O contrato - Capítulo 14

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• Lívia •

Minha mente divagava sobre os últimos acontecimentos em minha vida. Mais especificamente sobre Apollo. Ele tem consumido minha existência. Não há um dia em que ele não esteja direta ou indiretamente em minha mente desde que assinei o maldito contrato.

Mas eram suas últimas atitudes que mais me deixavam em alerta. Era quase como se uma outra pessoa tivesse se apossado daquele homem frio e autoritário. Nas últimas semanas, ele tem evitado confrontos diretos como o que aconteceu na sua sala, tem me dado espaço e respeitado os meus limites.

E teve ainda o que aconteceu uns dias atrás. Ele simplesmente apareceu na minha casa com a justificativa de que queria me ajudar com meu irmão doente. Eu desconfiei de tudo do início ao fim, mas estava exausta e não conseguia sequer discutir.

No fim das contas, ele cumpriu com a palavra e fez apenas isso. Me ajudou com tudo que eu precisava naquele momento. Ele chegou até mesmo a ficar com meu irmão por um tempo enquanto eu tomava banho.

Mas não importa o quão bondoso ou solícito ele seja, uma voz bem lá no fundo da minha mente me diz que eu preciso ter cuidado.

É como um instinto primitivo que permite reconhecer o perigo, mesmo que ele esteja camuflado de boas intenções. Eu não vou mentir, os atos dele nos últimos dias me deixaram balançada.

Ele estaria realmente interessado em mim? Era um interesse genuíno ou só luxúria?

E mesmo que seu interesse fosse verdadeiro, eu estaria disposta a correspondê-lo? O que eu sentia por ele, além do medo no início e agora... bem, eu não sei exatamente o que eu sinto por ele agora.

Ainda sinto medo? Talvez cautela seja a melhor definição. Sim, eu tinha uma certa mágoa da maneira como tudo aconteceu durante o contrato, mas eu não posso culpá-lo completamente. Afinal, eu assinei o contrato sabendo o que poderia acontecer.

Ele me fez sentir uma atração indescritível, algo que mexe com uma parte oculta de mim mesma que eu não conhecia. Como se ele tivesse desenterrado uma nova Lívia, uma que responde cegamente aos seus toques.

Mas eu não sou mais uma adolescente. Não posso tomar decisões baseadas apenas no desejo, por mais avassalador que seja.

E ainda havia Danilo, ele ameaçou um amigo. O que só mostra que ele não reagiria bem a uma recusa minha em realmente estar em um relacionamento com ele.

Suspirei mais uma vez, massageando minhas têmporas em busca de aliviar a pressão em minha cabeça.

Eu precisava ser racional, precisava pensar na segurança do meu irmão, mas também nas pessoas ao meu redor.

Foi pensando nisso que conversei com Danilo, e o que ele me disse me deixou um pouco mais tranquila.

...

Eu havia acabado de confessar as ameaças de Apollo. Expliquei tudo para ele, e ele ficou muito bravo, mas não parecia surpreso. Ele também me contou sobre Hugo, que parecia ser até pior do que Apollo. Danilo não entrou em detalhes, mas dava para perceber que eles tinham uma relação complexa e cheia de altos e baixos. Parecia haver um sentimento ali, mas algo que nem Danilo mesmo conseguia descrever.

"Beta, não se preocupe comigo. Eu sei me defender. Sua prioridade é o seu irmão. Se você se sente mais segura mudando de cidade, é o que você tem que fazer. Além do mais, por mais distorcido que seja falar isso, Hugo não aceitaria que nada acontecesse comigo. O bastardo é um doente possessivo."

...

Ele tem razão, minha prioridade é o meu irmão. Eu não posso contar com uma mudança mágica de Apollo que pode ser apenas ilusória.

Contos Dark (+18)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt