Era o grito silencioso contra a censura que crescia e criava raízes robustas entre os muros de St. Georg.

Estudavam Emily Brontë nas aulas de Oliver J. Williams — o primeiro, dentre os professores e tutores que Kyungsoo já tivera, a recomendar livros escritos por mulheres — quando O Morro dos Ventos Uivantes foi considerado material literário impróprio pela Academia Real e retirado terminantemente da biblioteca.

Williams não só discutia a atmosfera gótica e a complexidade dos personagens de Brontë, mas fazia questão de pontuar que Heathcliff, um dos antiheróis mais icônicos da literatura, não era um homem branco como retratado na adaptação para o cinema de 1939.

Se a escolha do livro como tema de estudo causou alvoroço entre a Reitoria, sua proibição inflou uma pequena rebelião interna e silenciosa entre os alunos mais entusiasmados pelo aprofundamento da obra.

Foi assim que Kyungsoo fundou, com o apoio velado de seu professor favorito, um clube de estudos de Literatura Clássica para ler e discutir livros censurados pela Academia, buscando ampliar seu horizonte de conhecimento.

Convidou-os para a primeira reunião um a um, secretamente. Escrevia as cartas em tinta invisível, feita a base de limão e água, e as enviava em envelopes simples lacrados com cera vermelha.

O lacre dourado foi uma idealização de Seojun, tempos mais tarde.

Era divertido, no começo. Discutiam Shakespeare, Edgar Allan Poe e Oscar Wilde, pincelando Jane Austen e Sir Arthur Conan Doyle, maravilhados em escapar dos estudos tradicionalistas com os romances e histórias de detetives.

Jongin se acomoda na cama de pernas abertas e o tronco inclinado para trás. Uma pose despreocupada, mas de mente e ouvidos alertas, escutando atentamente à história que Kyungsoo desenreda com sua voz mansa e de maneira tão lúdica.

— E os nomes? — pergunta ele. — Icarus, Apollo, Hefestus...

— Era um clube anônimo. Longe dali, fingíamos não nos conhecer, para manter o segredo intacto e garantir nossa segurança, caso alguém da Reitoria descobrisse o que andávamos fazendo. — Ele ri com a lembrança. — Tínhamos apelidos para nos referir uns aos outros em público, sem arriscar revelar nossas identidades. O meu era Icarus.

Herdeiros do SolWhere stories live. Discover now