Natalia Romanoff poderia citar vários motivos pelos quais aquilo seria uma péssima ideia, uma verdadeira loucura. Porém, um único motivo positivo a fez reconsiderar: não podia iniciar sua nova carreira recusando um trabalho daquela importância. E, pelo que soube, seu cliente não era dos mais fáceis, já era a quinta entrevista que a agência direcionava.
Com um copo térmico de café na mão, a mulher deu uma última olhada no sistema de segurança da casa alugada e seguiu para a garagem. Enquanto se acomodava na Maserati, tomou um gole do café e aguardou o portão abrir, aproveitando para conferir o endereço no GPS. O lugar combinado era bem no centro histórico da cidade, em frente aos maiores arranha-céus.
— Claro que não podia ser diferente — resmungou ao ligar o veículo.
Mesmo com um carro rápido, o trajeto até o centro levou mais de meia hora devido ao trânsito. Ainda assim, não foi difícil encontrar um lugar para estacionar. Caminhou um pouco mais até o prédio indicado e seu queixo quase caiu ao ver o tamanho do saguão. Além do pé direito alto, sua mobília e acabamentos brancos o deixavam ainda maior.
Passou a mão pelos cabelos ruivos e olhou ao redor, avistando um homem sentado em uma das poltronas próximas à recepção, que se levantou assim que notou seu olhar. Sabia exatamente quem era.
— Senhor Stark. — Estendeu-lhe uma mão em cumprimento. — Sou Natasha Romanoff, da...
— Agência de guarda-costas? — Questionou impressionado, aceitando o gesto, mas logo indicou a poltrona à sua frente para que sentasse. — Quando disseram "Romanoff", eu esperava um velho barbudo que tivesse trabalhado na KGB nos anos 80...
— Não, sem KGB. — Um pequeno sorriso estampou os lábios da mulher, apenas para não causar constrangimento. Ela abriu o botão de seu blazer e sentou de frente para o bilionário, que ainda parecia surpreso. Pigarreou levemente, tanto para focar quanto para atrair a atenção dele.
— Ah, o serviço. — Tony ajeitou sua postura, mas apoiou um braço no encosto do sofá, deixando a mão livre sobre o joelho. — Imagino que já esteja familiarizada com o meu meio de trabalho.
— Construção de armas, contratos militares e um forte candidato à Secretaria de Defesa — respondeu, mas indicou o local onde estavam. — Com uma subsidiária voltada ao desenvolvimento de novas tecnologias, liderada pela sua filha.
— Exatamente. O que significa que, se alguém quiser me atingir, ela é o caminho mais rápido e certeiro.
— Têm recebido ameaças recentemente, senhor Stark? — Natalia abaixou o tom.
O homem riu um pouco alto, deixando a cabeça cair para trás, e levou uma mão ao peito.
— Eu estou sempre recebendo ameaças, senhorita Romanoff — garantiu, quase orgulhoso do fato, porém, um longo suspiro logo escapou por seus lábios enquanto os dedos batucavam o sofá. — Mas sim, algumas têm sido mais pesadas nos últimos meses. Por isso entrei em contato com a agência e, após me mandarem quatro idiotas, segui o conselho de alguns amigos que já estavam familiarizados com o seu trabalho.
Natasha tentou se manter neutra com aquela informação. O último ano não foi um de seus melhores, só esperava que aquilo não tivesse caído na pauta.
— Me disseram que você é... — Mordeu os lábios, observando-a com atenção, e tentou encontrar a melhor palavra. — "Persistente".
Seu estômago embrulhou. Aquilo era algum tipo de sinônimo para "indisciplinada"?
— Talvez isso possa nos ajudar — acrescentou, notando-a ajeitar a postura com os olhos levemente arregalados. "Por que a surpresa?", pensou. — Honestamente, se está aqui, não creio que precisamos de uma entrevista de duas horas. Gostaria de conhecer a minha filha? — convidou.
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I CAN SEE YOU ━━━━━ Natasha Romanoff
FanfictionUm longo tempo havia se passado desde a última vez que Natasha esteve naquela parte do país. Los Angeles sempre foi agitada demais para ela, tanta excentricidade concentrada no mesmo lugar... Não era o estilo de vida que lhe atraía, mas, quando deci...