O trabalho.

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51°
O trabalho

Jeff, Jungkook e eu estamos dando nosso melhor no turno da noite no McDonald’s depois do colégio.
No entanto, odeio meu namorado nessas horas. Eu sei. Como poderia, quando eu mal consigo acreditar que ele é mesmo meu namorado e tudo mais? Mas por que ele precisa ser tão gostoso? Por que tudo tem que ficar bem nele? O uniforme do McDonald’s é a roupa menos sexy do mundo, mas fica ótima em Jungkook.
Grunho, observando um grupo de três garotas sorrindo para ele e trocando olhares enquanto ele estava recebendo
os pedidos atrás da caixa registradora. Eu as entendo, de verdade, mas essa unidade do McDonald’s virou um circo
desde que Jungkook começou a trabalhar aqui, há uma semana.
Juro que fizemos a clientela feminina aumentar só por causa dele. O gerente está fascinado por Jungkook e tudo o que eu posso fazer é ficar olhando enquanto metade da cidade vem aqui todos os dias só para ver meu namorado.
Suspiro dramaticamente, preparando o McCafé de um dos pedidos. Gabo ri ao meu lado.

— Ai, McNuggets. — Gabo ainda não parou de me chamar assim. — Estou vendo que você está meio chateado.

Resmungo.
— Óbvio que não, estou ótimo.

Gabo põe a mão no coração.
— Eu perdi o trono. — Seu tom é dramático. — Antes, eu era o rei desse McDonald’s.

Eu rio e dou um tapinha em seu ombro.
— Idiota.

— Olha. — Gabo aponta atrás de mim para o grupo de meninas que ainda está fazendo o pedido. — Elas estão passando os números dos telefones para ele.

As garotas entregam a ele alguns papéis entre risos e Jungkook os recebe gentilmente, mas não sorri para elas. Sua expressão permanece fria e fechada como era quando eu o conheci.
Desculpem, mas vocês ainda têm muita estrada pela frente para chegar onde estou agora.

Gabo coloca umas batatas fritas em uma sacola para viagem, concluindo um pedido.
— Não sei por que elas continuam vindo — comenta ele. — Jungkook nem sorri para elas. Imagina se ele sorrisse?
Teríamos uma explosão de ovários aqui. Jeff sai da cozinha; ele fica fofo com a touca transparente no cabelo. — Ou uma inundação.

— Você não está ajudando — digo a ele, preparando os pedidos para o drive-thru.

Jeff me dá aquele seu sorriso inocente.
— Calma, só mais alguns minutos para nosso turno terminar.

Não está sendo fácil ignorar toda a atenção que Jungkook anda recebendo, mas tenho tentado lidar com isso da melhor maneira que posso. Mesmo que o salário de meio período do McDonald’s não seja muito, já é alguma coisa. Jeff
decidiu trabalhar também para ajudar o irmão. Já recorremos a várias bolsas e estamos aguardando as respostas.
Espero Jungkook terminar de atender o grupo de garotas e passo por trás dele e sussurro:

— Estou de olho em você.

Jungkook se vira, aquele sorriso torto que eu tanto amo se forma em seus lábios, e me sinto o rei do mundo,
porque ele sorri para mim com muita facilidade, enquanto cruza os braços.

— Me observar sempre foi seu hobby, não é?

Eu sei que ele está falando de quando eu o persegui.
— Não sei do que você está falando.

— Não? Sua senha do wi-fi não era “JungkookEEuParaSempre”?

— Você não é o único Jungkook do mundo.

— Eu sou o único Jungkook do seu mundo.

Eu levanto a sobrancelha.
— Por que tem tanta certeza?

Jeff surge entre nós.
— Parem de flertar, temos clientes.

Ele aponta para duas garotas esperando por Jungkook para fazerem o pedido.
Meu Deus. De onde saem tantas meninas?

Suspiro irritada e vou para o caixa.
— Bem-vindas. O que vão querer?

As meninas não escondem seu descontentamento.
— É… — Elas trocam um olhar. — Ainda não decidimos o que vamos pedir, vamos pensar um pouco. — E elas dão
alguns passos para trás, se afastando. Sério?

Jungkook coloca a mão na minha cintura, me empurrando ligeiramente para fora do caixa.
— Confia em mim, bruxo.

Assim que Jungkook assume o caixa, as duas meninas voltam, sorrindo como se não houvesse amanhã.
Respira, Jimin.

— É hora do seu intervalo de quinze minutos, pode ir — avisa o gerente e não hesito em sair dali.

O ar fresco da primavera me recebe do lado de fora; me sento na calçada na lateral do restaurante, relaxando
minhas pernas.Preciso fugir um pouco do ambiente repleto de garotas perseguindo meu namorado.
Eu ouço a porta se abrir, e a garota de vinte e poucos anos que sempre vem pedir um café e escrever neste
McDonald’s sai, com uma mochila nas costas onde sei que está o notebook; ela é uma cliente assídua e eu ainda não
entendo por que sempre vem a este local, que não tem nada de especial.
Fazemos contato visual e ela sorri gentilmente para mim.

— Tudo bem?

Eu sorrio também.
— Acho que sim.

Ela parece hesitar por um segundo, mas finalmente se senta ao meu lado.
— Não quero parecer estranha, mas vi tudo.

Franzo minhas sobrancelhas.
— Do que você está falando?

— O cara novo é seu namorado?

— Como você sabe?

Ela ri, seus olhos azuis brilhando.
— Sou muito observadora, uma das vantagens de ser escritora e, além do mais, já estive no seu lugar.

Eu dou a ela um olhar incrédulo.
— Sério?

Ela observa o céu.
— Ah, acredite em mim, ser a namorada do cara gato não é tão fácil quanto parece, várias vezes me perguntava se eu era o suficiente para ele, ou o que diabos ele viu em mim quando tinha outras opções muito mais atraentes.

— Exatamente.

Ela se vira para mim, me encarando.
— É muito tentador se julgar em uma situação como essa. — A garota faz uma pausa como se estivesse se lembrando de algo. — Mas a realidade é que o amor não nasce e cresce só com base nas aparências, ele precisa de muito mais para ser verdadeiro. Sim, a atração física pode ser o começo de alguns sentimentos, mas nunca será o suficiente, sempre será necessário esse algo a mais, aquela conexão que não se tem com qualquer um.

Não sei o que dizer, então ela continua:
— Para ele, você é esse algo a mais, essa conexão. Sim, até existem pessoas mais bonitas, mais inteligentes, mais
talentosas, mas ninguém é melhor ou pior do que você e ninguém é igual a você.
Ficamos em silêncio, mas não é desconfortável. Eu concordo com a cabeça e sorrio para ela.

— Obrigada, estou bem melhor.

— Imagina.

— Estou curiosa — começo. — Você ainda é namorada daquele menino bonito?

Ela balança a cabeça.
— Não.

— Ah.

Ela levanta a mão, me mostrando seu anel.
— Eu sou esposa dele agora.

— Nossa, uau. — A alegria que emana dela quando diz isso é contagiante. — Você parece muito feliz.

— Estou, embora não tenha sido fácil no começo.

— Eu gostaria de ser mais madura e não sentir ciúmes, mas às vezes não dá para evitar.

Ela ri.
— O ciúme é completamente normal quando você está apaixonado, mas a forma como você age é o que vai dar o
tom se é um ciúme prejudicial ou natural.

Resmungo.
— Você parece muito jovem para ser tão sábia.

— Já disse, é a experiência, já passei por muitas coisas e acho que isso me ajudou.

Um carro estaciona na nossa frente a uma distância segura. A garota limpa a frente da calça.

— Minha carona chegou.

Eu levanto uma sobrancelha.
— Seu marido?

Ela concorda com a cabeça e se levanta.
— Espero ter sido útil.

Me levanto.
— Foi sim, de verdade.

Percebo um movimento com o canto do olho e vejo um homem sair do carro. Nossa Senhora dos Músculos!

Ele é alto, tem o cabelo preto meio bagunçado ao redor do rosto e olhos escuros, está com um terno azul-escuro,
mas a gravata está meio frouxa, como se ele tivesse acabado de soltar, e tem uma tatuagem misteriosa semioculta em seu pescoço. A garota solta um risinho ao
meu lado.

— Ele é um gato, não é?

Envergonhado, coro e não respondo nada. Não tinha intenção de olhar dessa forma para o marido dela.
Ele vem até nós e olha para ela com uma expressão de pura adoração em seu rosto.

— Olá, meu moranguinho. — Ele lhe dá um beijo rápido.

Ela revira os olhos.
— Evan, este é o Jimin, ele trabalha aqui.

Evan sorri gentilmente para mim; vejo covinhas se formando em suas bochechas.
— Prazer em conhecê-lo, Jimin, espero que minha esposa não tenha incomodado muito você.

Eu balanço a cabeça.
— Não, de jeito nenhum, ela só me deu conselhos muito bons.

Ele passa a mão pelos ombros dela.
— Sim, ela é boa nisso.

Ela ri, todo o rosto se iluminando.
— Precisamos ir, foi um prazer, Jimin.
— Eles começam a andar, se despedindo, e de repente ela se vira.

— Ah, aliás, meu nome é Jules. A gente se vê.

Eu os observo brincando e se empurrando, para em seguida se abraçarem novamente enquanto caminham até o carro. Que casal lindo, penso, e decido voltar a trabalhar.

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Mais um pra vcs...
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Um bj e até o próximo capítulo 😘

Através da minha janela (jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora