Capítulo 7

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— Já estou na frente da sua nova mansão — diz Flora, assim que atendo o telefone.

Hoje é o aniversário da Fanny. Flora, eu e os voluntários do asilo em que Fanny ajuda, combinamos de fazer uma pequena festa surpresa para ela. Não é nada extravagante demais, até porque ela odeia uma festa grande.

Não tive nenhuma ideia para o presente. É muito difícil presentear uma pessoa simples e que já tem tudo que precisa, mesmo assim fiz um esforço. Comprei um buquê de flores para ela, pedi para Flora imprimir uma foto nossa de quando cheguei em Londres e comprei um porta retrato bem bonito para Fanny colocar na sala. Pensei em pedir Amélia para gravar um vídeo dando ela parabéns, mas acabei desistindo da ideia, isso seria abusar demais de sua boa vontade. Então decidi ficar só nas flores e no porta retrato mesmo.  Como eu disse, não sou muito boa com presentes, mas acho que ela vai gostar.

— Temos que pegar o bolo no caminho — falo, fechando a porta do quarto e tentando equilibrar o celular, a bolsa e alguns pacotes de balões brancos na mesma mão.

— Pensei que você tinha pedido aos voluntários para pegar.

— É verdade. Acabei me esquecendo. Vamos direto para lá então. Já estou descendo.

— Onde está indo tão cedo?

Quase deixo tudo cair quando Mia aparece na minha frente. Essa casa é enorme e mesmo assim as pessoas conseguem aparecer nos lugares sem fazer com que sua presença seja notada. Será que esse é um dom exclusivo da família Forrest?

Desligo o celular e o coloco dentro da bolsa, Mia recolhe os dois sacos de balões que caem no chão e me entrega. Ela parece ótima, tenho certeza que sua noite com Savick foi melhor do que possa imaginar.

— Tenho uma festa de aniversário para ir. Obrigada. — Agradeço quando ela me entrega os balões — É da senhora que morava comigo.

— Festa de aniversário para uma senhorinha. Ah, meu Deus, você é mesmo um doce de pessoa, Cleo.

— Ela merece.

— Posso ir junto? — Pergunta Mia, me acompanhando até a escada. — Odeio Domingos e odeio ficar em casa sozinha dia de domingo. Essa casa fica muito vazia.

— Você quer ir para uma festa em um asilo? — Franzo o cenho desconfiada.

— Eu adoro idosos — responde ela, sorridente.

Eu gosto da companhia de Mia, ter ela na festa seria divertido. Mia também é bem conhecida em Londres, não sei se os idosos a reconheceram, mas os voluntários certamente iriam reconhecê-la. Apesar de pensar que é uma ótima ideia tê-la lá, as controversas falam mais alto. Mia estar lá quer dizer que de alguma forma os paparazzi também vão estar e não sei se esse é o tipo de atenção que quero para o aniversário de Fanny.

Ou talvez não. Talvez eles não a encontrem dessa vez, estamos saindo em um carro comum, eles não costumam seguir pessoas em carros comuns. E, também, Mia sempre foi um amor comigo, não poderia dizer não para ela em uma coisa tão simples. Eu me sentiria mal.

— Tudo bem. Vamos.

— Acha que preciso trocar de roupa? — Pergunta, preocupada.

Olho para ela e Mia está linda. Está usando um vestido rosa claro longo e um salto alto branco. Seu cabelo está preso em um coque alto, com duas pequenas mechas soltas na parte da frente.

— Você está perfeita — falo e Mia sorri em resposta.

Flora e Mia pareciam se conhecer a anos. Não sei como duas pessoas que nunca se viram na vida têm tantos assuntos em comum assim. Se eu fizesse o tipo ciumenta, estaria achando essa situação horrível, mas por sorte não sou. Ver Flora tagarelando com alguém que tem o seu mesmo ritmo de conversa é ótimo. É como se elas tivessem sempre sido grandes amigas de longa data e estivessem se reencontrando depois de um tempo. Flora era a engraçada e Mia era a que ria de tudo concordando com as coisas mais absurdas que Flora contava.

Madame Amélia | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora