[𝟎𝟏] 𝐂𝐇𝐈𝐋𝐃, au pejão

onze

PEDRO AUGUSTO, point of view
São Paulo, Brasil

fui embora da malu faltando duas horas para às sete, pois ela precisava começar a arrumar sua festa e se arrumar. 

e apesar de todo esse tempo, tudo o que malu disse martelava a minha cabeça, principalmente o "se você estiver afim, ele também está".

minha ansiedade só aumentava ao lembrar que irei conversar com vitor hoje, alias, daqui a poucos minutos. 

são oito da noite e eu estou saindo do uber. meus pais não puderam me trazer pois tiveram uma viagem-relâmpago de emergência. 

durante as horas sozinho, fiquei me remoendo em casa: andando de um lado pro outro e mordendo o canto dos meus dedos até saírem sangue.

escutava uma música estridente por toda a rua, e já imagino o quão cheio essa festa pode estar.

por obra divina, malu é a primeira pessoa que eu vejo ao entrar na festa. ela vem em minha direção com um sorriso enorme, me abraçando fortemente.

— achei que você não viria! – ela diz alto por conta da música.

— pirou? não perderia seu aniversário por nada, loirinha. – digo e estendo meu presente para ela. — feliz vida! 

malu sorri e beija minha bochecha em forma de agradecimento. olho em volta e devem ter umas duzentas pessoas aqui sem brincadeira nenhuma, e por incrível que pareça, nenhuma delas são parentes de malu. tem um cheiro muito forte de álcool com bala de menta no local, e certamente a maioria das pessoas presentes ali sequer tem idade para beber. 

mas quem se importava? eu certamente não.

malu agarrou meu braço e andou comigo entre as centenas de pessoas que estavam ali, mas ao invés de me largar na pista ou me levar para beber, ela subiu comigo para o segundo andar da casa. paramos no meio do corredor e eu sabia bem o que aconteceria agora.

— ele está aqui a uns dez minutos, mais ou menos. – malu diz. — vocês só saem daqui quando se resolverem, okay? – apenas assinto com a cabeça. —  e sem pressa!