O Contrato - Capítulo 25

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Apollo

Li atentamente as informações na tela do computador. Solicitei uma investigação sobre Roberto Mancini e pude descobrir mais detalhes sobre o filho da puta.  Meu sangue fervia só de ouvir o seu nome. O desgraçado arranjou um emprego como segurança para o pai da Teresa Mancini, sua atual esposa. Foi como ele a conheceu. Ela era recém divorciada e tinha dois filhos, um menino mais velho e uma menina. O relatório mostra que ele os criou como se fossem seus. Com o tempo ele ganhou a confiança do sogro e passou a gerir a multinacional de joias juntamente com a esposa. 

Um nó pesado se forma na minha garganta ao lembrar da reação de Lívia na noite da festa. Ela chorou como eu nunca havia visto e aquilo mexeu comigo de um jeito que eu não consigo descrever. Era como se eu pudesse sentir a sua dor e sofrimento na ponta da língua. A angústia do abandono tão evidente no seu choro. O abandono do pai é uma mágoa profunda para ela.

Mais avassalador ainda foi não poder fazer nada a respeito. 

Pouco depois recebi uma ligação de Tamara. O velho havia contratado uma investigação sobre Lívia, a equipe de segurança flagrou um investigador rondando a rua e tentando tirar fotos da casa. Ele está tentando saber mais sobre ela e isso só pode levar a dois caminhos: Ele quer garantir que ela não vai fazer um escândalo ou pretende se reconectar com a filha. Acho a última possibilidade pouco provável, afinal se ele tivesse interesse genuíno em saber sobre ela a teria procurado a  muito tempo. 

"APOLLO" minha atenção foi para Leonardo que havia entrado na sala sem que eu percebesse. "Estou te chamando a um tempão"  Ele logo foi dando andamento as pendencias do dia, citando a agenda programada.

"Eu quero matar uma pessoa. Mas talvez a Lívia não aprove" disse, ainda encarando a tela a minha frente. 

"...da clausula...O QUE?! disse atrapalhado.

Expliquei a ele toda a situação.

"Que filho da puta" disse após ouvir tudo.

"Talvez incrimina-lo por algo..." continuei divagando.

"E como a Lívia está? perguntou. 

"Péssima. Ela diz que está bem, mas não está. Ela sempre toma um chá pela manhã, relendo um trecho de algum livro preferido antes de começar sua rotina. Mas nos últimos dias ela fica na cama, olhando para o teto, até dar a hora de levantar. Isso quando ela consegue dormir. Ela não tem comido nem metade do que costuma comer e fica enrolando, mexendo na comida comida os talheres. Ela tem brincado pouco com  o Gael, o que é algo que ela faz questão de fazer. Até as plantas estão ficando murchas, já teriam morrido a tempos se eu não estive colocando água. " parei de falar quando vi que ele estava com um sorriso no rosto.

"O que foi?" perguntei, confuso. 

"Nada" disse. 

"Você já perguntou a ela o que ela gostaria de fazer? Se quer  conversar com ele..."

"De jeito nenhum! Por que ela iria conversar com ele" Disparei indignado. 

"Apollo, esta decisão não é sua. Não é a sua história, muito menos o seu trauma"

Passei a mão nos cabelos, desgostoso. 

Racionalmente, eu sei que ele tem razão. Mas a ideia dela se encontrar com o filho da puta me deixa extremamente nervoso.

"Você deveria conversar com ela. Comunicação, Apollo. A chave de tudo é a comunicação" ele pausou, me olhando com aquele olhar paciente que eu não como diabos ele consegue. "Você claramente não está com cabeça para mais nada hoje. Vou cancelar seus compromissos." Disse, saindo do escritório logo em seguida.

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