Pedra na cruz.

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Quando era criança todo final de semana eu e meus pais fazíamos algo em família, um passeio, um almoço, uma tarde de filmes. Jin sempre se esforçava para que esses momentos fossem especiais já que durante a semana os dois estavam bem ocupados trabalhando. Com o tempo esses momentos diminuíram, tio Chang veio morar na mesma rua o que resultou em nunca ser apenas nós três e passei a sair ou querer passar as tardes com meus amigos e claro que eles respeitaram isso, a faze da adolescência, mesmo que eu sinta que eles sentem falta.

É por isso que mesmo não gostando de ir para o restaurante, estou aqui indeciso em qual roupa escolher. Dou uma olhada nas minhas roupas femininas guardada no fundo da última gaveta, escondidas entre as maquiagens e as safadezas que tio Jackson me deu, desde que parei de postar no blog não as visto e muito menos tiro fotos, isso me entristece porque era um momento meu, e eu me sentia tão bem, aumentava meu ego de uma maneira como se aquele fosse outro Jungkook.

Hobi ainda nos atualiza das fofocas mas não posso postar, não agora que você sabe quem sabe que sou eu por trás do blog. Já começaram até os rumores na escola sobre o que aconteceu com o garoto do Blog, um mais absurdo que o outro.

Escolho uma calça e uma blusa preta qualquer e desço para o café, vendo appa Namjoon dessa vez ao fogão preparando o que ele acha que são ovos fritos mas mais parece um omelete, enquanto meu pai está sentado a mesa todo emperequetado tomando um chá.

— Bom, dia reizinho. Acordou cedo. — diz assim que me vê.

Geralmente nos finais de semana após passar a noite inteira lendo uma putariazinha de leve, acordo quase no horário de almoço.

— Vou com vocês para o restaurante. — anuncio indo até o armário pegar um biscoito e toddy, sim toddy, porque eu gosto do negócio bem doce, se não for para dar diabetes eu nem quero.

Appa me dá um beijo na cabeça quando passo por ele indo até a geladeira pegar o leite.

— A Yoone e o Hobi estão ocupados, hoje?

Sim, isso foi uma facada no meu coraçãozinho.

— Não, eu que quero passar um tempo com vocês. — murmurro ao me sentar de frente para o mais velho.

— Que bom, filhotinho, papai estava com saudades dos nossos dias juntinhos.

— Pai, eu não sou um neném. — resmungo com um bico.

Porque todo mundo acha que sou um neném? Sou crescidinho já.

Lembra do lance de manter a postura, né?! Pois é.

— Pra mim você vai ser sempre. — Jin reclama cruzando os braços com uma carranca e appa ri.

— Jinnie, assim você vai afugentar o menino. — Namjoon diz beijando a bochecha do marido e servindo seu humilde ovinho a la omelete, uma coisa mais francesa.

— Eu só estou sendo amoroso, é crime por acaso eu amar o meu filho? — sua voz subiu duas oitavas com sua indignação.

Reviro os olhos, tá vendo por que sou mimado?!

— Desde que você não cometa ou permita que seja cometido crimes contra a vida, a honra, a dignidade sexual ou lesão corporal, não. — appa responde com seu bom e velho cafezinho preto.

— E matar o marido? — brinca e o outro engole em seco.

— Isso é sim.

— Que pena, estava com uns planos aí...

Namjoon engole o café e abre um sorriso. É sério, quero abrir um buraco e me enfiar lá.

— Nesse caso, não é não, e você tem o meu consentimento.

O garoto do Blog.Where stories live. Discover now